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Mário Cruz / Lusa

Mário Cruz / Lusa

Grupo Luz Saúde vacinou todos os funcionários e administradores dos hospitais da Luz e Beatriz Ângelo

Plano de vacinação não indica todos os funcionários e administradores como prioritários. Grupo Luz Saúde defende que todos são críticos. Hospitais públicos têm interpretações contraditórias.

O Grupo Luz Saúde vacinou contra a Covid-19 toda a administração do hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e do Hospital da Luz, em Lisboa – incluindo a CEO do grupo, Isabel Vaz, e Artur Vaz, presidente do conselho de administração da unidade hospitalar de Loures. Além dos gestores, foram vacinados quase todos os outros funcionários, vários dos quais o plano de vacinação não indica como prioritários de primeira fase.

O plano de vacinação elaborado pelo agora ex-coordenador da task force, Francisco Ramos, que se demitiu na quarta-feira, apontou, numa primeira fase, como prioritários os “profissionais de saúde envolvidos diretamente na prestação de cuidados a doentes” e os utentes e funcionários de lares com contacto direto com os doentes. A fase de vacinação dos maiores de 50 anos com doenças graves associadas, por exemplo, só começou oficialmente nos centros de saúde esta semana.

Isabel Vaz defende a decisão do Grupo Luz Saúde

No Serviço Nacional de Saúde houve até agora duas posições diferentes sobre este assunto. O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, considera que as administrações não estavam incluídas no grupo prioritário. Daniel Ferro, o presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que agrega os Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, foi claro nesse sentido. “Eu só serei vacinado de acordo com os critérios previstos no plano de vacinação. Eu trabalho num hospital mas não sou profissional de saúde. Só na 2.ª ou na 3.ª fase é que serei vacinado, em função do que vier a ser o plano de vacinação, porque tenho algumas patologias, mas não sei se me situam na 2.ª fase ou na 3.ª fase. É aí que serei vacinado. Nem antes nem depois”, respondeu o responsável ao Observador a 15 de Dezembro, 12 dias antes de ter começado a vacinação. Daniel Ferro acabaria por reforçar essa posição já em janeiro, à Rádio Observador.

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Presidente do Hospital de Santa Maria: “Temos mais de cem profissionais infetados neste momento”

Já o Hospital São João, no Porto, que em janeiro indicou que iria vacinar todos os funcionários na primeira fase de prioridade, entretanto disse que já não o vai fazer nem teve essa intenção. No começo de janeiro, em esclarecimentos ao Observador,  a administração do São João defendeu que as prioridades têm a ver com contexto de trabalho e não com categorias profissionais. “Trabalhar dentro de um hospital é um risco acrescido”, argumentou fonte oficial.

Esta sexta-feira, fonte oficial do hospital – que até ao momento vacinou 4.100 dos seus 6.400 profissionais – disse que afinal o hospital só vai vacinar pessoal das áreas não clínicas (administrativos, financeiros, informáticos e também os administradores) na Fase III do Plano de Vacinação, ou seja depois de terminar a segunda fase, que apenas arranca em abril.

No entanto, o Observador sabe que também o Hospital de Guimarães, pertencente ao SNS, vacinou o presidente do Conselho de Administração, que não seria prioritário nesta fase, de acordo com o Plano de Vacinação.

Isabel Vaz defende a decisão do Grupo Luz-Saúde. “A nossa interpretação da lei é que TODOS os profissionais de um hospital são críticos para o manter em funcionamento”, disse ao Observador, salientando que “a cada dia os administradores tomam centenas de decisões críticas” para o hospital.

Hospital de São João vai vacinar funcionários não prioritários antes da maioria da população

E, por isso, assume: “Eu fui vacinada, porque estou clarissimamente no grupo prioritário”. Isabel Vaz explica que o seu nome foi enviado para as autoridades incluída numa lista dos utentes e funcionários do lar Casas da Cidade, um dos dois lares do grupo que funciona ao lado do Hospital da Luz. “Sou administradora do Casas da Cidade e tenho o meu gabinete lá”, diz Isabel Vaz, ressalvando porém que não foi por essa via que recebeu a vacina, logo nos primeiros dias de janeiro (acabaria por tomar a segunda dose na semana passada).

“Como as vacinas chegaram mais cedo ao Hospital Beatriz Ângelo, fui vacinada logo lá e libertei a vacina para outra pessoa no processo de vacinação do lar Casas da Cidade”, conta ao Observador. Para quem foi então a vacina que seria para Isabel Vaz? “Sabemos para quem foi, para outra pessoa prioritária”, disse.

“Vacinámos todas as pessoas do Hospital Beatriz Ângelo. Todas. E posso dizer-lhe que os administradores foram os últimos. Vamos fazer o mesmo com todos os elementos do Hospital da Luz. A maior parte já foi vacinada e vamos receber as vacinas para os restantes ainda hoje"
Isabel Vaz, CEO do Grupo Luz Saúde

A administradora do grupo realçou que o Beatriz Ângelo, por exemplo, conseguiu vacinar mais gente do que o previsto, extraindo seis doses de vacina de muitos dos frascos. Isto porque cada frasco dá para cinco ou seis doses, depois de o conteúdo ser diluído, dependendo da agulha e seringa usada. No primeiro lote de vacinas, o Beatriz Ângelo recebeu frascos para 455 doses e desses terá conseguido retirar mais 30 ou 40 doses.

Isabel Vaz – que se considera “protegida tecnicamente e legalmente, porque estou no grupo prioritário” – salientou, no entanto, que não gostaria que a sua vacinação “ficasse associada a essa tecnicalidade de ser administradora das Casas da Cidade”. Ou seja, embora o Plano de Vacinação seja muito concreto sobre as prioridades, a CEO do grupo Luz Saúde diz que “a interpretação do grupo é que todas as pessoas de um hospital são críticas para o seu funcionamento e, por isso, devem ser todas vacinadas”.

E sublinha que foi isso precisamente que o Grupo Luz fez no Hospital Beatriz Ângelo e no Hospital da Luz. “Vacinámos todas as pessoas do Hospital Beatriz Ângelo. Todas. E posso dizer-lhe que os administradores foram os últimos. Vamos fazer o mesmo com todos os elementos do Hospital da Luz. A maior parte já foi vacinada e vamos receber as vacinas para os restantes ainda esta quinta-feira”.

Isto inclui médicos, enfermeiros, auxiliares, funcionários de limpeza, administrativos, pessoal da manutenção ou informáticos. “Não acha que alguém que faz a manutenção das redes de oxigénio – veja o que se passou agora no Amadora Sintra – é crítico para o funcionamento do hospital?”, questiona Isabel Vaz, sublinhando, ainda assim, que a ideia é vacinar todos, mas com prioridades a certas funções, de acordo com a disponibilidade de vacinas.

MARIO CRUZ/LUSA

No entanto, o grupo não questionou a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, nem o Ministério da Saúde sobre a estratégia de vacinação que decidiu seguir. “Não, não perguntámos. Achámos que era tão óbvio, que nem tivemos dúvidas”, diz Isabel Vaz.

Confrontada com o facto de outras administrações de outros hospitais terem decidido não vacinar os administradores nesta fase por considerarem que não faziam parte dos grupos prioritários, Isabel Vaz foi contundente. “Só se fossem uns inúteis e não fizessem lá nada [é que não precisariam de ser vacinados]. Nós tomamos centenas de decisões críticas” para o funcionamento do hospital, reafirmou.

Este entendimento tem uma base jurídica, diz Isabel Vaz: “A lei indica que é fundamental manter em funcionamento as estruturas dos lares e os hospitais”. “Só lamento que a ministra da Saúde não seja clara a defender os funcionários dela”. Ou seja, a CEO do Grupo Luz Saúde acredita que todos os hospitais do SNS deveriam estar a seguir exatamente o seu critério.

“Só se fossem uns inúteis e não fizessem lá nada [é que não precisariam de ser vacinados]. Nós tomamos centenas de decisões críticas para o funcionamento do hospital"
Isabel Vaz, CEO do Grupo Luz Saúde

O Observador questionou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sobre qual é a orientação oficial para a vacinação de administradores hospitalares, do SNS ou privados. A ARS remeteu quaisquer explicações para a task force do Plano de Vacinação, agora coordenada pelo vice-almirante Gouveia e Melo. O Observador incluirá as resposta da task force se e quando chegarem.

O Observador questionou o Ministério da Saúde sobre se os membros dos conselhos de administração dos hospitais, mesmo os que não têm contacto direto com doentes, estão incluídos na primeira fase de vacinação. Numa resposta por escrito, enviada já depois da publicação deste artigo, a tutela sublinha que “a indicação dada aos hospitais” foi a de que deveriam ser indicados às autoridades de saúde os nomes dos “profissionais de saúde prioritários, tendo em conta os critérios de prioridade definidos no plano de vacinação”. Este plano coloca na primeira fase “profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doente“.

Artigo corrigido às 18h12 com uma clarificação do sentido da frase de Isabel Vaz sobre os administradores hospitalares que decidiram não ser vacinados na primeira fase. E atualizada com a resposta do Ministério da Saúde às questões colocadas pelo Observador e com a mudança de estratégia do Hospital São João, que já não vai vacinar funcionários não prioritários na atual fase de vacinação.

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