Vinte anos depois da primeira edição, o FEST (Festival Novos Realizadores Novo Cinema), que acontece entre os dias 24 de junho e 1 de julho, em Espinho, resiste. Com o financiamento reduzido, é um ano de mudança para o festival que durante uma semana faz da cidade costeira no norte do país o palco das novas vozes da sétima arte.
“Se conseguimos atrair todas estas pessoas para a cidade isso devia refletir-se na forma como a cidade também aposta em organizações como a nossa”, diz ao Observador Fernando Vasquez, um dos novos diretores do certame. “Ainda estamos à espera que as autoridades locais reconheçam a verdadeira importância do evento.”
Este ano, o FEST ocupa o Centro Multimeios e o Casino de Espinho com mais de 200 filmes entre estreias nacionais, secções competitivas e retrospetivas. É o programa profissional que continua a ser o verdadeiro centro do festival, com sessões de apresentação de projetos a produtores e investidores, workshops e outras atividades dirigidas à indústria. “80% da nossa audiência é internacional”, admite Vasquez.
Na 20.ª edição, estarão presentes para masterclasses Kenneth Lonergan, realizador e argumentista vencedor de um Óscar de melhor argumento original pelo filme Manchester by the Sea, Melissa Leo, atriz oscarizada pela sua interpretação em The Fighter — Último Round (2010), de David O. Russell, ou David Thackeray, coordenador de intimidade de séries como Sex Education, It’s a Sin e The Crown. Na programação para o público geral, destaca-se o filme de abertura, Filhos, do dinamarquês Gustav Möller, sobre uma funcionária prisional que passa a ter à sua guarda o responsável por um crime contra o seu filho, além de uma competição nacional com 22 filmes para descobrir novas talentos do cinema português.
A última edição do FEST, em 2023, começou com o anúncio da decisão de saída de Filipe Pereira, criador e diretor do festival desde o início. Pôs-se a hipótese de o festival acabar?
Nunca pusemos em causa a continuação do FEST, mas ponderámos a relevância de continuar-se a fazer festivais de cinema. Não tanto com a saída do Filipe, mas com os 20 anos do evento. O mundo do cinema está numa fase de transformação, há muitos festivais que estão a fechar, a indústria está numa fase de transição e ninguém sabe bem para onde é que isto está a ir. Sabíamos que o evento tinha de continuar, agora, como e em que direção é que ainda estava indefinido.
[Já saiu o sexto e último episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro, aqui o quarto episódio e aqui o quinto episódio.]
O Filipe saiu de assumir a direção sozinho, mas continua ligado, acima de tudo a nível de programação, mas também a nível da presidência da associação, até porque o festival não é a única atividade que organizamos. Neste momento, estou eu e a Ana Catarina Ferreira na direção [do festival]. Decidimos continuar o evento da forma como está, mas cada vez mais a crescer no sentido de multiplicar as formas como apresentamos os trabalhos dos autores ao público e não focando apenas na exibição no contexto do festival, mas multiplicando mais esta atividade de treino, que temos, focando muito a questão do pitching forum e da criação de uma plataforma de apoio, seja financeira ou outra, à criação de novos projetos. No fundo, este era um processo que ia ter que acontecer de qualquer das maneiras por termos chegado a esta data tão redonda. Coincidiu com uma fase em que também estavam a acontecer algumas transformações dentro da estrutura, mas na prática não mudou nada.
Feita essa reavaliação, faz sentido para o FEST continuar a ser um festival? Porquê?
Faz, particularmente num país como é Portugal, onde temos tão poucas alternativas de exibição comercial. Existem muito poucos cinemas em Portugal, na maior parte do país não existem e as alternativas que existem são muito focadas a um tipo específico de cinema. Por isso a maior parte do cinema que se faz no mundo tem muitas dificuldades em chegar ao público. O tipo de plataformas de streaming que existem disponíveis no nosso mercado também são muito limitadas no tipo de oferta. Tirando a Filmin, não há nenhuma outra especializada em cinema de autor, por exemplo.
E a Mubi?
Sim, há algumas internacionais, mas que não chegam a todo lado. São catálogos pensados num público internacional e não necessariamente nas sociedades portuguesas. Dou um exemplo: há muitos filmes de grandes festivais que até podem conseguir contratos de distribuição em Portugal, mas depois como existe tão pouca alternativa a nível de salas de exibição, a maior parte destes filmes fazem números muito limitados. Inclusive há filmes que às vezes ganham [o Festival de Cinema de] Cannes, ou o festival de Berlim, ou San Sebastián, que já é um festival grande e que tem filmes absolutamente fantásticos e essenciais, e que não encontram público nas salas. Por isso, os festivais desempenham esse papel.
Sobre os festivais não há a pressão da venda de bilhetes que tem uma sala de cinema?
Existe menos. Mas existe a certo ponto. A única receita que temos é a venda, seja de passes ou de bilheteira, por isso não deixa de ser relevante. Mas não existe tanta pressão porque todo o nosso sistema cultural vive, na Europa pelo menos, construído à volta de uma estrutura de apoios públicos. Apoios que se não fossem possíveis não existia cultura, ponto final.
Em janeiro, Pedro Borges, do Cinema Ideal, em entrevista ao Observador, dizia que um festival “capta novo público de festival, não capta novo público de cinema. Cria novos espectadores de festival”.
Discordo totalmente. Percebo porque é que ele diz isso, mas discordo porque, no fundo, estamos todos a trabalhar a cinefilia. Não há público nas salas de cinema para ver cinema de autor se não houver público também nos festivais. Na realidade, o que os festivais permitem é transformar toda a experiência de visionamento coletivo numa sala de cinema num evento. Temos outro tipo de facilidades de congregar os diferentes agentes de cada filme que depois criam aquela ponte entre o público e a produção, o que é mais difícil numa sala de exibição comercial.
Mas o Cinema Trindade, no Porto, por exemplo, faz um trabalho fantástico e quase todos os dias há uma sessão especial com a presença de realizadores, ou de um ator, ou de alguém relacionado com a produção do filme. A realidade é que estão a ter um sucesso até bastante interessante numa cidade particularmente difícil de se trabalhar cultura, tradicionalmente. Por isso, não concordo [com essa ideia] de todo. Nem acho que os festivais compitam uns com os outros. Pelo contrário, somos ainda das poucas forças que existem a manter a chama do cinema vivo.
Sendo Portugal um país relativamente pequeno, há muitos festivais de cinema. Qual é o lugar que o FEST ocupa no circuito?
Depende. Tem dois lugares bastante diferentes. No contexto internacional, conseguimos com alguma facilidade encontrar o nosso próprio espaço, acima de tudo porque viemos preencher algumas lacunas. Quando o festival foi criado, há 20 anos, havia poucas alternativas de promoção exclusiva de novos autores, acima de tudo jovens. Entretanto, o circuito mudou e quase todos os festivais têm ou a sua secção de jovens novos autores ou são focados nisso.
Também viemos preencher algumas lacunas na indústria. O trabalho que fazemos em relação ao trabalho de som no cinema, por exemplo, seja através do nosso Sound and Music Hub, que é uma série de atividades de masterclasses e workshops ligadas à produção de som, ou o Music Walk With Me, [uma plataforma] que vem criar um ponto de ligação entre quem quer produzir bandas sonoras e quem precisa de gente para produzir bandas sonoras. Isso vem desempenhar um papel absolutamente fundamental que ninguém fazia em Portugal e que, na realidade, não há muita gente a fazer no mundo. Fomos ocupando o nosso espaço nesse sentido.
A nível nacional foi um trabalho um bocadinho mais longo. Viemos, acima de tudo, abrir um bocado a lente. O nosso grande prémio nacional é seguramente das maiores competições a nível de quantidade de filmes e é talvez a mais variada. Há muitos autores que têm alguma dificuldade em penetrar dentro do circuito, acima de tudo autores que não estão sediados aqui em Lisboa ou no Porto, que têm algumas dificuldades em penetrar nos circuitos dos festivais que encontram um espaço no FEST.
Isso não é dizer que o FEST é um depósito dos realizadores que não entram nos demais festivais?
Não, de todo. Simplesmente temos uma visão muito abrangente de cinema. No FEST não temos só filmes de que eu gosto.
Acontece noutros festivais?
É perfeitamente legítimo que haja festivais que queiram defender um determinado discurso cinematográfico, um determinado estilo. Tal como seria um absurdo festivais como o MOTELX ou o Fantasporto não exibirem cinema fantástico, ou o Cinanima ou a Monstra não mostrarem animação. Não faz sentido, aquele é o objetivo daquele evento. O nosso foco é abrir uma janela para o futuro do cinema e a nossa compreensão de cinema é muito alargada. Inclui musicais, algo que eu, pessoalmente, não consigo lidar. Não é uma coisa que me atrai minimamente, mas não estaria a abrir essa janela para o futuro do cinema se estão a ser produzidos muitos musicais e eu não os exibisse. Não estaria a fazer o meu trabalho e o trabalho que o FEST se propõe fazer. Por isso, não é de todo um depósito de cineastas que não conseguem entrar no resto [dos festivais]. São simplesmente cineastas que podem não obedecer ao discurso tradicional português, por exemplo, ou que não seguem determinadas linhas que outros eventos querem exibir.
Há um discurso tradicional português?
Continua a existir, sempre existiu e tem de ser cultivado e é cultivado. O que acho é que as mudanças dos últimos anos a nível da distribuição de fundos permitiram uma maior variedade. Mesmo que depois não se traduza necessariamente em resultados comerciais, a vitalidade que existe hoje no cinema português vem, acima de tudo, da variedade, do facto de alguém que está em Chaves, como o Rúben Sevivas, conseguir produzir cinema e conseguir exibi-lo. Era uma coisa impensável há uns anos, acima de tudo fora de Lisboa. Mesmo se estivesse no Porto já se ia ver um bocadinho à rasca. Ia tendo algumas alternativas, mas hoje em dia o cinema português é muito mais abrangente. É um ótimo sinal.
No site lê-se que “mais do que um festival de cinema, o FEST afirma-se como uma plataforma de lançamento para novos talentos e um ponto de encontro para a indústria cinematográfica internacional”, posicionando o festival como um evento que quiçá fale mais para a indústria do cinema do que para o público geral. Qual é a percentagem de público dito normal a visitar o FEST?
Vai variando ligeiramente ano a ano, mas cerca de 80% da nossa audiência é internacional, isto é, gente que vem de propósito a Portugal para participar no FEST. Tem a ver, obviamente, muito com as atividades que promovemos, de indústria, masterclasses. São atividades que, apesar de estarem abertas a toda a gente e pretenderem também desmistificar um bocado o mundo do cinema, obviamente atraem acima de tudo gente já ligada à área ou gente que quer estar ligada à área. Por isso, sim, há uma enorme fração da nossa audiência que é gente ligada à indústria, com alguma conexão à indústria, mas depois temos uma grande componente local.
Não existe muita tradição em Portugal de as pessoas viajarem da cidade para ir participar num festival de cinema. Tirando cinéfilos hardcore, não há muita gente a fazer isso. O que acontece é que vamos trabalhando a audiência local ao longo do ano. Com nosso Cineclube, por exemplo, onde exibimos cinema ao longo de todo o ano e vamos criando a nossa audiência. E isso representa cerca de 30 a 20% da afluência.
Olhando para a competição nacional este ano, temos realizadores como Stella Carneiro (Golden Shower), Baltazar Mello (O primeiro passo), Welket Bungué (Latitude Fénix), Bruno Carnide (Memórias de uma Casa Vazia), Francisca Dores (Cura). Tendo estado na direção da programação durante tantos anos, que realizadores ou filmes mais se orgulha que passado — alguns até que se tenham estreado — no festival?
É uma pergunta complicada. Temos uma média mais ou menos de 200 filmes por ano e temos aqui muita coisa. Orgulho-me de, falando de longas-metragens, termos mostrado autores que hoje em dia já jogam um papel relevante mesmo entre as massas. Orgulhamo-nos de termos sido os primeiros a reparar no talento do Ruben Östlund, por exemplo, que, entretanto, se transformou numa figura fundamental no cinema. Tivemos [no FEST] o Involuntary, em 2008. Também há o caso do Jonathan Glazer, que, entretanto, se transformou numa referência também, de quem mostrámos o Birth (2004).
No panorama nacional que exemplos destaca?
A nível nacional orgulho-me muito de termos sido o primeiro festival português a selecionar o trabalho da Cristèle Alves Meira, que na altura era uma luso-francesa sediada em França que raramente vinha a Portugal. Ela passou com um filme que é o Born in Luanda (2010), que nem sequer teve assim um percurso tão fantástico a nível de festivais internacionais, mas reparámos logo que havia ali alguma coisa de especial. Conseguir acompanhá-la agora… Aliás, este ano vamos passar o Alma Viva (2022) no contexto de uma das nossas secções temáticas, em que exibimos vários trabalhos mais recentes de autores que passaram os últimos anos em França. É, talvez, aquele exemplo nacional de que mais nos orgulhamos, até porque é uma figura muito invulgar dentro do nosso cinema. Tenho ainda grandes esperanças que se vá transformar muito facilmente numa bandeira do nosso cinema. De certa maneira até já é.
O apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual [ICA] ao FEST diminuiu. Em 2014, o apoio era de 95 mil, depois passou a fixar-se nos 100 mil, ano após ano, até que em 2023 o festival perdeu um terço do financiamento do ICA. Como é que interpreta este corte?
Tem a ver com várias razões, com a quantidade de festivais que existe em Portugal. Na realidade, tivemos uma nota melhor [na classificação], por isso há ali algumas questões que não compreendemos. Temos noção que o FEST era dos poucos festivais que estava em ascensão. [O corte de financiamento] obviamente que tem um impacto estrutural, acima de tudo. No fundo, quem tem que responder é o júri do ICA. Eles é que saberão porque é que fizeram essas opções.
Reclamaram junto do ICA?
Tentámos perceber exatamente quais eram as motivações. A verdade é que tínhamos um bocado as mãos atadas porque a nossa nota era melhor [do que em anos anteriores]. O problema é que todas as notas foram melhores. Houve alguns pontos em que se fizeram justiça neste último concurso, o caso do MOTELX é um caso óbvio. É talvez o festival português com mais audiência, por isso fazia todo sentido, o lugar que ocupava não refletia a posição e a importância do evento. Agora, há outras opções que obviamente não vou partilhar.
Comparativamente, o FEST recebeu menos apoio financeiro que o Lisbon & Estoril Film Festival, menos que o IndieLisboa, menos que a Monstra, e o mesmo que o Porto/Post/Doc.
Onde é que são estes festivais? Sabe em que cidades é que estes festivais são. Apenas reflete a forma como o nosso país está estruturado.
O festival acontecer em Espinho é uma bênção ou uma maldição?
Em alguns sentidos é uma bênção. Quase todos os grandes festivais no mundo são em cidades pequenas. É muito difícil criar um ambiente de festival dentro de uma cidade como Lisboa, Londres ou Paris. Por mil e uma razões, o esforço dissipa-se inevitavelmente na vida habitual, quotidiana da cidade. Espinho é uma cidade pequena, à beira-mar, onde conseguimos controlar as coisas. A cidade de facto veste o festival durante aquela semana e isso oferece-nos enormes vantagens. Num outro sentido, num país como Portugal está tudo afunilado de maneira a acontecer tudo em determinados sítios. Os parceiros comerciais e potenciais financiadores de atividades culturais querem-se focar onde está a maior parte da população porque é aí que conseguem cumprir os seus objetivos. Isso é uma enorme desvantagem, acima de tudo quando não existe uma política de disseminação da cultura em Portugal. É complicado. [Estar em Espinho] é uma desvantagem em muitos sentidos. Mas há vantagens e desvantagens.
No ano passado, na cerimónia de abertura do FEST, o então diretor, Filipe Pereira, referia dados do Turismo de Portugal que apontavam que cada edição, só durante a semana do festival, tem um retorno para a economia local que ultrapassa um milhão de euros. Qual é o investimento atual da Câmara Municipal de Espinho no evento?
Relativamente pequeno. Estamos a falar de um apoio de 30 mil euros, são migalhas. Espinho está numa situação complicada, houve alguns tumultos políticos recentemente que obrigaram a reestruturações dentro da Câmara…
Há uma nova presidente da Câmara [Maria Manuel Cruz], vereadora que tinha entre outros pelouros a Cultura.
Sim. Houve ali um período inevitável de transição que deixou muito trabalho a ser feito para trás e que dificulta o tipo de apoio que nos podem dar. Percebemos isso. Agora, ainda estamos à espera que as autoridades locais reconheçam a verdadeira importância do evento. Não somos só nós, infelizmente. Há várias instituições culturais na cidade que também aguardam por esse reconhecimento e por essa aposta. O trabalho da Academia de Música de Espinho é um trabalho absolutamente fenomenal. O Auditório de Música de Espinho tem das melhores programações do país, trazem músicos e compositores que mais ninguém consegue trazer. A Casa da Música no Porto nem de perto consegue aquele tipo de programação. Acreditamos que devíamos ser a verdadeira janela da cidade para o mundo. Se conseguimos atrair todas estas pessoas para a cidade, isso devia-se refletir na forma como a cidade também aposta em organizações como a nossa.
Como é que comenta as declarações do Presidente da República sobre as origens do primeiro-ministro, que é de Espinho? [Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro tem “um estilo que não é lisboeta nem portuense”, “é uma pessoa que vem completamente de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais”]
Sobre a ruralidade? [risos]. Com um grande sorriso na cara. Obviamente que são afirmações completamente absurdas e que vêm em seguimento de uma série de afirmações um bocado inexplicáveis, mas obviamente que não concordamos com isso, de todo. Não sou de Espinho, por isso não me sinto afetado, mas conheço várias pessoas em Espinho que não gostaram dessa descrição que, no fundo, afeta todos.
Antecipando esta edição do festival, que impacto é que o corte no financiamento teve na programação e na resposta a questões que vinham sendo assinaladas em edições anteriores, como as projeções nem sempre serem as melhores do ponto de vista técnico?
Havia alterações que estávamos no caminho de resolver e que agora não é possível, acima de tudo numa das salas. [O corte no financiamento] Teve um impacto a nível de estrutura, sobretudo. Não pudemos contratar tanta gente como contratávamos antes, o que nos obrigou a compilar responsabilidades na equipa já existente e inevitavelmente os resultados não podem ser os mesmos. A grande preocupação foi garantir que conseguimos manter a qualidade do evento e da oferta e isso conseguimos, até porque já temos muita rodagem neste meio e sempre tivemos de ser criativos.
A verdade é que o FEST perdeu algum financiamento, mas nunca teve muito e sobretudo não tem o financiamento para o tipo de atividades que fazemos. Quando parceiros internacionais sabem os nossos orçamentos e a forma como temos de trabalhar não acreditam. É um absurdo. Tenho colegas que organizam mostras de três, quatro dias com orçamentos menores do que fazemos o ano inteiro. É o que é. Tivemos de nos adaptar e continuar à procura de financiamento noutras paragens. O FEST tem tido mais facilidade em manter financiamento, por exemplo, do Programa Media, da União Europeia, do que tem tido cá em Portugal. Não sei explicar isso… Quer dizer, sei: é Portugal.