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Tiago Mayan Gonçalves apoia Carla Castro na candidatura à presidência da IL
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Tiago Mayan Gonçalves apoia Carla Castro na candidatura à presidência da IL

Rui Oliveira/Observador

Tiago Mayan Gonçalves apoia Carla Castro na candidatura à presidência da IL

Rui Oliveira/Observador

Tiago Mayan Gonçalves: "Liderança de Cotrim tem como paradigma o Comité Central do PCP"

O antigo candidato presidencial e apoiante de Carla Castro acusa a atual direção de ter promovido uma processo de "sovietização" nos núcleos. Acusa ainda a liderança de Cotrim de opacidade.

O primeiro e único candidato presidencial da IL está em rutura total com a linha de continuidade de João Cotrim Figueiredo e diz que as alterações ao regulamento dos núcleos foi um processo de “sovietização da Iniciativa Liberal”. Em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador, Tiago Mayan Gonçalves garante que com Carla Castro — candidata que apoia à liderança da IL — não haverá um “paradigma igual ao do Comité Central do PCP” e clarifica, sem poupar a atual direção, que a liderança de Cotrim tem sido mais próximo desse paradigma comunista do que de um paradigma liberal.

Admite que o seu “crush político” é Carlos Guimarães Pinto, mas, “conhecendo-o” como o conhece, sabia que não ia avançar para estas eleições internas. Sobre se seria uma boa opção, diz que é pergunta para fazer ao ex-líder e não a ele. Mayan, que foi protagonista na apresentação de Carla Castro na quinta-feira, diz que não aceitou qualquer cargo para ser “um homem livre”. Diz, no entanto, que “seria tolo” se negasse que tem uma “projeção distinta” relativamente a outros militantes.

[Ouça aqui o episódio desta semana da Vichyssoise:]

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No dia de apresentação da candidatura de Carla Castro, disse que a candidata a presidente da IL teve coragem de avançar por enfrentar “unanimismos” dentro do partido. Isto significa que a outra candidatura de Rui Rocha, representa uma linha que vive dentro de uma redoma de poder e que não gosta de ser questionada?
O que esteve à vista pareceu ser isso. Eu sou um membro de base, como também afirmei no discurso de ontem. Portanto, eu estou, e estive nestes últimos tempos, absolutamente desligado de círculos de poder. Como qualquer membro de base, só posso ver o que é visível, o que é público. Às vezes sei mais rapidamente o que se passa no partido através do vosso jornal e da vossa rádio do que propriamente pela informação prestada internamente. E, portanto, o que vimos naquela altura foi de facto uma saída inopinada, mas que temos de aceitar, do João Cotrim Figueiredo. E, quase de forma imediato, o aparecimento de um sucessor.

Houve um “arranjinho” por parte de João Cotrim Figueiredo e dos mais próximos da direção para preparar a candidatura de Rui Rocha?
Remeto ao que já é de conhecimento público: quer o João, quer o Rui eles próprios afirmaram que isto era já conhecido pelo menos 15 dias antes do momento público de saída de um e de candidatura de outro.

Mas é ilegítimo haver este “arranjinho”?
É perfeitamente legítimo que, com a saída de um presidente — e reitero que a posição é pessoal do João e só tenho de a respeitar — seja aberto um processo eleitoral. Mas esse é um processo de escolha livre de todos os membros, entre os quais o próprio João, eu, o Rui e a Carla. E mais seis mil.

Às vezes sem mais rapidamente o que se passa no partido através do Observador e da Rádio Observador do que propriamente pela informação prestada internamente.

Durante a liderança de Cotrim Figueiredo não havia margem para pensar diferente?
De novo, o que posso afirmar é o que um membro de base vê. E o que um membro de base vê, e pode saber e ver, por exemplo, quanto ao que são os processos de decisão dentro da Comissão Executiva é praticamente nada. Nesse aspeto, tenho de afirmar que há uma enorme opacidade sobre como ocorrem os processos de decisão dentro do partido. Assim não posso saber se as coisas estão a correr bem ou mal. Claro que vamos ouvindo, no processo, mas eu enquanto membro de base sei é que não sei.

"Há intenção de dificultar [por parte da atual liderança da IL] ainda mais o que já era um regime relativamente opaco de acesso às decisões. "

Mas quer dar algum exemplo de onde é que essa opacidade se notaria?
Houve aqui uma enorme discussão relativamente à disponibilização das atas do Conselho Nacional. Era o direito de qualquer membro pedir as atas do Conselho Nacional. E até sei de situações de membros que as pediram e que foi um calvário longuíssimo para as poderem obter. Curiosamente — neste ano em que esta cisão é conhecida porque teve de ser tornada depois pública — fez-se uma alteração ao regimento do Conselho Nacional, eliminando esta possibilidade dos membros terem acesso às atas. Este é um pequeno exemplo de que, de facto, há intenção de dificultar ainda mais o que já era um regime relativamente opaco de acesso às decisões.

Por falar em transparência, no discurso disse que “o partido que, no país, propõe o portal da transparência tem de ser aberto nas suas decisões e nos contratos que celebra”. Que contratos não são transparentes na IL?
Como militante de base, não tenho acesso nem aprovo as contas do partido, nem o relatório. Mas pelo que sei e foi sendo transmitido, e não foi negado, nem o Conselho Nacional nem membros da Comissão Executiva têm informação completa de todos os contratos. Só têm informação das rubricas orçamentais e contabilísticas, mas não tem indicação de quais os contratos que estão celebrados pelo partido.

E há alguma suspeita sobre esses contratos?
Não se trata disso, mas de uma questão de simples transparência.

Devia haver um Base.gov, mas da IL, com os contratos que o partido faz?
Não. Eu nem digo que tenha que ser público, mas, quem vá decidir sobre eles, nomeadamente em aprovação de contas, tem de ter esse acesso.

Diz que nem a própria Comissão Executiva o tem, é isso?
Sim. Pelo que me foi transmitido e não foi negado, sim. Há, inclusive, dentro da própria Comissão Executiva atual, pessoas que não têm acesso a essa informação.

Indo ao atual do partido. Quando João Cotrim saiu disse que o fez porque sentiu que não tinha capacidade para cativar novos públicos e fazer o partido crescer. Nessa altura, a IL tinha 7,3% nas sondagens. Na última que saiu já só tem 6,7%. Preocupa-o esta tendência?
Não. A projeção externa do partido é uma história de sucesso. As sondagens são o que são. Flutuações sempre ocorreram nas sondagens da Iniciativa Liberal. 6,7% é o último número? Já tivemos menos do que isso.

Em setembro, tiveram 3%, sendo que ainda foi abaixo dos 3,2% que Tiago Mayan Gonçalves teve nas Presidenciais.
Sondagens são uma coisa, resultados são outra. O último resultado é o das Legislativas é absolutamente claro e garantido e permitiu-nos eleger oito deputados. Isso não está em causa nesta disputa para a Comissão Executiva, são temas internos.

"Liderança de Carla Castro não tem como paradigma o Comité Central do PCP"

A candidatura de Carla Castro tem sido acusada de poder levar a IL a desaparecer como aconteceu com o CDS por se afastar por completo da equipa que levou os liberais onde estão hoje. Uma rutura radical com o passado (na lista que foi apresentada só a própria Carla Castro e Paulo Carmona é que transitaram da equipa de Cotrim Figueiredo) pode ser o fim da IL?
Não há rutura nenhuma com o passado, há a apresentação de uma equipa distinta. A equipa tem a Carla, tem o Paulo, mas é um conjunto variadíssimo de pessoas, todas militantes da IL, todas com grandes contributos para o que é o sucesso do partido. É uma equipa de luxo e envolvida. Não há nenhuma quebra ou rutura, o que há é uma abordagem muito distinta de aspetos de liderança e gestão interna.

Entre as pessoas escolhidas muito poucas estiveram na liderança da IL que levou o partido onde está hoje. Não considera que esta forma de mudar radicalmente a Comissão Executiva possa prejudicar o partido?
Não. Porque acredito como será a liderança proposta pela Carla Castro, porque ela disse-o ontem. É uma liderança que não tem como paradigma o Comité Central do PCP, tem como paradigma um registo de liderança altamente participativo e que envolve toda a estrutura do partido. Se vamos estar lá todos a colaborar, não vejo que seja um problema.

Durante a apresentação em Aveiro lembrou a máxima de que a IL é um “partido de ideias, não de pessoas”. Então por que razão a candidatura de Carla Castro já apresentou a equipa, mas não a moção?
Há aqui uma abordagem altamente participativa e colaborativa dentro do que significa a liderança e a gestão da Carla Castro, que está neste périplo pelo país para ir buscar todos os contributos de todos os membros para reforçar o que será a sua moção. Não há moção estratégica de absolutamente nenhuma candidatura até ao momento.

"Infelizmente este ano houve alterações ao regulamento dos núcleos que preconizaram o que quase qualificaria de uma sovietização"

Só para esclarecer. Há pouco dizia que o paradigma da Comissão Executiva de Carla Castro não é o do Comité Central do PCP, o da atual comissão até aqui foi?
Enquanto membro de base e percebendo alguma opacidade das decisões e percebendo mais tarde que — mesmo dentro da Comissão Executiva há acessos distintos à informação e aos processos de decisão — tendo a achar que é um paradigma mais próximo desse [Comité Central do PCP] do que um paradigma liberal.

Está a referir várias vezes que é um membro base do partido, mas a verdade é que teve um grande protagonismo quando foi candidato às eleições Presidenciais. Quando é que chegou à conclusão de que o partido era opaco e que havia essas dificuldades na tomada de decisões?
Só cumpri funções de dirigente até ao final de 2021 e como presidente do Conselho de Jurisdição tinha acesso a um conjunto de informação, quando passei a ser membro de base…

Há uma espécie de castas no partido?
Não se trata de castas ou de sistemas ou processos. Somos um partido muito jovem, há processos que têm de ser desenvolvidos… Há formas de trabalhar quando é um partido de 90 pessoas em que estamos todos numa sala, mas quando já somos mais de seis mil temos de ser formalizados e é essa abordagem e esse esforço de construção de um partido que já não é só de 90 pessoas que teria de ser feito e que não sinto que tenha sido feito.

É um partido centralista na forma como tem sido gerido?
O partido foi concebido originalmente como um partido bastante descentralizado, as figuras dos núcleos territoriais no contexto do nosso partido é absolutamente única naquilo que é o paradigma de organização dos restantes partidos. Infelizmente este ano houve alterações ao regulamento dos núcleos que preconizaram o que quase qualificaria de uma sovietização. Aí também houve aspetos preocupantes de mudança e espero que sejam repostas as condições anteriores.

Na mesma apresentação de candidatura de Carla Castro, disse que havia “grandes diferenças” entre os candidatos, mas só a nível interno. Consegue apontar alguma diferença que seja de âmbito nacional?
Estes aspetos são cruciais para o que depois é o efeito na capacidade de projeção externa. O termos uma abordagem para os processos decisórios e para a preparação de um programa do partido, que seja mais colaborativo e trabalhe em rede, ou uma visão de que o programa foi preparado, ou pela presidente da Comissão Executiva ou por um pequeno grupo, tem efeitos muito diferentes do que vai ser esse esse programa. Um partido que preconize, de facto, a devolução da autonomia que foi retirada aos núcleos e que os potencie ou uma visão mais centralizada de gestão do partido também tem um efeito tremendo do que será a capacidade de projeção do partido no território . Todas as questões de gestão interna têm impacto na nossa projeção externa. O partido que defende princípios e valores liberais para o país tem de os aplicar internamente sob pena de ser incoerente.

Percebemos que na sua opinião estes princípios e valores não estão a ser cumpridos. Por que é que não avançou para se candidatar a nenhum órgão, nem na lista à Comissão Executiva que apoia nem no Conselho Nacional?
Sou um elemento de base, mas reconheço que dentro do partido tenho uma projeção distinta. Seria tolo não achar isso. Neste momento era mais importante, para mim, estar desvinculado de conflitos de interesses. Quero ser um homem livre nestas eleições e para isso não posso ser candidato.

Embora já tenha um certo tipo de vinculação a partir do momento em que apoia Carla Castro e é o protagonista na apresentação da lista.
Sim, um homem livre que pensa o seu partido.

Rui Oliveira/Observador

Também escreveu, no Twitter, “Eu tenho um crush político”, referindo-se a Carlos Guimarães Pinto. Se ele tivesse avançado seria uma boa opção?
Se tivesse avançado agora, não era o Carlos, sei que não avançaria.

É uma porta fechada ou ainda pode ser um dia novamente líder do partido?
Isso vai ter que lhe perguntar a ele. Do que conheço do Carlos e do seu posicionamento atual, das questões internas do partido, o Carlos quer e está a ser um excelente deputado e está 100% focado nisso. O foco não é envolver-se na gestão interna do partido, mas depois tomará as suas opções como um membro de base que também ele é.

Ricardo Valente demitiu-se do movimento de Rui Moreira. Numa reportagem da SIC parece ter havido pouco cuidado deste vereador que pertence à Iniciativa Liberal, um liberal pode-se permitir a ter falhas como apresentar uma empresa e descerrar uma placa de uma empresa que não conhece muito bem e ter problemas de corrupção?
Essas alegações sobre eventual corrupção têm de ser investigadas, naturalmente. Sendo verdadeiras no limite levarão a condenações, não há nenhum drama quanto a isso.

Não houve pouco cuidado de Ricardo Valente ao não se informar sobre a empresa?
Não é o Ricardo Valente que faz o due diligence de investimentos.

Mas há posições simbólicas. A Iniciativa Liberal não quer, por exemplo, que um responsável político vá ao Qatar pelo simbolismo já que é um país que viola os direitos humanos. Estar ao lado de uma empresa que tem casos de corrupção também é um ato simbólico que a IL por norma costuma condenar.
Há casos de corrupção na PT, na EDP, posso apontar uma série de empresas onde se pode demonstrar que houve um caso de corrupção. Não percebo a ligação. O caso de corrupção que alega não tem nada a ver com o investimento concreto que ali está feito, não há nada suspeito. Se formos para essa visão então não podemos ter investimento da PT, da EDP.

Não era só relativamente a isso, a Câmara diz que não sabe sequer quem era a empresa. Um vereador que descerra a placa devia no mínimo informar-se. Do ponto de vista liberal, a falta de competência, se fosse numa empresa, seria penalizada.
Não sei pormenores, só sei que aquele investimento concreto não foi canalizado pela Câmara Municipal do Porto. Se o dever de due diligence foi mal executado, não foi pela câmara municipal, mas pelas entidades do Estado central que canalizaram esse investimento.

Para terminar, sexta-feira foi aprovada a eutanásia no Parlamento, a Iniciativa Liberal chegou a votar a favor de um referendo, depois foi contra. Para um liberal não é importante ouvir as pessoas num assunto como a eutanásia? Dispensa-se o referendo?
Não vivemos numa democracia direta, não o podemos fazer, seria objetivamente impossível. Como liberal, pensando na Lei tal como está formulada, talvez tenha que formular mesmo uma posição contrária ao referendo. A Lei coloca os parâmetros desta vontade pessoal de forma absolutamente cristalina. Estar a impedir essa vontade pessoal por impedimento geral será até, do meu ponto de vista, iliberal.

Carne ou Peixe

Há eleições Presidenciais e só há duas opções (uma segunda volta por exemplo), quem escolhe para Belém: Paulo Portas e Luís Marques Mendes?
Sinceramente não consigo escolher, talvez Luís Marques Mendes.

Pode escolher um deputado para a bancada da IL, quem prefere: Pedro Passos Coelho ou Adolfo Mesquita Nunes?
Adolfo, claro.

Quem levava a fazer uma visita na freguesia onde é presidente: André Ventura ou Paulo Raimundo?
Levava o Paulo Raimundo para tentar desmistificar um dos mitos associados ao território da minha freguesia, que é alegadamente dos ricos. É um território altamente heterogéneo que representa todas as realidades sociais e nós estamos especialmente atentos a isso.

Quem levava para ver um jogo do FC Porto: Inês Sousa Real ou Catarina Martins?
Alguma delas é portista? Catarina Martins é do Porto, acredito que possa ser portista, talvez a levasse a ela. Ali não há política, há clubismo e queria era portistas ao meu lado.

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