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O secretário de Estado da Energia, João Galamba, durante o InvestEU Day - Impulsionador de Investimentos para uma Economia Verde, Digital e Justa, no salão nobre do Ministério das Finanças, em Lisboa, 13 de maio de 2022. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
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Galamba é da ala esquerda do PS e chegou a defender a reestruturação da dívida

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Galamba é da ala esquerda do PS e chegou a defender a reestruturação da dívida

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O jovem turco que se tentou moderar mas continuou polémico no fato de governante

Foi recrutado por Sócrates quando escrevia em blogues e ficou conhecido pelo feitio explosivo. É elogiado pelo conhecimento dos temas e capacidade executiva. Fica com o dossiê quente da TAP.

João Galamba, o outrora “jovem turco” do PS que chega agora a ministro das Infraestruturas, é visto no Governo e no setor que tem tutelado como alguém capaz de “executar” e de estudar com detalhe os dossiês — mas também tem colado à pele o feitio explosivo e a capacidade de criar polémicas, seja na vida real ou no Twitter. É, aliás, no próprio partido que se recordam algumas dessas histórias, incluindo as menos públicas: Galamba chegou a criar um problema para si próprio quando decidiu criticar (“desancar”, garante fonte socialista) o então secretário-geral do PS, António José Seguro, nas redes sociais ao mesmo tempo que este fazia uma intervenção no Parlamento e atacava o primeiro-ministro da altura, Pedro Passos Coelho.

Dessa vez, o jovem socialista “foi chamado à pedra” e acabou por se desculpar junto de Seguro, lembra a mesma fonte. Entretanto, Galamba, que anos antes tinha deixado o palco da blogosfera, a convite de José Sócrates, para se tornar deputado, foi tentando — muitas vezes sem êxito — ser um governante mais moderado. “Há um João Galamba antes de ser secretário de Estado e outro depois”, garante um dirigente socialista ao Observador.

Os socialistas estão apostados em mostrar que João Galamba entretanto se moderou e que é reconhecido nas áreas em que assumiu responsabilidades. O próprio António Costa dava gás à narrativa quando disse esta segunda-feira à tarde que Galamba é, “para surpresa de muitos, um excelente secretário de Estado”. “Ganhou maturidade”, comenta o mesmo dirigente do PS. “Não tem polémicas quando não fala”, resume outro socialista. O problema é que, muitas vezes, continua a falar. E no fato de secretário de Estado da Energia continuou a somar momentos controversos, como quando classificou publicamente de “estrume” um programa jornalístico ou quando enviou uma mensagem ofensiva a um utilizador do Twitter alegadamente da “esquerda pró-Putin”.

Apesar dessa faceta, quem trabalhou de perto com Galamba, inclusivamente no Governo, descreve o novo ministro como um homem “inteligente”, um “fazedor ansioso” e um governante que acumulou boas referências dentro do complexo setor em que trabalhou, o da Energia.

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A somar a essas características, uma outra: é mais um representante da ala esquerda do PS que é promovido dentro do Governo, além de mais uma solução encontrada “dentro de casa”, alimentando a ideia de que o Executivo terá crescente dificuldade em recrutar fora de portas — ou que António Costa preferirá manter os pedronunistas por perto e controlar, assim, uma ala que poderia começar a sentir-se mais livre para tecer críticas ao Governo.

A jogada pode sair arriscada, como regista uma outra fonte socialista: “Galamba não é fácil”. A mesma fonte acrescenta, com algum ceticismo: “Ou Costa quis manter o pedronunismo debaixo da asa dele ou pode-lhe correr mal: é uma flip coin. Há uma diferença entre inteligência e capacidade política”.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre a remodelação governamental.

Crise política: o pior já passou?

A vida de blogger e os convites de Sócrates

A experiência política – e o currículo recheado de polémicas – de Galamba começa dez anos antes de ter assumido o papel de secretário de Estado da Energia. Em 2009, o economista, que estudou depois Ciência Política na London School of Economics (onde também deu aulas de Filosofia Política) acumulava experiência profissional fora da política no Banco Santander de Negócios, na consultora DiamondCluster Internacional e na Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados. Mas foi no mundo da blogosfera, onde se destacava pelas posições muito vocais e próximas do PS – escrevia no blogue Jugular e coordenava o blogue Simplex – que ganhou o palco mediático que lhe permitiria saltar para a política.

E fê-lo a convite de José Sócrates – uma associação que viria, anos depois, a trazer-lhe problemas. “Primeiro convidou-me para participar no fórum Novas Fronteiras. Depois de ter participado, perguntou-me se estaria interessado em integrar as listas do PS”, contava Galamba em entrevista a Anabela Mota Ribeiro, em 2010, a mesma em que reconhecia que a sua persona pública existia, “em grande parte, devido aos blogues”. Na vida pessoal, essa experiência também foi relevante: conheceu a sua mulher numa “festa de bloggers”. Laura Abreu Cravo era autora no blogue A Alma Conservadora, mais ligada à direita. Hoje trabalha no Ministério das Finanças, depois de ter passado pela CMVM e por dois escritórios de advogados (Uría Menendéz e CMS Rui Pena & Arnaut).

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes (D), conversa com o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba (E), durante o debate sobre Política Setorial, que decorreu na Assembleia da República, em Lisboa, 16 de junho de 2021. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Trabalhou com Matos Fernandes na Energia

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Galamba, como contava na altura, “disse imediatamente que sim” ao convite de Sócrates, acreditando que seria uma vantagem contar com uma “liberdade” que pessoas da sua idade, que tinham feito caminho dentro do partido e das juventudes partidárias, não tinham. E, curiosamente, comentava na mesma entrevista que aprendera a ter em conta o valor da lealdade política já enquanto deputado, sem ceder no seu “espírito crítico” – aprendera que as palavras passavam a “ter outro peso”.

A ligação a Sócrates regressaria, precisamente, por causa de uma mensagem privada enviada por Galamba. O então porta-voz do PS foi o responsável por avisar o ex-primeiro-ministro de que a Justiça estaria de olhos postos nele, dizendo ter recebido uma mensagem de uma pessoa próxima do então Governo de Passos, que reencaminhou avisando que o caso teria “exploração mediática”. Isto já depois de ter sido mencionado numa investigação extraída da Operação Marquês pelo blogger António Manuel Peixoto (o célebre “Abrantes”), que referia Galamba como um dos pontos de contacto com o antigo primeiro-ministro, que sempre defendeu.

Sócrates. O que o blogger e o ghostwriter disseram à Justiça

Anos depois, em 2018, com a acusação a Sócrates formalizada e depois de o presidente do PS, Carlos César, ter dado o tiro de partida para o corte do partido com o antigo líder, o próprio Galamba viria pôr um fim público à relação com Sócrates, garantindo que o caso “envergonha qualquer socialista”. Palavras que serviram à oposição como arma de arremesso contra Galamba.

João Galamba e o caso Sócrates: “Obviamente envergonha qualquer socialista”

Apesar da nota técnica positiva na pasta da energia e de as intervenções polémicas serem mais espaçadas face aos seus dias como deputado, João Galamba nem sempre tem conseguido controlar as polémicas em que se envolve ou os excessos nas redes sociais, sobretudo nas reações a histórias ou opiniões negativas a decisões ou políticas que defende.

“É natural que as pessoas que não são do PS tenham mais antipatia (…). Reconheço que sou acutilante e duro, mas quando me irrito é porque acho que quem está a debater não está a ser sério”, chegou a justificar, em declarações à revista Sábado: “O que para uns são excessos, para outros serão a minha melhor qualidade. As coisas têm sempre dois lados”.

João Galamba diz que programa da RTP ‘Sexta às 9’ é “estrume” e “coisa asquerosa” (e, depois, apaga publicação)

“Estrume”, “fascista” e outras polémicas

Um dos excessos que João Galamba cometeu foi um comentário na sua conta pessoal do Twitter a uma partilha feita por outro utilizador de um episódio do programa de investigação jornalística Sexta às 9, da RTP, que Galamba classificou de “estrume e coisa asquerosa”. Uma publicação que acabou rapidamente apagada. A guerra com o programa então conduzido por Sandra Felgueiras vinha de trás por causa de uma investigação ao processo de concessão de uma exploração de lítio em Montalegre, decidido pelo secretário de Estado da Energia antes das eleições de 2019. Acusou o programa de “alimentar mentiras”, numa longa exposição no Facebook, na qual expunha informação que procurava contrariar as alegações.

Também já como secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba entrou numa troca de palavras ofensivas com um utilizador do Twitter (que acabou por apagar a conta na rede social) depois de este questionar quantos teriam “a capacidade de assumir que tudo o que pensavam sobre o conflito na Ucrânia estava errado e que a liderança europeia falhou de forma espetacular em defender os nossos interesses” quando a gasolina chegasse “perto dos três euros e a inflação perto dos 9%”.

Foi por mensagem privada que o socialista recordou o pai e se atirou ao interlocutor: “Olha, o meu pai foi torturado por fascistas da PIDE e, se lesse esta pouca vergonha, só te diria: vai para a p*** que te pariu fascista de merda. Desaparece. Tenho nojo de tudo o que escreves. Não me voltes a dirigir a palavra. És mesmo uma vergonha, fascista. Vai para o c****** e desaparece. Tenho desprezo por toda esta esquerda pró-Putin. Vai para o c****** e desaparece fascista. Nojo.”

Os prints revelados no Twitter expuseram as palavras do governante e acabou por ser o próprio a dar-se como culpado. Mas Galamba não só reafirmou “tudo o que disse nessa mensagem” como se atirou ao utilizador da rede social, dizendo que repudiava a divulgação da mesma.

Não com tanto estrondo, mas o socialista já tinha dado nas vistas no Twitter, vários anos antes, quando ainda era apenas deputado do PS e não membro do Governo. Nessa altura, o agora ministro pedia um link para ver uma transmissão não autorizada do jogo entre o FC Porto e o Sporting. Na altura, a Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal pediu mesmo que o socialista deixasse o Parlamento, sem sucesso.

A defesa das renováveis e a denúncia que resultou numa investigação ao hidrogénio

Mesmo como governante, João Galamba não deixou de responder aos críticos nas redes sociais. Às reservas de Salvador Malheiro quanto à estratégia nacional do hidrogénio, Galamba acusou aquele que era uma espécie de ‘ministro do Ambiente sombra do PSD’ de estar mal informado: “Só posso concluir que não leu a estratégia nem percebeu que o decreto-lei do sistema de gás já foi promulgado. Seja na estratégia, seja no diploma do sistema nacional de gás, as questões que levanta estão clara e cabalmente respondidas. Parece que passou a haver um desporto nacional chamado opinar sem ler“.

Mas com outros seria ainda mais duro do que foi com Malheiro. Quando os comentários chegaram ao “lobby das intermitentes” (que é como quem diz, o lobby das renováveis) e às preocupações manifestadas por Clemente Pedro Nunes, um dos mais conhecidos céticos no setor energético em relação ao risco de o hidrogénio reproduzir o modelo de rendas e subsídios que no passado sustentou outras energias renováveis, foi mais duro: “É um aldrabão do pior. Não há outra forma de descrever esse cavalheiro”.

Acérrimo crente nas renováveis, João Galamba defendeu a decisão do Governo, apontada como precipitada por muitos, de incentivar o fecho antecipado das centrais a carvão, mesmo com a crise da Ucrânia e com a seca.

O hidrogénio foi palco de outro embaraço quando foi noticiado que João Galamba e Pedro Siza Vieira, então ministro da Economia, estavam a ser investigados num processo nascido de uma denúncia anónima, por causa de suspeitas de favorecimento a grandes empresas. O secretário de Estado respondeu com a revelação de toda a agenda das reuniões que manteve.

Suspeitas sobre o hidrogénio verde. João Galamba revela as reuniões com empresas interessadas

A Procuradoria-Geral da República confirmou em 2020 ter sido aberta a investigação, mas do seu desenvolvimento pouco mais se soube. Os projetos do hidrogénio também tardam em avançar, apesar dos anúncios de milhares de milhões de euros. Tal como o concurso nacional para a concessão da exploração de lítio, que nunca mais avança, à espera há dois anos a Agência Portuguesa do Ambiente dê luz verde ao projeto mais avançado apresentado para Boticas.

Mas para quem está à frente da pasta da energia, a principal missão acaba sempre por ser proteger os preços contra subidas ou fazê-los baixar quando estão entre os mais altos da Europa.

Super Galamba, irmãos Mendes e um reforço vindo da Madeira

Com a maioria absoluta de António Costa, houve outros “jovens turcos” a chegarem a ministro — como Duarte Cordeiro, que substituiu Matos Fernandes na pasta do Ambiente depois ter substituído Pedro Nuno Santos na secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares durante a segunda vida da geringonça. Não foi o caso de João Galamba: manteve-se na pasta da Energia e ganhou a do Ambiente, um super-secretário de Estado que ficou a trabalhar com um novo ministro a quem lhe apontam afinidades e amizades.

No contexto da crise energética, João Galamba teve nos bastidores uma intervenção fundamental para desenhar as respostas ao curto-circuito nos mercados europeus provocado pela guerra da Ucrânia. Mas ficou mais em segundo plano porque quem aparecia a dar a cara pelas medidas era o novo ministro, que ao mesmo tempo aprendia as complexidades da pasta.

O secretário de Estado da Energia foi o principal interlocutor em Portugal na construção do complexo mecanismo que introduziu o famoso travão ibérico e em relação ao qual a parte portuguesa conseguiu introduzir alterações para evitar que o custo caísse sobre os consumidores nacionais que estavam mais protegidos do que os espanhóis.

Como vai o limite ao preço da energia proteger Portugal da escalada do gás? Dez respostas

O secretário de Estado esteve alinhado com Duarte Cordeiro no contra-ataque ao presidente da Endesa quando Nuno Ribeiro da Silva suscitou publicamente o impacto do custo deste mecanismo no preço da eletricidade. E também cumpriu quando António Costa o nomeou o controlador das faturas que a empresa espanhola cobra aos muitos serviços do Estado do qual é, aliás, o maior fornecedor.

Costa determina que pagamentos do Estado à Endesa têm de passar primeiro por secretário de Estado João Galamba

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro não lhe poupou elogios quando justificou a sua escolha para a pasta das Infraestruturas. É a “escolha certa para o lugar certo”. E o que o espera exige acima de tudo capacidade de execução para manter e acelerar o ritmo do que está em andamento — as obras ferroviárias — e lançar o que ainda está parado — o novo aeroporto. É claro que há também a TAP, uma bomba que fez cair um ministro com o peso de Pedro Nuno Santos.

Tal como o antecessor, João Galamba também é impulsivo e pode ter alguma dificuldade em controlar reações e moderar o tom. Apesar disso, o passado recente do novo ministro na energia tem mostrado um político que tem também capacidade para ser mais pragmático e capaz de lidar com “o privado” (com as empresas, com os gestores e com os investidores). Pelo menos quando têm interesses alinhados com os do Governo. Isto apesar de ter sido sempre conotado com a ala mais à esquerda no PS — chegou a subscrever o chamado “manifesto dos 74”, que defendia a reestruturação da dívida portuguesa.

Até agora, João Galamba parecia estar a gostar da vida de governante. No final do ano, publicou a sua última mensagem como secretário de Estado da Energia, um autoelogio onde faz um balanço positivo de “um ano difícil” com uma ordem de trabalhos para quem vier a seguir.

De ponta-de-lança parlamentar às polémicas no Governo

Recuando a 2014, Pedro Nuno Santos e João Galamba eram os dois pontas de lança socialistas na comissão parlamentar de inquérito à queda do Banco Espírito Santo, um dos inquéritos parlamentares mais mediáticos (e em que os deputados mereceram rasgados elogios). Deputado combativo, impulsivo e por vezes excessivo no debate parlamentar, João Galamba também ficou conhecido pela intervenção sem grandes freios nas redes sociais. Talvez por isso, enquanto Pedro Nuno Santos chegou ao Governo socialista logo no final de 2015, assumindo a influente pasta de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, João Galamba ficou quase três anos na comissão de Orçamento e Finanças no Parlamento, no que pode ser visto como uma “travessia no deserto”.

A sua oportunidade de subir ao Governo chegou em 2018. Com a saída de Caldeira Cabral do Ministério da Economia, António Costa  mexeu na orgânica do Executivo, retirando a pasta da Energia para a entregar ao Ambiente à frente da qual estava João Matos Fernandes.

“Era o homem que completava mais o meu saber. Queria um economista”. Foi assim que Matos Fernandes justificou a escolha do novo secretário de Estado na qual terá tido também intervenção a máquina socialista. Matos Fernandes, que contava piadas no Conselho de Ministros e era capaz das tiradas mais insólitas no Parlamento, e o recém-chegado João Galamba eram uma dupla improvável, mas acabaram por funcionar.

O ministro deixou o novo secretário de Estado assumir a pasta que acabava de receber e João Galamba foi rápido a aprender as complexidades de um setor recheado de rendas, CMEC, CAE e outra siglas malditas. Uma das primeiras missões foi desanuviar o clima com a EDP, sem comprometer totalmente o legado do antecessor em matéria de cortes, mas não se livrando das acusações à esquerda de cedências à poderosa empresa.

Pelo caminho ficaram algumas polémicas com decisões que tomou, como a substituição do diretor-geral da Energia nomeado pelo antecessor e a aprovação muito atacada da concessão para a exploração de lítio em Montalegre.

Um dos principais trunfos para Galamba terá sido a concretização de dois leilões de potência solar que colocaram Portugal no mapa mundial da energia como conseguindo os preços mais baratos. Ainda que nem todas as promessas de baixos preços de energia se tenham concretizado ainda — mas que podem ter explicação em fatores incontroláveis como o tempo, a pandemia, que atrasou a execução do projetos, e a inflação, que fez subir os custos de implementação.

Nas declarações que fez minutos depois de terem sido conhecidos os nomes dos novos ministros, Costa defendeu a escolha de Galamba pelos progressos no setor, nomeadamente na transição energética – “muito se devem a ele” – e elogiou-lhe a “criatividade para resolver problemas”, qualidade de que precisará agora que herda a pesada pasta da TAP.

Entre os governantes que trabalharam diretamente com o novo ministro, a mesma leitura. “É um homem de uma inteligência luminosa”, garante um antigo colega do Governo, que também o classifica como um “fazedor ansioso”, além de um “leitor compulsivo” (com um particular gosto por romances).

“Estou mesmo convencido de que teve um embate com a realidade do desempenho das funções executivas. Tem uma maturidade muito diferente da que lhe conhecíamos quando era comentador e deputado”, aponta outro ex-governante do PS, garantindo também que Galamba se fez um “extraordinário secretário de Estado da energia” – “não há quem não diga o mesmo no setor” –, “muito focado na execução de políticas públicas”. “Já parece um engenheiro eletrotécnico”, graceja uma fonte do PS.

Gerardo Santos / Global Imagens

A veia “profundamente executiva” é, assim, vista dentro do PS como uma vantagem para um cargo em que terá de tomar decisões – daquelas que têm potencial para queimar um político. Na Energia, referem fontes do PS, tornou-se um governante com muita “atenção ao detalhe”, que ganhou um “domínio profundo” de dossiês complexos. O “deputado do piercing”, como chegou a ser referido nos corredores do Parlamento, é agora um ministro que não dispensa o fato e a gravata. A função mudou, mas a impulsividade continua lá.

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