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A assembleia sinodal tem decorrido num auditório com os participantes dispostos em mesas redondas — um cenário diferente dos sínodos anteriores

AFP via Getty Images

A assembleia sinodal tem decorrido num auditório com os participantes dispostos em mesas redondas — um cenário diferente dos sínodos anteriores

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Vaticano. Sínodo dos bispos entra na reta final, mas decisões sobre ordenação de mulheres ou bênção de casais LGBT não serão para já

A assembleia sinodal que decorre por estes dias no Vaticano tem alguns temas quentes na agenda, mas os participantes avisam: não se devem esperar decisões significativas nesta fase.

Em fevereiro de 2013, poucos dias depois de ter anunciado a decisão histórica de renunciar ao trono papal, Bento XVI encontrou-se no Vaticano com o clero da diocese de Roma para uma despedida. Nesse encontro, o Papa cessante partilhou com o clero romano algumas memórias e pensamentos do seu percurso, incluindo sobre um dos capítulos fundamentais da sua vida: a participação, como perito em teologia, no Concílio Vaticano II, a reunião magna dos anos 60 que reformou a Igreja Católica e lhe deu a forma que hoje a caracteriza.

Bento XVI nunca escondeu a sua desilusão com a aplicação do concílio nas décadas que se seguiram e, naquela ocasião, explicou porquê: “Havia o Concílio dos Padres — o verdadeiro Concílio — mas havia também o Concílio dos meios de comunicação, que era quase um Concílio à parte. E o mundo captou o Concílio através deles, através dos mass-media. (…) Para os mass-media, o Concílio era uma luta política, uma luta de poder entre diversas correntes da Igreja. Era óbvio que os meios de comunicação tomariam posição por aquela parte que se lhes apresentava mais condizente com o seu mundo.”

Seis décadas depois, poderá haver quem volte a ver a mesma dualidade no Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, um processo em curso desde 2021 que já foi apontado como “o acontecimento eclesial mais importante desde o Concílio Vaticano II”. Trata-se, como o Observador explicou neste artigo de perguntas e respostas, de um sínodo inédito: pela primeira vez, mulheres e leigos vão ter direito de voto numa assembleia sinodal (órgão colegial de aconselhamento do Papa), que, além disso, se centra em temas que resultam de um amplo processo de consulta de todos os crentes que começou há dois anos e passou pelas paróquias, movimentos, grupos, dioceses e conferências episcopais de todo o mundo. Este fim de semana, chega ao fim a primeira sessão da assembleia — a segunda será em outubro de 2024 —, com a redação de um documento que deverá apontar pistas de reflexão para o futuro, mas que não deverá ainda passar por decisões ou reformas concretas.

“O acontecimento eclesial mais importante desde o Concílio Vaticano II.” Oito perguntas e respostas sobre um sínodo inédito

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Sem surpresas, o resultado desse amplo processo de consulta trouxe à tona os temas mais quentes da Igreja Católica. Basta olhar para o relatório elaborado pela Conferência Episcopal Portuguesa com base nos elementos recolhidos nas paróquias, movimentos e dioceses do país para compreender o que está em causa: uma Igreja excessivamente hierarquizada, pouco transparente nos seus processos de decisão, antiquada, sem espaço para as mulheres, sem atenção aos jovens, que discrimina as pessoas LGBT, que não dá formação adequada aos seus sacerdotes, que evita o diálogo com o mundo contemporâneo, que continua a deixar os mais pobres à margem e que, em última análise, é incapaz de apresentar de modo eficiente a proposta cristã às comunidades dos dias de hoje.

Os contributos recolhidos em processos de escuta por todo o mundo foram usados para construir a agenda dos trabalhos que decorrem desde o dia 4 de outubro no Vaticano e que terminam este domingo. Mas, sem surpresas, uma parte muito significativa da atenção mediática está centrada nos temas mais controversos. Será este o sínodo que abrirá as portas, por exemplo, à ordenação sacerdotal de mulheres, ao fim da obrigatoriedade do celibato dos padres ou à bênção canónica de casais do mesmo sexo?

"O protagonista do Sínodo não somos nós, o Espírito Santo. (...) Não somos um parlamento, não somos as Nações Unidas. É algo diferente."
Papa Francisco

A atenção mediática sobre este sínodo é de tal ordem que, apesar do carácter reservado das discussões internas da assembleia sinodal, há uma comissão responsável pela comunicação a organizar conferências de imprensa diárias sobre o andamento dos trabalhos. Nessas ocasiões, bem como nos poucos discursos que têm sido transmitidos, os principais responsáveis do Sínodo têm procurado evitar que se repitam as frustrações do Concílio Vaticano II, alertando que não se devem esperar grandes decisões definitivas quando, este sábado, for conhecido o documento de síntese desta assembleia sinodal.

“Não esperem soluções ou decisões nesta etapa”

Logo na sessão de abertura, o Papa Francisco — que já em várias ocasiões tinha avisado que o sínodo não é um parlamento — pediu aos participantes “um certo jejum da palavra pública”, que permita que o sínodo seja uma “pausa da Igreja”. O principal responsável de comunicação do Vaticano, Paolo Ruffini, também já veio sublinhar que o objetivo do sínodo é alcançar uma certa “suspensão do tempo”, um “silêncio” que permita aos participantes da assembleia discernir, no decorrer de um diálogo livre, a vontade de Deus para a Igreja Católica.

“O protagonista do Sínodo não somos nós, o Espírito Santo”, sustentou o Papa na abertura da assembleia sinodal, no dia 4 de outubro. “Não somos um parlamento, não somos as Nações Unidas. É algo diferente.”

Como analisava em 2020 o vaticanista americano John L. Allen Jr., a ideia de sinodalidade, que caracteriza a Igreja Católica desde a sua fundação, distingue-se das lógicas de uma democracia secular, em que “o poder vai de baixo para cima, a partir do consentimento dos governados”. Pelo contrário, na Igreja Católica, o poder vem “da vontade soberana de Deus” e a sinodalidade é justamente o processo em que “toda a Igreja, a começar pelos bispos”, tenta “compreender o que é que Deus quer perante um conjunto particular de desafios”.

Isso obriga os participantes da assembleia a procurarem, na medida do possível, abstrair-se da pressão mediática em torno dos resultados desta reunião do Sínodo dos Bispos — um organismo formalmente criado na década de 60 pelo Papa Paulo VI para ajudar o pontífice no governo da Igreja Católica, e que se inspira na longa tradição católica dos sínodos e concílios para a tomada coletiva de decisões, não por maioria democrática, mas por discernimento espiritual através do diálogo.

Na última quarta-feira, quando os trabalhos do sínodo entravam na quarta etapa, dedicada às questões da “participação, funções de responsabilidade e autoridade” na Igreja Católica, o relator-geral desta assembleia, o cardeal luxemburguês Jean-Claude Hollerich reiterou o alerta perante os participantes: “Este Sínodo será avaliado com base nas mudanças percetíveis que dele resultarão. Os grandes meios de comunicação social, especialmente os mais distantes da Igreja, estão interessados em possíveis mudanças num número muito limitado de assuntos.”

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O cardeal Hollerich é o relator geral desta assembleia sinodal

Mondadori Portfolio via Getty Im

Na sua intervenção de abertura da nova etapa dos trabalhos, Hollerich lembrou também que, no final desta assembleia sinodal, não vai ser produzido um documento final, como aconteceu nas outras assembleias no passado: como o Papa decidiu prolongar por mais um ano o processo sinodal, esta assembleia é apenas a primeira sessão da 16.ª assembleia geral. Em outubro de 2024, realiza-se a segunda sessão — e só aí será elaborado um documento final, que poderá dar origem a uma exortação apostólica por parte do Papa Francisco. Para já, será apenas feito um “relatório de síntese”, com as conclusões da discussão sinodal — e esse documento voltará às dioceses para mais um ano de debate entre os católicos.

“O fim desta primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos coincide com o início de uma fase igualmente importante do processo: o tempo entre as duas sessões, que nos verá empenhados em devolver às Igrejas de onde viemos os frutos do nosso trabalho, recolhidos no Relatório de Síntese, e sobretudo em acompanhar os processos locais que nos fornecerão os elementos para concluir o nosso discernimento no próximo ano”, disse o cardeal Hollerich, citado pela Agência Ecclesia.

Antes, o mesmo cardeal — o homem escolhido pelo Papa para coordenar a redação do documento que vai resultar desta assembleia — já tinha avisado, durante o momento da abertura do sínodo, que era preciso evitar que a assembleia fosse considerada como uma batalha entre fações rivais da Igreja. “Temos um texto para partir: o ‘Instrumentum laboris’. É fruto do processo sinodal que envolveu todo o Povo de Deus. O processo não está concluído; agora está confiado ao nosso discernimento. Não deveria ser uma batalha entre as posições A e B”, disse Hollerich aos quase 400 participantes do sínodo, que durante estes dias se têm reunido em torno de mesas redondas na Aula Paulo VI, em Roma (em vez do habitual auditório onde decorriam estas assembleias), onde participam nos trabalhos dos grupos linguísticos e também nos plenários.

Esta última semana dos trabalhos do sínodo foi especialmente centrada na discussão e preparação do relatório de síntese que é aprovado este sábado. Depois de uma pausa nos trabalhos no último domingo, os participantes da assembleia sinodal dedicaram-se a um dia de reflexão teológica e de discussão sobre uma “carta ao povo de Deus” — um convite enviado pelo sínodo a todos os católicos do mundo, desafiando-os a envolverem-se na fase que agora começa e que passa pela discussão, a nível paroquial, diocesano e nacional dos conteúdos que resultarem da assembleia.

Nessa carta, os membros da assembleia sinodal sublinham como, pela primeira vez, “homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates mas também nas votações”. E deixam uma pergunta: “E agora? Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra ‘sínodo’. Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica.”

“Os desafios são muitos, as questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos”, diz a carta, que sublinha ainda como a Igreja tem agora de “acolher” todas as vozes, — das famílias, dos leigos, dos padres, dos consagrados e também de todos os que não partilham a sua fé. “Não tenhamos medo de responder a este apelo”, pedem os membros da assembleia.

Depois da redação da carta, os dias seguintes da semana foram dedicados a diversas apresentações e discussões em torno do próprio relatório de síntese — tanto em plenário como em grupos linguísticos, como aconteceu em todo o sínodo. Segundo a agenda oficial dos trabalhos, na manhã de sábado, deverá ser lido o relatório de síntese perante o plenário. Para a tarde de sábado está agendada a aprovação final do documento — e no domingo acontece o encerramento solene do sínodo, com uma missa presidida pelo Papa Francisco na basílica de São Pedro.

Perante a grande expectativa sobre o que virá no relatório, a palavra de ordem dentro da assembleia foi de cautela. Na terça-feira da semana passada, na conferência de imprensa diária sobre o andamento dos trabalhos, o cardeal espanhol Cristóbal López Romero, que é o atual arcebispo de Rabat, em Marrocos, foi um dos escolhidos para falar aos jornalistas — e colocou água na fervura, pedindo “paciência e esperança” a quem, a partir de fora, aguarda pelos resultados da reunião magna. “Não esperem soluções ou decisões nesta etapa”, avisou mesmo o cardeal.

Com resposta a conservadores, Papa quis esvaziar sínodo de polémicas

Mesmo antes do arranque do sínodo, já era possível antever pelo menos dois grandes aspetos em que este processo poderá marcar a Igreja Católica no futuro. Por um lado, a discussão aberta sobre os temas “quentes” como a ordenação de mulheres ou a atualização do pensamento da Igreja sobre as pessoas LGBT passam, definitivamente, a ter lugar nos contextos oficiais de mais alto nível da instituição; por outro lado (e este será possivelmente o principal legado deste sínodo), o próprio modo de tomar decisões dentro da Igreja Católica muda radicalmente, com o modelo clericalista do passado a ser substituído pela participação integral de todos os membros da Igreja, dando poder de voto aos leigos e às mulheres.

"Os críticos poderão argumentar que o Papa antecipou o debate sinodal, substituindo a sabedoria coletiva do grupo pela sua própria autoridade pessoal e questionando se os três anos de preparação e consulta foram uma perda de tempo, pelo menos no que respeita a estes dois assuntos."
John L. Allen Jr., vaticanista

Ambos estes aspetos ameaçavam aprofundar ainda mais as fortes tensões entre as alas mais progressistas e as alas mais conservadoras da Igreja Católica.

Foi o que aconteceu quando, apenas dois dias antes do arranque do sínodo, foi noticiado que um grupo de cinco cardeais tinha remetido um conjunto de cinco dubia ao Papa Francisco sobre temas como a possibilidade de a Igreja abençoar casais do mesmo sexo, a abertura da ordenação sacerdotal às mulheres ou a própria sinodalidade como método de orientação da Igreja. Dubia, o plural da palavra latina dubium, que significa “dúvida”, é um mecanismo formal de pedido de esclarecimento dentro da Igreja Católica: cardeais, bispos e outros elementos da Igreja podem formular perguntas à Santa Sé para clarificar determinadas questões da doutrina católica, e o Vaticano responde “sim” ou “não”.

Dois dos cardeais que assinaram a lista de perguntas já não são estreantes nestas andanças. O americano Raymond Burke e o alemão Walter Brandmüller há muito que fazem parte da linha da frente da oposição ultraconservadora ao Papa Francisco. Ambos fizeram parte do grupo de cardeais que, em 2016, enviou um conjunto de dubia ao Papa Francisco na sequência da publicação da exortação apostólica Amoris Laetitia, que abriu grande controvérsia por o Papa ter aberto a porta à comunhão dos divorciados que voltaram a casar (pode recordar alguns detalhes dessa polémica neste explicador do Observador).

O Papa Francisco nunca responderia às dubia daqueles cardeais, o que gerou enorme mal estar entre os mais conservadores — e tornou-se até motivo de piada frequente dentro da Igreja. Isto porque, como nota a Agência de Notícias Católica, o Vaticano tem respondido a outras dubia nos últimos anos. Aconteceu em 2021, quando o Vaticano respondeu negativamente a uma dubium sobre se a Igreja tem o poder para abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo e emitiu ainda respostas a várias dubia sobre as mudanças introduzidas pelo Papa Francisco no acesso à missa tradicional, em latim.

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O Papa Francisco na mesa da presidência do sínodo dos bispos — uma das muitas mesas redondas onde os participantes estão reunidos

Mondadori Portfolio via Getty Im

O desconforto em relação à ausência de respostas do Papa aos cardeais conservadores aprofundou-se ainda mais quando, em janeiro deste ano, Francisco respondeu em poucos dias, numa carta manuscrita, ao padre jesuíta americano James Martin, que lhe tinha feito uma série de perguntas sobre a sua opinião em relação às pessoas LGBT. Martin, que é conhecido pelo seu trabalho pastoral junto da comunidade LGBT, partilhou as respostas na sua página de internet: foi nessa resposta que Francisco considerou abertamente que criminalizar a homossexualidade é errado.

Agora, em conjunto com o cardeal chinês Joseph Zen Ze-kiun, com o cardeal mexicano Juan Sandoval Íñiguez e com o cardeal guineano Robert Sarah, Burke e Brandmüller voltaram à carga. Os cardeais terão enviado um conjunto de perguntas ao Papa em julho deste ano e o Papa respondeu-lhes um dia depois, mas a resposta não agradou aos cardeais. Em vez de resolver as dúvidas, “aprofundou-as”, disseram os cardeais, que reformularam o documento de modo a exigir uma resposta de “sim” ou “não” e reenviaram-no em agosto.

Na primeira dubium, os cardeais perguntam se a revelação divina deve passar a ser interpretada segundo as mudanças culturais de cada tempo; na segunda, questionam o Papa sobre a possibilidade de a Igreja aceitar que há um “bem possível” em “situações de pecado objetivo”, como uniões entre pessoas do mesmo sexo; na terceira, lembrando que o Sínodo dos Bispos é um “mero órgão consultivo do Papa”, perguntam se a sinodalidade deve mesmo passar a ser o critério supremo para o governo da Igreja; na quarta, interrogam o Papa sobre se ainda permanecem válidos os pronunciamentos dos papas Paulo VI e João Paulo II sobre a impossibilidade de ordenar mulheres; e, por fim, perguntam se continua em vigor o ensinamento da Igreja segundo o qual o arrependimento e a decisão de não repetir o pecado é essencial para a absolvição. Para os cinco cardeais, o envio das perguntas foi motivado pelas muitas declarações de vários “prelados bem colocados na hierarquia” — cujos nomes não são apontados — a propósito do sínodo, que têm gerado “confusão” entre os fiéis por serem “contrários à doutrina e à disciplina constantes da Igreja”.

Dois dias antes do arranque do sínodo, o Papa Francisco decidiu divulgar as suas respostas às questões. “Embora acredite que nem sempre é prudente responder às questões que me são diretamente endereçadas, e seria impossível responder a todas elas, neste caso, dada a proximidade do sínodo considero apropriado fazê-lo”, escreveu o Papa.

Sobre a primeira questão, Francisco assumiu que a revelação é imutável, mas sublinhando que a Igreja tem de ter a humildade de reconhecer como as mudanças culturais e históricas podem promover uma melhor expressão do magistério da Igreja — e todos os textos, da Bíblia aos documentos dos papas, devem ser interpretados para que distinga o seu conteúdo perene das suas condicionantes culturais. A título de exemplo, o Papa aponta excertos da Bíblia e de documentos papais que toleravam a escravatura e que hoje precisam de enquadramento histórico para serem compreendidos. Já relativamente à questão das mulheres, Francisco confirmou que os pronunciamentos dos papas anteriores se mantêm válidos (mas manteve a porta aberta ao estudo desta realidade). E, sobre a quinta questão, garantiu que o arrependimento é necessário para a absolvição dos pecados, mas sublinhou que há várias formas diferentes de o manifestar.

Porém, é na segunda e na terceira questão que se encontram os grandes destaques deste pronunciamento de Francisco. Sobre a possibilidade de abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo, o Papa reafirmou que a posição da Igreja sobre o casamento se mantém inalterada — tem de ser entre um homem e uma mulher e estar aberto aos filhos —, mas sublinhou que é necessário que a Igreja tente compreender se há formas de abençoar outras uniões sem passar uma “ideia errada de casamento”. Por outras palavras: abriu as portas à formalização de um ritual litúrgico destinado a abençoar casais do mesmo sexo, embora sem o colocar na mesma categoria que o casamento.

Sobre a questão da sinodalidade, o Papa Francisco recorre à ironia para recordar que os próprios cardeais, com as suas perguntas, reclamam a sua “necessidade de participar”, de “expressar livremente a opinião” e de “colaborar” — ou seja, reivindicam, eles próprios, “uma forma de sinodalidade” no exercício do cargo do Papa.

A decisão do Papa Francisco de publicar as respostas às dubia a dois dias do arranque do sínodo foi interpretada de maneiras diferentes e contraditórias. John L. Allen Jr., um dos mais conceituados vaticanistas, comentou recentemente que a publicação das respostas de Francisco fez o sínodo começar “48 horas antes da sua abertura formal”, e reconheceu: “Os críticos poderão argumentar que o Papa antecipou o debate sinodal, substituindo a sabedoria coletiva do grupo pela sua própria autoridade pessoal e questionando se os três anos de preparação e consulta foram uma perda de tempo, pelo menos no que respeita a estes dois assuntos [a ordenação de mulheres e a benção de uniões homossexuais].”

Contudo, diz ainda Allen, há outra forma de olhar para esta decisão do Papa — e a ponta do véu foi levantada na última terça-feira pelo bispo australiano Anthony Randazzo, um dos participantes do sínodo que falaram numa das conferências diárias. Aos jornalistas, o bispo australiano recordou como, em 1965, durante a reta final do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI procurou evitar uma possível divisão ideológica em torno do celibato sacerdotal com uma intervenção radical: chamando a si a decisão final e retirando-a da discussão do concílio. Graças a essa intervenção, explicou Randazzo, o Papa evitou aquilo que parecia inevitável numa altura em que um grupo de 43 bispos participantes no concílio já estavam alinhados para apoiar o casamento dos padres.

No entender de Allen, mesmo não tendo Paulo VI resolvido definitivamente o assunto do celibato dos padres (que ainda hoje é tema de debate), “conseguiu pelo menos evitar que o Concílio Vaticano II fosse desviado por uma única questão controversa na sua reta final”. Francisco terá tentado fazer o mesmo: evitar que o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, que é um dos grandes projetos do seu pontificado, se resumisse a um conflito ideológico em torno da ordenação das mulheres ou da bênção de casais LGBT, temas com capacidade para ofuscar o principal legado do sínodo — a participação da totalidade dos crentes na tomada de decisão dentro da Igreja, através de um processo aberto a discutir todos os temas e a olhar para a instituição de um ponto de vista verdadeiramente universal.

Entre alguns participantes do sínodo, a intervenção do Papa Francisco a dois dias do arranque da assembleia foi compreendida justamente assim. Segundo o jornal Crux, numa das conferências de imprensa diárias da semana passada, alguns participantes consideraram que o pronunciamento de Francisco acerca da questão da ordenação das mulheres e da bênção de casais do mesmo sexo “eliminou a distração de se ficar preso a assuntos específicos, criando espaço para a discussão de outros assuntos”.

A teóloga australiana Renée Köhler-Ryan, uma das mulheres leigas com direito de voto neste sínodo, destacou nessa conferência de imprensa que não está especialmente centrada no problema da ordenação feminina. “Penso que é colocada demasiada ênfase nesta questão e o que acontece quando colocamos demasiada ênfase nesta questão é que nos esquecemos daquilo de que a maioria das mulheres precisa no mundo”, sustentou. “Muitas pessoas estão muito focadas nesta ideia de que só se as mulheres forem ordenadas é que vão ter algum tipo de igualdade.”

"Penso que é colocada demasiada ênfase nesta questão e o que acontece quando colocamos demasiada ênfase nesta questão é que nos esquecemos daquilo de que a maioria das mulheres precisa no mundo. Muitas pessoas estão muito focadas nesta ideia de que só se as mulheres forem ordenadas é que vão ter algum tipo de igualdade."
Renée Köhler-Ryan, teóloga australiana

Contudo, acrescentou Köhler-Ryan, há assuntos relacionados com a vida das mulheres de que a Igreja não se pode esquecer — como garantir que as mulheres não se veem forçadas a escolher entre uma carreira profissional e a constituição de uma família. “Penso que essa é uma discussão muito mais interessante para a maioria das mulheres do que aquilo que penso que é um assunto de nicho”, sublinhou a teóloga.

“Temos tempo para rezar e aprofundar as questões”

Ao longo das últimas três semanas, os quase 400 participantes do sínodo estiveram reunidos no Vaticano, alternando entre plenários e reuniões dos grupos de trabalho mais pequenos, organizados por grupos linguísticos, para discutir os vários assuntos incluídos no documento de trabalho preparado com base na consulta feita aos católicos de todo mundo entre 2021 e 2023. O grande tema — o caminho rumo a uma “Igreja sinodal”, que se caracteriza pelo caminho em conjunto com todos os fiéis  — obrigou os participantes a debater assuntos como a partilha de responsabilidade e autoridade, o diálogo ecuménico e religioso, a atenção aos mais pobres, a “promoção da dignidade batismal das mulheres” e as próprias lógicas que regem o trabalho dos padres e dos bispos em relação com a totalidade dos fiéis.

O resultado deste trabalho ficará plasmado no relatório de síntese, e a ideia é que a síntese desta primeira sessão regresse às mãos de todos os católicos do mundo e possa servir para alimentar mais um ano de debates nos vários níveis — nas paróquias, movimentos e dioceses.

Sendo ainda cedo para saber o que vai constar do documento final, é certo que vai conter mais perguntas do que respostas. Os vários participantes que têm falado aos jornalistas têm procurado diminuir as expectativas de que o sínodo sirva para implementar grandes reformas ou para mudar o que quer que seja nas regras de funcionamento da Igreja contemporânea. O documento que resultará das discussões e votações de 365 elementos, incluindo 54 mulheres e várias dezenas de leigos, deverá conter pistas para novas reflexões — e, sobretudo, lançar as bases para um novo modelo de debate e tomada de decisão dentro da Igreja.

No início desta semana, quando os participantes do sínodo se lançaram ao trabalho de começar a elaborar o documento final, o cardeal austríaco Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, falou aos jornalistas sobre o processo, para destacar que o fundamental é conseguir transmitir aos católicos o que foi a própria experiência do sínodo. “A sinodalidade é o modo de exercer, de viver a comunhão”, sustentou, citado pela Ecclesia. “O método é a escuta, em primeiro lugar”, acrescentou ainda, destacando que é necessário “repensar a grande visão da Igreja” que foi apresentada pelo Concílio Vaticano II.

Depois da aprovação do documento de síntese, a ideia é que haja onze meses de “espera ativa”, considerou esta semana o frade dominicano Timothy Radcliffe, um dos assistentes espirituais do sínodo. Será o período mais fértil do sínodo, defendeu, sublinhando que os resultados destas três semanas de discussão serão “sementes” semeadas no solo da Igreja, que “darão frutos” no futuro.

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Quase 400 delegados participam na assembleia sinodal em curso

Corbis via Getty Images

A abordagem doutrinal à comunidade LGBT será, de qualquer forma, um dos temas sobre os quais há maior expectativa. Numa conferência de imprensa esta semana, o arcebispo de Riga (Letónia), Zbigņevs Stankevičs, falou sobre a sua própria “conversão pessoal” neste assunto. Stankevičs nunca escondeu uma opinião radical contra a homossexualidade. Em 2014, numa entrevista ao portal conservador católico americano LifeSiteNews, não hesitou em dizer que “as relações homossexuais estão a destruir a nossa identidade humana”.

Na última semana, o arcebispo letão lembrou que passou “por uma conversão pastoral” relativamente a este assunto, inspirado pela atitude do Papa Francisco. “Antes, eu só julgava estas pessoas”, assumiu Stankevičs. “Pouco a pouco, comecei a compreender o que é evidente, mas tive de passar pelo processo para o descobrir.” Ainda assim, o arcebispo sublinhou que qualquer relação sexual fora do casamento, homossexual ou heterossexual, é um pecado — o que não é contraditório com a possibilidade de a Igreja acolher e abençoar as pessoas homossexuais que querem viver de acordo com a proposta cristã.

Também na semana passada, à margem do sínodo, o Papa Francisco encontrou-se no Vaticano com a freira americana Jeannine Gramick, que fundou a organização “New Ways Ministry”, uma comunidade católica focada na pastoral para a comunidade LGBT. Gamick, que no passado já teve vários problemas com a hierarquia católica devido ao seu trabalho com a população LGBT, agradeceu ao Papa a sua disponibilidade para pensar numa forma de a Igreja formalizar a bênção a casais do mesmo sexo.

Dentro da assembleia sinodal, o tema da identidade sexual ocupou uma das manhãs do trabalho. Segundo o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, a discussão evidenciou divisões sobre a “necessidade de maior discernimento” sobre o assunto, embora tenha havido um apelo a “rejeitar qualquer forma de homofobia” dentro da Igreja. Ainda de acordo com Ruffini, alguns dos participantes chamaram atenção para o facto de “muitas dificuldades” na relação entre a Igreja e a comunidade LGBT surgirem “do desconhecimento do percurso pessoal de cada pessoa”.

Também no que respeita à promoção da dignidade das mulheres no contexto da Igreja, o sínodo poderá oferecer pistas para novas reflexões. Mas um dos participantes da assembleia, o padre Mauro Giuseppe Lepori, abade da Ordem Cisterciense e um dos representantes da vida monástica no sínodo, comentou recentemente que é fundamental olhar para o assunto a partir “da consciência da Igreja”, e não a partir de um “tema jornalístico” na ordem do dia.

“O importante que está a ser considerado é a participação das mulheres na vida da Igreja, reconhecendo a sua dignidade batismal. Começa-se a falar do diaconado, creio que do sacerdócio das mulheres ainda não. Mas o importante não é enfrentar este tema jornalístico, mas a partir da consciência da Igreja, da vocação do homem e da mulher na Igreja, do que significa o sacramento da ordem. Isso implica uma abordagem profunda e pacífica”, sustentou, durante uma conferência de imprensa, em que acrescentou também que a experiência da Ordem de Cister pode ser útil. “Monges e monjas integram a mesma ordem e no governo, abades e abadessas fazem parte do capítulo geral, sem distinção.”

Na semana passada, ao abrir uma fase dos trabalhos pensada para discutir as questões “difíceis” que foram lançadas no processo sinodal, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator do sínodo, deixou a pergunta aos participantes: “Como é que podemos fazer com que as mulheres se sintam parte integrante desta Igreja missionária? Será que nós, os homens, nos apercebemos da diversidade e da riqueza dos carismas que o Espírito Santo deu às mulheres?”

"Não demos respostas apressadas que não considerem todos os aspetos dessas difíceis questões. Temos teólogos que podemos consultar, e temos tempo para rezar e aprofundar as questões que identificamos agora, a fim de chegarmos a uma conclusão na segunda sessão de outubro de 2024."
Cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do sínodo

“Não demos respostas apressadas que não considerem todos os aspetos dessas difíceis questões. Temos teólogos que podemos consultar, e temos tempo para rezar e aprofundar as questões que identificamos agora, a fim de chegarmos a uma conclusão na segunda sessão de outubro de 2024”, disse Hollerich, reforçando novamente a ideia de que esta assembleia sinodal não deverá resultar em decisões definitivas. Uma das vozes que se ouviram no sínodo nesse dia foi a da irmã Liliana Franco, presidente da Confederação Latinoamericana de Religiosas e Religiosos, que sublinhou o “desejo e imperativo de maior presença e participação das mulheres na Igreja”, segundo a Ecclesia.

“Não existe ambição de poder nem sentimento de inferioridade, nem busca egolátrica de reconhecimento, há um clamor para viver com fidelidade o projeto de Deus, que quer que no povo, com quem fez aliança, todos se reconheçam na condição de irmãos”, acrescentou. “É um desejo de viver de forma consciente e coerente, com dignidade comum que o Batismo dá a todos. É um desejo de servir.”

Mas, além das duas questões mais controversas que têm atraído especial atenção mediática — a questão LGBT e a ordenação de mulheres —, o Papa Francisco procurou abrir espaço no sínodo para outros temas e tentou que a assembleia não ficasse obcecada com aqueles dois tópicos.

Francisco convidou, por exemplo, o italiano Luca Casarini, chefe de missão do “Mediterranea Saving Humans” — um navio humanitário que se dedica ao resgate de migrantes no mar Mediterrâneo. “No meio do mar, sozinhos, encontramos os nossos irmãos e irmãs num ponto específico — e naquele momento encontram-se duas pobrezas: somos pobres de espírito. Neste nosso mundo ocidental consideramos normal o horror e isso significa que caímos numa pobreza desoladora”, contou o convidado especial do Papa, que quis colocar o drama dos refugiados no centro do sínodo.

O Papa quis ainda chamar a atenção para a necessidade de a Igreja encontrar respostas para os pobres do mundo de hoje — e, durante o sínodo, recebeu para um almoço no Vaticano um grupo de pessoas pobres de Roma para lhes perguntar o que esperam da Igreja Católica.

Papa com palavras duras contra clericalismo e carreirismo na Igreja

O combate ao clericalismo — a perversão das lógicas de serviço, autoridade e poder dentro da Igreja que durante séculos levou a instituição a girar em torno do clero — é outra das prioridades do sínodo. “Nos lugares onde reina o clericalismo, há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão”, avisou o cardeal Hollerich numa das sessões, em que pediu disponibilidade para debater uma Igreja “saudavelmente descentralizada”. O mesmo cardeal também lembrou aos participantes a necessidade de olhar para o mundo digital como “um novo território de missão”.

Mas foi o Papa Francisco quem, numa intervenção já na reta final do sínodo, foi mais longe na crítica ao clericalismo e ao carreirismo no contexto da Igreja. “O povo de Deus, o santo povo fiel de Deus, segue em frente com paciência e humildade, suportando o desprezo, maus-tratos, marginalizações por parte do clericalismo institucionalizado. Com quanta naturalidade falamos de príncipes da Igreja ou de promoções episcopais, como subidas na carreira”, acusou Francisco, em declarações citadas pela Ecclesia.

O pontífice visou especialmente os membros do clero que “ultrapassam o seu serviço e maltratam o povo de Deus”. Esses, disse o Papa, “desfiguram o rosto da Igreja com atitudes machistas e ditatoriais”.

Para Francisco, uma Igreja centrada no poder dos membros do clero corre o risco de se tornar num “supermercado da salvação” cujos padres são “empregados de uma multinacional”. O Papa classificou mesmo como “doloroso” a existência, nas paróquias, de uma “‘lista de preços’ dos serviços sacramentais, como num supermercado”.

"É a grande derrota, que nos leva ao clericalismo, isto com muita pena e escândalo. Basta ir às alfaiatarias eclesiásticas de Roma para ver o escândalo de jovens sacerdotes, experimentando batinas e chapéus, ou albas e roquetes com rendas."
Papa Francisco

“A Igreja ou é povo fiel de Deus, em caminho, santo e pecador, ou acaba por tornar-se numa empresa de serviços diversos”, disse Francisco, que também lamentou que a mentalidade clericalista se esteja a intensificar especialmente nas novas gerações de padres. “É a grande derrota, que nos leva ao clericalismo, isto com muita pena e escândalo. Basta ir às alfaiatarias eclesiásticas de Roma para ver o escândalo de jovens sacerdotes, experimentando batinas e chapéus, ou albas e roquetes com rendas.”

O clericalismo, disse o Papa, é um “chicote” que “escraviza o santo povo fiel de Deus”. Lembrando que também Jesus fugiu aos “esquemas políticos do seu tempo”, evitando a tentação de criar a Igreja como uma “corporação fechada”, Francisco destacou que a Igreja é um “povo simples e humilde, que caminha na presença do Senhor” — que contrasta com uma ideia de Igreja marcada pelo carreirismo.

Numa das últimas sessões com os jornalistas, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, defendeu que, na Igreja, a autoridade é “exercida com os pés descalços”. Ainda que o bispo, na sua diocese, tenha a “última palavra”, não pode ter “a única” palavra. É imperioso, disse Ruffini, “evitar o autoritarismo” no contexto da Igreja Católica, já que a “autoridade não é dominação, mas serviço”.

Igreja com atenção aos “sinais dos tempos”

Portugal está representado nesta assembleia sinodal pelos bispos José Ornelas (Leiria-Fátima) e Virgílio Antunes (Coimbra), respetivamente o presidente e o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Além de participarem nos plenários, estão também integrados no grupo de língua portuguesa para os trabalhos em “círculos menores”.

A própria disposição da sala em mesas redondas — o próprio Papa está integrado numa das mesas redondas — é, para José Ornelas, um primeiro sinal de uma mudança de paradigma. “Isto significa já um passo daquilo que queremos numa Igreja sinodal: uma Igreja que junta irmãos e irmãs de todo o mundo, que pela primeira vez tem mulheres também com direito ao uso da palavra e do voto, e que procura caminhos novos, discernindo à luz da oração, da escuta mútua, implorando a presença do Espírito de Deus”, disse recentemente, citado pela Ecclesia.

Virgílio Antunes, por seu turno, destacou na mesma ocasião a importância de ter em conta “a revelação, as Sagradas Escrituras, a tradição”, mas com uma capacidade de olhar “para os sinais dos tempos e para aquilo que é o mundo, que são as pessoas, nas suas alegrias, nas suas dores, nas suas dificuldades”.

“Deste conjugar de tantos esforços, tantas pessoas, tantas perspetivas, todos a procurar fazer caminho à luz do Espírito Santo e assente nos fundamentos da fé, havemos de chegar às melhores conclusões, que entregaremos ao Santo Padre para que, como sucessor de Pedro, possa considerar tudo e possa apresentar à Igreja aquilo que todos juntos, sinodalmente, percebemos que são os caminhos a que é chamada”, sublinhou o bispo de Coimbra.

 
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