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39º Congresso PSD (Partido Social Democrata) - intervenção de Luís Montenegro, no segundo dia de congresso. Santa Maria da Feira, Aveiro 18 de Dezembro de 2021 TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Montenegro acelera candidatura e recupera proposta do índice de felicidade interna bruta

Antigo líder parlamentar tem quase tudo pronto para anunciar candidatura. Moedas alimenta tabu e condiciona. Poiares Maduro torce o nariz à ideia, Pinto Luz, Moreira da Silva e Rangel mais distantes.

Está tudo a postos. Assim que o Conselho Nacional do PSD, agendado para segunda-feira, marcar as próximas eleições internas, Luís Montenegro colocará formalmente em marcha a candidatura à presidência do PSD. O antigo líder parlamentar tomou há muito a decisão, os seus mais próximos têm-se desdobrado em contactos nas estruturas e a estratégia está mais do que afinada. Até está encontrado um dos eixos do que será a moção à liderança: recuperar o tema do índice de felicidade interna bruta.

De resto, essa tinha sido já uma das ideias-chave de Montenegro quando se candidatou em 2019. Na altura, o antigo líder parlamentar defendeu a necessidade de implementar um índice de felicidade interna bruta para medir o bem-estar da população e a situação do país. Na prática, é um indicador (adotado pela ONU, por exemplo) que surgiu para complementar medidores tradicionais como o PIB para avaliar o estado de desenvolvimento de um país.

Com a locomotiva em movimento, Luís Montenegro deve anunciar formalmente a candidatura em breve. O antigo líder parlamentar vai apresentar-se como o candidato mais capaz de agregar e unir o partido, de modernizar a imagem do PSD, atrair novos quadros, de impor o PSD como alternativa clara ao PS, sem discussões sobre o posicionamento do partido à direita, centro ou esquerda.

A ideia, de resto, é romper em toda a linha com a herança deixada por Rui Rio e forçar o contraste: um partido aberto à pluralidade de opiniões, focado em soluções concretas para problemas concretos, reformista e pragmático. Montenegro não tem pressa, está confortável com o calendário definido por Rio – eleições em junho, congresso em julho –, e vai aproveitando os últimos dias para ouvir as palavras de incentivo que tem recebido. A partir do momento em que as eleições estiverem marcadas, a música será outra.

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O ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro do XIX Governo constitucional, Carlos Moedas, durante a sua audição na comissão eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, na Assembleia da República, em Lisboa, 6 de abril de 2021. MÁRIO CRUZ/LUSA

Moedas está inclinado para faltar à chamada e permanecer focado na aventura da Câmara de Lisboa

MÁRIO CRUZ/LUSA

Tabu de Moedas condiciona

Quando Montenegro der o tiro de partida, tudo o resto se vai precipitar no PSD – quem tem vontade de fazer sombra ao antigo líder parlamentar terá finalmente de dizer se vai ou não a jogo. Nos bastidores do partido, continuam os contactos para encontrar uma alternativa, mas o tabu de Carlos Moedas, o desejado pelos setores que não morrem de amores por Montenegro, está a condicionar tudo e todos.

A 24 de fevereiro, já o Observador tinha escrito que Carlos Moedas estava a ser muito pressionado para avançar com uma candidatura à liderança do PSD. Daí para cá, pouco mudou: o autarca continua em reflexão, reticente em abraçar o desafio e a dizer a todos que o procuram que não lhe parece uma boa ideia – para já, pelo menos.

Os que o têm procurado lembram que Moedas alimentou exatamente o mesmo dilema antes de aceitar ser candidato a Lisboa e insistem que nada está fechado. “Não tenho como certo que Moedas tenha tomado uma decisão”, avisa um influente social-democrata. “Vamos ver o que acontece depois das eleições estarem marcadas”, antecipa outro alto dirigente do PSD.

De resto, não passou despercebido o almoço entre Carlos Moedas e Marcelo Rebelo de Sousa na quinta-feira, 3 de março. O Presidente da República tentou perceber exatamente quais eram as intenções do autarca e ouviu o mesmo: Moedas está inclinado para faltar à chamada e permanecer focado na aventura da Câmara de Lisboa.

Ainda assim, o encontro entre os dois acabou por reforçar o estatuto que Moedas vem ganhando como a alternativa mais consensual para travar o passeio no parque de Montenegro. Além da sua natural base de apoio, o autarca foi sondado por setores ligados ao passismo, convence uns tantos que orbitam em torno de Marcelo Rebelo de Sousa, tem ligações ao que resta do cavaquismo e a uma parte relevante do rioísmo que nunca cairá para Luís Montenegro. Os argumentos existem, os incentivos também, mas Moedas continua a resistir ao canto da sereia.

Em termos políticos, o calendário não é o mais óbvio. Em 2025, Carlos Moedas terá oportunidade de revalidar o seu mandato à frente da Câmara de Lisboa. As legislativas só vão acontecer um ano depois, algures entre setembro e outubro de 2026. Se esperar até lá, Moedas chegará a líder do PSD e a candidato a primeiro-ministro com uma onda vitoriosa e sem qualquer tipo de desgaste.

Pormenor: isso só acontecerá se Moedas voltar a vencer as próximas eleições autárquicas, o que não é líquido que venha a acontecer; se falhar a reeleição, o futuro no partido ficará muito provavelmente hipotecado. É essa a avaliação de risco que Moedas terá de fazer nos próximos dias e semanas.

Poiares Maduro sente que nem sequer teria tempo para organizar uma candidatura viável

PAULO NOVAIS/LUSA

Poiares Maduro torce o nariz e preferia Moedas

Ora, enquanto Moedas não decide o que quer fazer à vida, alimentando indiretamente as expectativas dos que ainda acreditam que o podem convencer, impedindo que outros candidatos alternativos alimentem pretensões maiores. Miguel Poiares Maduro está nesse grupo: enquanto Moedas não disser ao que vai, o ex-ministro dificilmente encontrará argumentos para sonhar com uma candidatura sólida à liderança do PSD.

Na semana passada, Miguel Poiares Maduro participou num almoço organizado pelo ex-deputado Maurício Marques onde esteve também Pedro Passos Coelho. À volta da mesa, um dos comensais sugeriu o nome do ex-ministro para candidato à liderança do PSD. A partir daí, os rumores que existiam em torno das alegadas ambições de Poiares Maduro ganharam mais força, sem terem, no entanto e ao dia de hoje, grande adesão à realidade.

Aos militantes que o vão procurando, quadros intermédios e mais jovens, Poiares Maduro não esconde que gostaria de personificar uma proposta diferente para o futuro do partido. Ainda assim, o antigo ministro está consciente de que um candidatura à liderança exigiria reunir um conjunto de condições pessoais e partidárias de que não dispõe neste momento.

Além disso, enquanto existirem putativos candidatos ainda em campo, como Paulo Rangel ou Carlos Moedas, com uma capacidade de recolher apoios nas estruturas do partido muito superior à sua, Poiares Maduro nunca sentirá conforto para avançar com uma candidatura à liderança do PSD.

De resto, Miguel Poiares Maduro não tem escondido que se Carlos Moedas decidir entrar na corrida não hesitará em apoiar o presidente da Câmara de Lisboa, tal como antes apoiara Paulo Rangel. Enquanto nenhum dos dois afastar taxativamente uma possível candidatura à liderança do PSD, Maduro estará ao que tudo indica fora.

Em termos pragmáticos, Poiares Maduro sente que nem sequer teria tempo para organizar uma candidatura viável, virando a vida do avesso para enfrentar o desafio. E só uma mudança drástica das circunstâncias o faria mudar de ideias.

39º Congresso PSD (Partido Social Democrata) - intervenção de Miguel Pinto Luz, no segundo dia de congresso. Santa Maria da Feira, Aveiro 18 de Dezembro de 2021 TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Pinto Luz nem sequer marcará presença no Conselho Nacional da próxima segunda-feira

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Pinto Luz ausente. Moreira da Silva focado na OCDE

Cada vez mais distante da corrida está Miguel Pinto Luz, que chegou a ponderar seriamente uma candidatura. No mesmo artigo publicado a 24 de fevereiro, o Observador já dava conta do processo de fade out em que se encontrava o vice-presidente da Câmara de Cascais, algo que se veio acentuando desde então — os próprios apoiantes de Pinto Luz têm tido abertura para falar com a equipa de Montenegro.

Desta vez, o autarca nem sequer marcará presença no Conselho Nacional da próxima segunda-feira – Pinto Luz partiu numa missão para a Roménia numa missão de acolhimento de refugiados. Para muitos no PSD, esta ausência é uma declaração informal de que Pinto Luz está fora do jogo.

Jorge Moreira da Silva também já esteve mais empenhado na vida interna do PSD. O antigo ministro lidera a Direção da Cooperação para o Desenvolvimento e o Secretariado do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE, que junta os 30 países doadores e um volume de ajuda de cerca de 160 mil milhões.

É na missão que de coordenar a mobilização do financiamento para responder à crise ucraniana que tem estado concentrado, garantindo que há também margem para manter a resposta a outras crises. A seu tempo, o antigo ministro dirá o que vai fazer sobre o futuro do PSD. Mas é cada vez mais improvável que venha a comprar um bilhete para o carrossel partidário – bilhete que implicaria sempre ter de deixar a OCDE.

Ribau Esteves está com muita vontade, mas falta-lhe dimensão nacional para fazer mossa. Apesar de tudo, o autarca de Aveiro mantém-se em ponderação e deve anunciar uma decisão final durante a próxima semana, já depois de definido o calendário para as diretas.

Paulo Rangel ainda não deixou o estágio em que se encontra desde que ficou claro para todos que Rui Rio ia mesmo bater com a porta. O eurodeputado continua a ser pressionado para avançar e não fechou por completo a porta. O ciclo político não é o mais entusiasmante e a memória das últimas diretas continua bem presente. Mesmo sentido que poderia disputar taco a taco as eleições com Montenegro, este pode não ser o momento de ir a jogo.

De resto, é cada vez mais forte a tese de que o melhor talvez seja deixar Montenegro em cozedura lenta. Como existe a convicção de que o próximo líder do PSD se vai estampar já depois das europeias (maio de 2024), na cabeça dos adversários internos de Montenegro pode não ser desprovido de senso deixar que o poder caia nas mãos do antigo líder parlamentar e desgastá-lo durante dois anos para colher mais à frente.

Com maior ou menor dose de taticismo, o tempo para os que querem ter uma palavra a dizer sobre o futuro imediato do PSD está a chegar ao fim. Com Montenegro a entrar definitivamente em jogo, o espaço vai ficar cada vez mais reduzido para candidaturas alternativas. Haverá vontade e coragem política de ir a votos?

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