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Miguel Tiago foi deputado do PCP entre 2005 e 2018
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Miguel Tiago foi deputado do PCP entre 2005 e 2018

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Miguel Tiago foi deputado do PCP entre 2005 e 2018

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Miguel Tiago: "O Avante é o espaço mais seguro do país durante estes três dias"

Ex-deputado e dirigente diz que PCP irá assumir as responsabilidades caso algo corra mal com a Festa . Sobre a geringonça, diz que Costa tem "falta de tacto político" e rejeita acordo de legislatura.

A partir do recinto da Festa do Avante, duas horas antes da abertura das portas, Miguel Tiago foi o convidado de uma emissão especial da Vichyssoise e não teve problemas em garantir que o espaço será o local “mais seguro do país nos próximos três dias”, ao mesmo tempo que diz que o PCP está preparado para assumir as consequências caso algo corra mal. Acredita que, caso não fosse uma campanha negra contra o PCP, os portugueses até iriam dizer: “Epa, possas, os comunistas vão fazer uma cena mesmo altamente”. Encurralado perante uma dupla escolha, disse que preferia passar a reforma na Venezuela do que na Coreia do Norte. Já sobre se escolhia enfrentar Rui Rio ou Passos Coelho num combate de Aikido, atirou: “Faria os dois, na boa”. Para António Costa também há um aviso: diz que o primeiro-ministro tem “falta de tacto político” e que não há condições para acordos de médio-longo prazo com o PCP. Muito menos escritos.

Pode ouvir aqui a rentrée da Vichyssoise, diretamente da festa do Avante, com Lena d’Água em fundo.

Fomos ao Avante. Não há Vichyssoise como esta

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Ex-deputado, motard, poeta, geólogo. Entre todos os ofícios, bem sei que não é epidemiologista, mas estamos no recinto da Festa do Avante e daqui a duas horas, mais coisa, menos coisa, abrem as portas. Há condições de segurança para a festa se realizar?
Julgo que, quer pela regulamentação em vigor, quer pelo trabalho que a organização da Festa do Avante fez, inclusivamente em articulação com as autoridades de saúde, temos todas as condições para garantir que estão criadas condições de segurança, mesmo do ponto de vista sanitário. Principalmente do ponto de vista sanitário no espaço da Festa do Avante e, tendo em conta todas as limitações que foram colocadas. Aliás, por vezes até em patamares mais íngremes, mais altos do que para outros eventos.

Houve uma discriminação ao PCP?
Não sei. Não posso dizer que os técnicos da Direção-geral de Saúde ponderaram penalizar o PCP. Eventualmente, uma pressão pública sobre o evento, que foi colocada numa campanha que durou mais de um mês talvez tenha colocado uma pressão também sobre os técnicos. Aliás, desde que dissemos que íamos fazer a Festa do Avante, apesar de sempre termos dito que a faríamos se houvesse condições. Mas, desde o momento em que dissemos que faríamos a festa se faríamos condições, que começou um ataque. Um ataque levado a cabo por várias frentes. Principalmente políticas, mas também outras pressões. Os técnicos da DGS reconheceram que este é, de facto, um espaço complexo, que implica regras que não são  simples e, eventualmente, uma complexificação das regras. Mas aquilo que está claro neste momento para todos é que o PCP, a organização e os que trabalham aqui na Festa do Avante cumpriram essas regras. A Festa recebeu o parecer favorável de todas as organizações que intervêm no licenciamento e na autorização de eventos, tendo em conta as regras impostas pela pandemia. E, portanto, sim, temos todas as condições.

É mais seguro do que ir ao supermercado como disse ontem o líder parlamentar João Oliveira?
Todos nós vamos ao supermercado e a outros espaços. Se tiverem oportunidade de durante a Festa cruzar o espaço, perceberão rapidamente que aqui se está e este é o espaço mais seguro do país durante estes três dias. Não só porque as medidas que estão aqui a ser asseguradas são muito exigentes, mas porque do ponto de vista da organização, é absolutamente necessário que as coisas corram no cumprimento dessas regras. E, portanto, o próprio visitante da Festa é consciente. Ao contrário do que se pensa, de que as pessoas vêm para aqui e não querem saber da Covid para nada, são as mesmaspessoas que vivem lá fora e, portanto, terão as mesmas preocupações.

"O Avante é o espaço mais seguro do país durante estes três dias"

Mas são medidas injustificadamente exigentes?
É isso que eu não tenho condições técnicas para dizer. Não sou epidemiologista, mas olhando para o Campo Pequeno, que é um espaço fechado onde se realizaram eventos, alguns deles corridas de touros e outros eventos, com lotações superiores ao Palco 25 de Abril, que é um espaço que tem cinco a seis vezes o tamanho do Campo Pequeno.

Mas essas pessoas depois circulam. Como no 1º de maio na Alameda. Havia a imagem de um 1º de maio, manifestação bastante organizada, e ali com lugares marcados, mas depois houve fotografias a circular das pessoas depois de saírem daquela organização, a circularem sem o distanciamento necessário.
Eu duvido que as do Campo Pequeno tenham lá ficado para sempre. Também circularam.

Mas saíram à vez.
Mas também nestes eventos saíram à vez. No 1º de maio. Eu participei, não no de Lisboa, mas no de Setúbal, e o que aconteceu foi pedir às pessoas que saíssem linha por linha se fossem retirando. É claro que, a partir do momento em que elas se retiram daquele espaço, eventualmente vão-se juntar com as pessoas com quem já vieram, juntas, como em qualquer lado. Posso ir a um restaurante e ir com as 10 pessoas com que entrei no restaurante, desde que seja um grupo de habita ou convive regularmente, em que não exista um risco de contágio. É claro que as pessoas quando saírem aqui do palco 25 de abril, vai-lhes ser pedido que aguardem nos seus lugares até que cada um das filas saiam e a partir do momento em que as filam saiam as pessoas vão-se comportar exatamente como na saída do Campo Pequeno. Estou a falar do Campo Pequeno mas podia falar de qualquer outro. Mas, por exemplo, estive na Feira do Livro. Já estive lá, na de Lisboa, há dois corredores de circulação. Nenhum deles tem sentidos, as pessoas podem circular nos dois sentidos em ambos os corredores. Portanto, cruzam-se. Não há lugares marcados para nada. São apenas dois grandes corredores de circulação em que as pessoas se cruzam em sentidos diferentes. E ninguém exige àquelas pessoas, que, saídas daquele espaço, ao retirar a máscara, porque dentro da Feira circulamos de máscara, não podem sair com outras pessoas. Portanto, é claro: o evento é complexo. O PCP nunca disse que seria fácil.

Precisamente por isso, pergunto-lhe se nos últimos meses que antecederam o dia de hoje, houve dúvidas no PCP internamente sobre a realização e os moldes da realização deste evento?
O PCP desde o primeiro momento que disse que tinha a intenção de realizar o evento se as regras, a legislação e as condicionantes que nos vierem a ser exigidas forem passíveis de ser cumpridas. Ao ser conhecida a legislação e aquilo que foi saindo, quer depois do estado de emergência, quer as questões de contingência, fomos avaliando e foi-se percebendo que, sim, é possível cumprir estas regras na Festa do Avante, tal como é possível cumprir estas regras num monte de outros estabelecimentos, de outros eventos ou de outros concertos.

Chegou-se a ponderar fazer apenas o comício de encerramento de Jerónimo de Sousa?
Não. Julgo que o PCP sempre apontou para a realização da Festa nos moldes em que a legislação permitisse. E à medida que se foi avaliando, percebeu-se que, enfim, não podemos ter uma festa igual à de outros anos: temos de ter o Palco 25 de Abril carregado com duas mil cadeiras, temos de ter o Auditório 1º de Maio ao ar livre, que é habitualmente fechado. O Avanteatro só vai ser teatro de rua. Portanto, alteraram-se muitos dos moldes, mas fomos percebendo rapidamente que era possível realizar a Festa em condições de segurança. E mais: era possível e era necessário. Porque o país neste momento o que precisa não é de enconchar as pessoas com medo em casa. É demonstrar às pessoas que é possível viver, fruir e conviver desde que sejam tomadas as medidas de segurança. Desde que sejam cumpridas as regras, dentro das possibilidades das pessoas. Enfim, a vida não pode parar. Aliás, o país já pagou uma fatura muito grande pelo que parou. Ainda por cima por um governo que optou pelas opções que optou. E, portanto, agora o que temos de mostrar é que é possível. Vamos fazer viver outra vez. Vamos viver outra vez.

"O PCP cá estará para assumir todas as responsabilidades que resultem desta festa"

O PCP já disse que conta com o bom-senso de quem está, mas se dentro de alguns dias se existir uma escalada do número de casos e se provar que houve um surto originário na Festa do Avante, como é que o PCP recupera disso? Isso foi pensado? O PCP considera-se responsável?
Uma das vantagens de ser um partido político é que os partidos políticos, ao contrário dos franco-atiradores, ou dos protagonistas a solo, eles continuarão cá para assumir as responsabilidades do que vão defendendo e do que vão fazendo. Portanto, o PCP cá estará para assumir todas as responsabilidades que resultem desta festa. O facto de ter sido a primeira organização política a realizar um evento desta natureza, num contexto tão duro, não hesitaremos em reconhecer essa responsabilidade, e evidentemente cá estaremos no futuro para responder, perante os portugueses, sobre qualquer erro que o PCP faça, não só sobre a festa do Avante como, no geral.

Mas teme algum efeito eleitoral mais negativo com esta festa? Ou se, pelo contrário, se tudo correr bem, pode ter o efeito contrário?
Não tenho clarividência para fazer essa avaliação sobre os efeitos. Uma coisa eu posso dizer, que é a minha opinião: ao longo destes meses, temos visto um tratamento da festa do Avante como eu nunca na minha vida, e tenho 41 anos, tinha visto. Uma acidez no discurso, uma agressividade no discurso, como se o PCP fosse o responsável da pandemia, como se o PCP fosse o inimigo, lembrando, enfim, outros tempos. Se a mensagem sobre esta festa fosse passada, como foi em relação a outros eventos, na lógica de que Portugal está a desconfinar, ‘vamos regressar à vida’, ‘vamos fazer a Feira do Livro cumprindo as regras’, ‘está aqui um partido que até se dispõe a usar dos seus próprios meios, os seus próprios militantes, para mostrar que é possível continuar a lutar, a conviver e ao mesmo tempo a organizar eventos de massas. Se esta tivesse sido a linguagem durante os últimos tempos se calhar os portugueses olhavam para a festa do Avante e diziam ‘epa, possas, os comunistas vão fazer uma cena mesmo altamente e até se arriscam a não ter lá ninguém, tendo em conta o receio’. Estamo-nos a arriscar a ter uma festa com poucas pessoas, aliás, vamos ter uma festa com poucas pessoas porque tem que ser, mas mesmo fora as limitações, há um risco de a festa não ter a afluência que habitualmente tem.

"Se esta tivesse sido a linguagem durante os últimos tempos se calhar os portugueses olhavam para a festa do Avante e diziam 'epa, possas, os comunistas vão fazer uma cena mesmo altamente e até se arriscam a não ter lá ninguém, tendo em conta o receio'."

Acha que essa acidez, o “ódio fascizante” de que falam, é tudo porquê? Tudo por ódio? Tudo contra o PCP?
Tentar simplificar a forma como o PCP é tratado na comunicação social com ‘ódio’ eu julgo que seria, da minha parte, ou ingenuidade ou tontice. Tenho uma visão de que os órgãos de comunicação social são detidos pelos grupos económicos que são, e o PCP é um partido que se opõe na maior parte dos casos aos acionistas dos grandes grupos económicos que controlam a comunicação social. E controlam de várias formas.

Mas acha que o trabalho dos jornalistas não é livre?
Espero que o trabalho dos jornalistas, na medida do possível, seja livre, mas ao mesmo tempo condicionado. Porque repare: a partir do momento em que eu sou um grupo económico, eu escolho para meus jornalistas aqueles que entendo que podem desempenhar o papel que eu quero, não quer dizer que na atividade os jornalistas não sejam livres. Eu se for o patrão não vou escolher um jornalista qualquer.

Mas acha que é mesmo assim? Talvez seja assim no jornal Avante, mas a comunicação social tem regras e deontologia.
Não levem a mal, mas acabo de ver a SIC e o Expresso a publicarem fake news em direto, o Expresso a dizer que o Jerónimo não vem à Festa e a SIC a colocar uma falsa capa do New York Times em direto.

Do ponto de vista do PCP isso é um ataque ao PCP? O PCP não acha que manter esta festa — que claramente pode ser usado como arma de arremesso político — numa altura em que estamos em plena pandemia, não acha que seria normal as pessoas questionarem? Ou não?
Eu não digo que não seja normal as pessoas questionarem, acho que é bastante razoável que as pessoas ponderem todos os eventos e tenham dúvidas sobre se é seguro ir, sobre o que é preciso fazer para estar seguro. Eu quando entro num hipermercado, em que circulam milhares de pessoas, eu tenho de pensar nas regras e no cumprimentos das regras. Aqui não é diferente, é só isso que estou a dizer.

Só para ficar registado, a notícia sobre o PCP foi de facto dada pelo New York Times. Não era capa, mas houve uma notícia feita pela Associated Press.
Não, o que aparece no jornal da SIC é uma infelicidade que coloca a SIC muito próxima duma lixeira.

"É claro que há dúvidas genuínas [sobre a Festa] e o PCP fez tudo para tratar também com respeito as pessoas que nos colocam dúvidas genuínas."

Não querendo ser corporativista, foi um erro que não foi deliberado, um lapso e não um erro deliberado. Mas, passando à frente, não acha que houve pessoas genuinamente preocupadas com a saúde pública? Ou é tudo “ódio”?
Houve um extremar de posições, de quem gosta da Festa contra quem não gosta e vice-versa, e o PCP fez um apelo para que não alimentemos esse “ódio”, mas eu rejeito a palavra “ódio” por parte da comunicação social. Quando os comunistas criticam a comunicação social ou o papel da comunicação social não estão a dirigir uma crítica aos jornalistas e aos profissionais da comunicação social que em muitos casos trabalham em regimes precários, têm salários baixos e fazem o melhor que podem. Não estou a dizer que foi um erro deliberado, o que estou a dizer é que a vontade de atacar é tanta que nem se foi verificar se aquela capa era mesmo do New York Times, aquilo estava na cara. Mas é claro que há dúvidas genuínas, e o PCP fez tudo para tratar também com respeito as pessoas que nos colocam dúvidas genuínas.

"Não diria irrepetível, mas neste momento não há nenhumas condições políticas, na correlação de forças, que justificasse um acordo com vista de uma legislatura"

Nas últimas semanas o PCP não participou nas reuniões com o primeiro-ministro sobre o Orçamento. É possível o PCP ter um acordo para longo prazo como teve em 2015 e haver uma espécie de segunda fase da geringonça a médio longo prazo ou até escrito?
Julgo que a situação que se viveu em 2015 é, não diria irrepetível, mas neste momento não há nenhumas condições políticas, na correlação de forças, nenhum contexto que justificasse um acordo, entre aspas, daquela natureza. Com vista de uma legislatura. O PCP está como sempre esteve disponível para avaliar documentos, nomeadamente o Orçamento do Estado.

Portanto, ponto a ponto e não com um acordo mais longo.
É aquilo que, na verdade, sempre foi normal. O que não é normal é haver governos que se disponibilizam e este Governo pelos vistos… enfim, também de uma forma muito curiosa, porque ao mesmo tempo que se mostra disponível para debater, também diz que se não houver debate é uma crise política… A gente quer debater mas se vocês não debaterem, pagam as favas, É uma forma de debater muito estranha. Mas a verdade é que por força da forma das maiorias parlamentares, nunca houve grande disponibilidade para discutir orçamento nenhum. Portanto, lembro-me perfeitamente que até o Governo de Sócrates quando cai no debate do PEC aquilo não foi porque não queria debater, era ou aprovam ou o Governo cai.

É um risco António Costa começar também com esse desafio e ameaça, como lhe chamaram os partidos da esquerda?
Julgo que é uma falta de tacto político.

Jerónimo de Sousa vai ser substituído no próximo congresso de partido? E há quadro do PCP preparados para a sucessão?
O PCP fará o debate sobre quem assume o secretário-geral no devido tempo e esse debate ainda não está em curso. E há um sem número de quadros no PCP e na direção do PCP em condições de assumir qualquer tipo de responsabilidade que o PCP lhes coloque e que o país também lhes venha um dia a exigir. O PCP sobreviveu durante a clandestinidade em condições muito duras e não teve secretário-geral e apenas direção coletiva e não consta que tenhamos falhado em qualquer responsabilidade no combate ao fascismo por não ter um secretário geral. Soluções haverá várias o PCP debaterá coletivamente.

Está disponível?
Isto é uma questão que não se coloca.

E candidato presidencial?
Isso não são questões que se coloquem.

Passamos agora ao segmento carne ou peixe, em que tem de escolher entre duas opções:

Preferia João Oliveira ou João Ferreira como sucessor de Jerónimo de Sousa?
Repito que os camaradas da direção do partido estão em condições de assumir essa tarefa. E não tenho nenhuma preferência porque o debate coletivo levar-nos-á à melhor solução.

Num combate de Aikido, preferia enfrentar Pedro Passos Coelho ou Rui Rio?
Eu faria os dois, na boa…

Mesmo que tivesse de tapar a carinha, votaria mais depressa em Ana Gomes ou em Marcelo Rebelo de Sousa?
Depende do que tivesse acontecido hoje ou em que ronda estivéssemos nas eleições.

Se tivesse de optar preferia ser deputado ou ministro num Governo do PCP?
É-me absolutamente indiferente, tenho disponibilidade para aquilo que o partido entender, desde que a minha vida o permita.

Já está disponível para voltar a deputado, então?
No momento em que a minha vida me permitir e o meu partido o colocar eu assumo as tarefas que o partido entender. Quis ter outras opções de vida num determinado momento, que continuo a querer, mas nunca disse que me ia embora para sempre e que nunca mais volto à política ou ao Parlamento ou àquilo que seja.

Se num determinado momento tivesse de escolher um local para passar a reforma escolheria a Venezuela ou a República Popular Democrática da Coreia?
A Venezuela. Por vários motivos mas também pelas praias, o tempo…

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