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Abu Mohammad al-Jolani é o líder dos rebeldes que lideraram a ofensiva relâmpago na Síria

AFP via Getty Images

Abu Mohammad al-Jolani é o líder dos rebeldes que lideraram a ofensiva relâmpago na Síria

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Quem são os rebeldes que colocaram um ponto final ao regime de Assad — e o líder que outrora operava na sombra?

Entraram em Damasco e anunciaram o fim do regime de Bashar al-Assad. Quem são os rebeldes que ambicionam liderar a Síria? E quem é Abu Mohammad al-Jolani, o homem que os comanda?

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Uma ofensiva relâmpago e inesperada, com rápidos avanços pelo território. No desafio mais significativo à presidência de Bashar al-Assad na última década, os rebeldes da Síria conseguiram, em meros dias, assumir o controlo de cidades estratégicas, como Alepo, Hama e Homs, e chegar à capital, Damasco, para reivindicar a “libertação” do país e a queda do regime. Tudo sob liderança de Abu Mohammad al-Jolani, uma figura que outrora operava na sombra.

A operação dos rebeldes foi levada a cabo pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que chegou a estar ligado à al-Qaeda (mas que entretanto rompeu esses laços), juntamente com o Exército Nacional Sírio, uma coligação apoiada pela Turquia. Às vezes aliadas, outras vezes rivais com objetivos diferentes, as duas forças uniram-se para derrubar o regime de Bashar al-Assad, cujo paradeiro é neste momento desconhecido.

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Os rápidos avanços que registaram em pouco tempo não terão sido uma surpresa para os rebeldes, uma vez que, disse Jolani ao The New York Times, a ofensiva começou a ser preparada há um ano, com os combatentes, não só do HTS como de forças aliadas, a treinarem para ficarem mais fortes e estarem mais organizados.

Apesar disso, os planos que têm para o futuro da Síria são ainda uma incógnita. Robert Ford, antigo embaixador norte-americano na Síria, disse à Sky News que não viu “planos detalhados” e que ainda não é possível saber “exatamente o que vão fazer”. Por outro lado, notou que, após 13 anos de uma guerra civil “sangrenta e cruel”, este poderá ser um “dia para os sírios celebrarem e terem esperança de que as coisas vão melhorar”.

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Os rebeldes entraram em Damasco esta madrugada

AFP via Getty Images

Mas, afinal, quem são os rebeldes que lideraram a ofensiva?

Começaram a operar em 2011, no início da guerra civil da Síria, desencadeada após protestos pacíficos terem sido violentamente reprimidos pelo regime durante a Primavera Árabe, sob o nome de Frente al-Nusra. Tinham ligações diretas à al-Qaeda e como objetivo lutar contras as forças pró-Assad. Nos primeiros anos, aponta a Al Jazeera, o líder do grupo, Abu Mohammad al-Jolani, cooperava e coordenava-se com Abu Bakr al-Baghdadi, líder dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque.

Porém, em 2013, Baghdadi tomou a decisão de cortar laços com a al-Qaeda, sendo que tinha planos para dissolver a Frente al-Nusra e alargar a atividade do seu grupo à Síria. Ainda assim, Jolani não cedeu e manteve-se leal à al-Qaeda — mas só durante alguns anos.

Em meados de 2016, foi a vez da Frente al-Nusra deixar de estar ligada à al-Qaeda face a diferenças ideológicas. Nessa altura, o grupo começou a tentar libertar-se das suas raízes extremistas e a adotar uma postura aparentemente mais moderada. Foi com esse objetivo que Jolani se juntou a outras organizações e criou uma nova força. Foi assim que nasceu o Hayat Tahrir al Sham (HTS), uma “Organização para a Libertação do Levante”.

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“Esta nova organização não tem afiliação com qualquer identidade externa”, disse Abu Mohammad al-Jolani quando anunciou a criação do novo grupo, num vídeo em que revelou publicamente, pela primeira vez, a sua identidade. Atualmente, com cerca de 30 mil combatentes, o HTS é a fação rebelde mais poderosa da Síria, tendo como ‘sede’ do seu poder a região de Idlib, no noroeste do país.

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O líder dos rebeldes sírios discursou este domingo na histórica mesquita dos Omíadas

AFP via Getty Images

Apesar de tentar parecer mais moderado, o Hayat Tahrir al Sham continua a ser considerado um grupo terrorista por países ocidentais, como os Estados Unidos. De acordo com o The Guardian, existem sérias preocupações com os direitos humanos nas regiões controladas por estes rebeldes, nomeadamente devido a execuções de cidadãos acusados de estarem afiliados com grupos rivais ou face a alegações de adultério ou blasfémia.

Por outro lado, alguns responsáveis do governo norte-americano, avança o The New York Times, acreditam na mudança do grupo porque consideram que os seus líderes sabem que não conseguirão alcançar os seus objetivos de liderar um governo na Síria se forem vistos como uma organização radical ou jihadista.

Até à semana passada, estes rebeldes tinham dado poucos sinais de que estariam a preparar-se para reacender o conflito na Síria e voltar a desafiar o regime de Assad.

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E os rebeldes do Exército Nacional Sírio? Quem são?

O Hayat Tahrir al Sham até pode ser o grande responsável pela ofensiva na Síria, mas não atuou sozinho. Contou com a ajuda do Exército Nacional Sírio (SNA), uma coligação informal que incorpora dezenas de outras fações, com várias ideologias, que recebem fundos e armamento da Turquia. Segundo a CNN, faz parte do grupo a Frente de Libertação Nacional, que inclui movimentos como a Ahrar al-Sham, que também tinha como objetivo a queda do regime de Bashar al-Assad.

Apesar de ser considerada uma força moderada, com sede no norte do país, o Exército Nacional Sírio chegou a ser acusado pela ONU de crimes como execuções, agressões, raptos ou pilhagens em zonas controladas pela Turquia.

Na semana passada, após assumirem o controlo da cidade de Alepo, Ahmed al-Dalati, vice-comandante da coligação, reuniu os líderes muçulmanos para os informar de regras “rigorosas e claras”: “É proibido fazer mal a quem quer que seja ou invadir a sua propriedade… não apenas aos muçulmanos, mas a todos os outros”, avisou, salientando que nenhum dos combatentes deve tentar prejudicar as minorias étnicas e religiosas que vivem nessa região.

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Abu Mohammad al-Jolani nasceu em 1982 em Riade, na Arábia Saudita

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Abu Mohammad al-Jolani, um líder que outrora operava na sombra

Nasceu em 1982 em Riade, na Arábia Saudita, onde o pai trabalhava como engenheiro na indústria do petróleo. Aos sete anos, em 1989, a família de Abu Mohammad al-Jolani mudou-se para a Síria. Além de que era um bom aluno na escola, pouco se sabe sobre o tempo que passou em Damasco, capital síria, antes de se ir para o Iraque, já em 2003, quando se juntou à al-Qaeda para lutar contra as tropas norte-americanas.

Em 2005 foi detido e passou cinco anos numa prisão administrada pelas forças norte-americanas em Campo Bucca, no sul do Iraque. Depois de ser libertado e com o começo da guerra civil, Jolani regressou à Síria para comandar a Frente al-Nusra. Durante vários anos, segundo a imprensa internacional, operou como uma figura que se escondia nas sombras. Durante as entrevistas televisivas e aparições públicas cobria sempre a cara e evitava olhar diretamente para a câmara.

Só em 2016 é que revelou publicamente a sua identidade ao partilhar um vídeo em que falava sobre a criação do grupo Hayat Tahrir al Sham. Desde então, tem dado várias entrevistas à imprensa internacional e até apareceu em Alepo quando a cidade deixou de estar sob controlo do governo sírio. Esta semana, logo após a captura de Hama, foi tornado público, pela primeira vez, o seu nome verdadeiro: Ahmed al-Sharaa. Jolani, o apelido pelo qual é mais conhecido, é uma referência aos montes Golã, de onde o seu avô paterno teve de sair em 1967 depois de o exército israelita ter conquistado a região.

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Ao longo dos anos, à medida que revela mais pormenores sobre a sua identidade, o líder dos rebeldes tem feito esforços para, aparentemente, adotar uma postura mais moderada. Por exemplo, quando o grupo entrou em Alepo, indica a Sky News, Jolani deu ordens para que os combatentes não entrassem em casas e avisou-os de que tinham de proteger os civis.

Anteriormente, em 2021, numa entrevista à PBS, a primeira que deu a um meio de comunicação norte-americano, rejeitou a designação de terrorista atribuída ao seu grupo por vários países ocidentais afirmando que este não representava uma “ameaça para a sociedade ocidental ou europeia”. “Sim, criticámos as políticas ocidentais”, mas “não dissemos que queríamos lutar” ou “travar uma guerra contra os Estados Unidos ou a Europa a partir da Síria”, afirmou.

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