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epa09799802 Federal Reserve Chairman Jerome Powell testifies during the Senate Banking Committee hearing titled 'The Semiannual Monetary Policy Report to the Congress' in Dirksen Building in Washington, DC, USA, 03 March 2022.  EPA/Tom Williams / POOL
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Jerome ("Jay") Powell é o presidente da Reserva Federal dos EUA

Tom Williams / POOL/EPA

Jerome ("Jay") Powell é o presidente da Reserva Federal dos EUA

Tom Williams / POOL/EPA

Reserva Federal. Vem aí, finalmente, o "pivô" na subida dos juros pelo banco central mais poderoso do mundo?

Reserva Federal dos EUA, o banco central mais poderoso do mundo, deve anunciar quarto aumento consecutivo dos juros de 75 pontos-base. Mas pode sinalizar que a partir de agora vai andar mais devagar.

O banco central mais poderoso do mundo, a Reserva Federal dos EUA (Fed), deve anunciar esta quarta-feira um novo aumento das taxas de juro de 75 pontos-base – o quarto consecutivo desta magnitude, caso se confirme. Mas a razão por que este pode ser um dia decisivo para a economia e para os mercados financeiros mundiais é que se gerou a expectativa de que Jerome Powell, o presidente da Fed, poderá dar um primeiro sinal de que a partir de agora vai andar mais devagar – será desta que vem aí, finalmente, o “pivô” na estratégia do banco central?

Embora Powell já tenha trocado as voltas dos investidores algumas vezes, nunca como nos últimos dias se tornou tão palpável a expectativa de que o famigerado “pivô” estará mesmo para breve. A bolsa norte-americana teve a segunda semana consecutiva de ganhos, recuperando fôlego graças a alguma confiança nos mercados de que a Fed irá abrandar o ritmo das fortes subidas de juro – que têm feito o dólar subir 17% desde o início do ano e levado a uma brusca correção nos índices acionistas.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o papel dos bancos centrais.

Os bancos centrais querem o nosso bem?

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Sempre que lhe põem um microfone à frente da boca, o presidente da Reserva Federal jura que não irá ficar a meio caminho na luta contra a inflação, recorrendo sempre ao exemplo de Paul Volcker, que nos anos 80 abrandou o ritmo do aperto monetário demasiado cedo e acabaria por ter de emendar a mão e voltar a subir em flecha as taxas de juro – conseguindo, finalmente, controlar a inflação elevada. Mas desta vez poderá ser diferente, apostam os mercados financeiros: com os EUA a poucos dias das eleições intercalares (8 de novembro), a inflação a dar alguns sinais de poder abrandar e o risco de recessão bem vivo, a Fed poderá agora ajustar o tom.

Essas expectativas foram alimentadas por um artigo publicado a 21 de outubro no The Wall Street Journal onde se dizia que a Reserva Federal estava a preparar o quarto aumento de 75 pontos-base nos juros mas que na reunião desta quarta-feira iria haver um “debate” sobre a dimensão das subidas de juros no futuro. A notícia era assinada por Nick Timiraos, jornalista que têm ganho fama nos mercados como o principal “mensageiro” do banco central dos EUA, frequentemente transmitindo aquilo que a Fed quer que seja dito aos investidores a cada momento.

“Alguns responsáveis [da Fed] têm sinalizado o seu desejo de que, em breve, se abrande o ritmo de subidas de juros e se pare com os aumentos no início do próximo ano, para perceber como é que as decisões tomadas este ano estão a fazer abrandar a economia”, escrevia Nick Timiraos, indicando que embora continue a haver na Fed quem queria continuar com o pé no acelerador há outros responsáveis que estão preocupados com o risco de se causar um abrandamento (económico) “desnecessariamente brusco”.

President Biden Meets With Federal Reserve Chair Jerome Powell At White House

Jerome Powell, com o Presidente Joe Biden e Janet Yellen, sua antecessora na Fed que hoje é secretária do Tesouro dos EUA

Getty Images

Bernd Weidensteiner, analista do Commerzbank, escreve em nota enviada aos investidores nesta segunda-feira que “provavelmente a Fed irá começar, nas próximas semanas, a preparar os investidores para mexidas mais pequenas nas taxas de juro”. A confirmar-se a subida de 75 pontos-base esta quarta-feira a taxa de juro de referência irá passar para um intervalo entre 3,75% e 4%, o que coloca o banco central mais perto do nível que será o “pico” deste ciclo de subidas, que alguns analistas situem em 5%.

“O pico está mais próximo e a Fed deverá começar a mover-se a um ritmo mais lento, para depois não ter uma transição demasiado abrupta entre a fase mais rápida de subida dos juros e a fase em que o banco central atinge um nível de juros elevados onde, depois, deverá permanecer durante algum tempo”, acrescenta Bernd Weidensteiner.

Bolsa de Nova Iorque, medida pelo índice S&P 500, está a cair cerca de 16% este ano, penalizada pelo aperto monetário rápido pelo banco central. FONTE: TradingEconomics

John Plassard, diretor da suíça Mirabaud Asset Management, lembra que a subida de 75 pontos-base desta quarta-feira, a quarta consecutiva, “irá elevar a taxa de referência, que influencia quase todos os custos de financiamento na economia, para níveis que não víamos desde finais de 2007“.

Porém, diz o especialista, “à medida que crescem os riscos de uma recessão nos EUA e a instabilidade aumenta um pouco por todo o mundo, aqueles que seguem de perto os passos da Fed vão ficar a acreditar que o aumento deste mês poderá ser o último desta magnitude”. Tudo depende daquilo que Powell disser, em viva voz, na conferência de imprensa ao final desta tarde de quarta-feira.

A expectativa do analista da Mirabaud é que “Powell irá querer dar um pré-aviso grande aos analistas e investidores antes de começar a abrandar no ritmo de subida dos juros” – aliás, a notícia do The Wall Street Journal de 21 de outubro já poderá ter sido um primeiro passo nesse processo. Porém, sublinha John Plassard, o líder da Fed não deixará de “passar uma mensagem dura contra a inflação” e “evitar dar a entender que a inflação é um problema resolvido”.

“Um boa solução de compromisso será [Powell] enfatizar que os dados económicos que vão sair nos próximos meses serão decisivos“, antecipa o especialista, sublinhando que o mercado de trabalho continua “tórrido” e enquanto não houver sinais de fraqueza nesse ponto, podemos prever que a Fed vai continuar a apertar a política monetária.

epa10094388 Federal Reserve Board Chairman Jerome Powell holds a news conference after the Fed decided to once again raise interest rates by three-quarters of a percentage point at the William McChesney Martin Jr. Building in Washington, DC, USA, 27 July 2022. The Fed hopes to temper inflation rates, which have reached their highest levels in 40 years.  EPA/JIM LO SCALZO

A conferência de imprensa de Jerome Powell começa às 18h30 (hora de Lisboa), esta quarta-feira.

JIM LO SCALZO/EPA

Antes da próxima reunião da Fed, em dezembro, os responsáveis já terão na sua posse os dados sobre a evolução do mercado de trabalho não só em outubro (que saem já nesta sexta-feira) mas também os de novembro (que serão divulgados na primeira sexta-feira de dezembro). Por outro lado, antes da próxima reunião da Reserva Federal, que termina no dia 14 de dezembro, também vão sair dados mais atualizados sobre a inflação.

Os últimos meses trouxeram descidas nos preços de algumas matérias-primas (industriais ou outras) que levam a crer que as pressões inflacionistas poderão estar a abrandar, pelo menos a montante. Mas isso tarda em aparecer nos dados oficiais: a taxa homóloga de inflação subjacente, que exclui energia e preços dos alimentos não processados, subiu de 4,9% para 5,1% em setembro, ou seja, bem mais do que o dobro daquilo que a Fed idealiza como uma inflação saudável.

À luz deste valor, faz sentido os mercados verem o pivô como iminente? Ou há risco de que Powell volte a dar um “banho de água fria” aos investidores, como fez no simpósio de Jackson Hole em agosto? Na opinião de John Plassard, da Mirabaud, “a Fed não irá fazer o pivô antes de Powell ter a certeza absoluta de que o ímpeto de aceleração dos preços está controlado. E isso poderá demorar mais tempo a acontecer do que aquilo que estamos a prever“.

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