- O que é a Perturbação da Oposição e Desafio (POD)?
- Quais são os principais sintomas?
- Ter estes comportamentos significa que a criança tem esta perturbação?
- Quais são os fatores de risco para desenvolver esta perturbação?
- Que impacto tem isto na vida da criança e dos outros?
- A criança ou adolescente tem noção que os seus comportamentos são desadequados?
- Como é que os pais devem reagir a estes comportamentos?
- Como se trata esta perturbação?
- Pode haver outras doenças associadas?
- Esta perturbação pode dar origem a outros problemas na vida adulta?
Explicador
- O que é a Perturbação da Oposição e Desafio (POD)?
- Quais são os principais sintomas?
- Ter estes comportamentos significa que a criança tem esta perturbação?
- Quais são os fatores de risco para desenvolver esta perturbação?
- Que impacto tem isto na vida da criança e dos outros?
- A criança ou adolescente tem noção que os seus comportamentos são desadequados?
- Como é que os pais devem reagir a estes comportamentos?
- Como se trata esta perturbação?
- Pode haver outras doenças associadas?
- Esta perturbação pode dar origem a outros problemas na vida adulta?
Explicador
O que é a Perturbação da Oposição e Desafio (POD)?
É uma perturbação que se caracteriza por muita raiva, com um padrão de comportamento hostil e agressivo: questionador, desafiador e rancoroso ou vingativo. Surge habitualmente na infância e estima-se que afecte em média, cerca de três por centos das crianças e adolescentes, sendo este “humor irritável” mais frequente em rapazes.
Quais são os principais sintomas?
De acordo com a psicóloga clínica Anabela Vitorino Costa, os sintomas mais característicos são:
- Perder a calma e ficar colérico com facilidade;
- Manifestar frequentemente raiva e ressentimento;
- Desafiar com frequência os pedidos dos adultos e recusar-se a cumprir regras;
- Ter tendência a incomodar ou aborrecer as outras pessoas de propósito;
- Culpar os outros pelos seus erros ou mau comportamento;
- Mostrar-se rancoroso e vingativo.
Estes sintomas podem surgir num contexto específico e com algumas pessoas em particular ou de forma generalizada
Ter estes comportamentos significa que a criança tem esta perturbação?
Nem sempre. Alguns destes comportamentos isolados podem surgir no âmbito de um desenvolvimento normal, sobretudo em crianças de idade pré-escolar, que, nesta fase, estão a testar limites, pelo que é preciso avaliar a frequência, persistência, intensidade e quantidade de sintomas para fazer um diagnóstico.
Para estar perante esta perturbação, tem de haver pelo menos um conjunto de quatro sintomas que persistem por um período de seis meses e que se manifestam na relação com pelo menos uma pessoa – que não seja um irmão.
Perante este tipo de maneira de ser e estar, Anabela Vitorino Costa recomenda que os pais procurem a ajuda de um profissional de saúde mental que faça uma avaliação. A psicóloga refere que é frequente que este tipo de conduta, por desconhecimento, seja negligenciado pelos pais, que consideram as crianças ou adolescentes “apenas mal-comportados ou impertinentes”.
Quais são os fatores de risco para desenvolver esta perturbação?
O desenvolvimento de POD não pode ser atribuído a uma única causa. Acredita-se que está relacionado com um conjunto de fatores.
Anabela Vitorino Costa refere que a literatura científica menciona como relevantes os fatores temperamentais, “relacionados com problemas de regulação emocional, nomeadamente níveis elevados de reatividade emocional e baixa tolerância a frustrações”; os fatores ambientais, onde se destaca o contexto familiar, nomeadamente, “as práticas agressivas, inconsistentes ou negligentes na educação dos filhos” e fatores genéticos e fisiológicos, já que foram identificadas alterações neurobiológicas associadas a esta perturbação em duas partes concretas do cérebro: o córtex pré-frontal e a amígdala.
Que impacto tem isto na vida da criança e dos outros?
Estas são crianças ou adolescentes que, por causa do seu comportamento intempestivo, estão frequentemente envolvidas em brigas, conflitos e discussões. Por um lado, “causam desacatos com os pares, pela sua impulsividade e irritabilidade” e, por outro, “levam muitas vezes os adultos ao limite, pelas suas características desafiadoras e inquisidoras no que se refere a regras e limites”, explica a psicóloga clínica.
É uma perturbação que está “associada a sofrimento para a criança/adolescente e/ou para os outros no seu contexto social imediato, como família, grupo de pares e educadores, causando impactos negativos no funcionamento social e educacional.”
A criança ou adolescente tem noção que os seus comportamentos são desadequados?
A maioria das vezes não. De resto, a psicóloga clínica frisa que os comportamentos e as suas consequências levam frequentemente a uma frustração e sentimento de injustiça por parte das crianças ou adolescentes. “É-lhes difícil compreender as suas próprias responsabilidades nos eventos que provocam, (…) o que leva muitas vezes a uma postura de vitimização”, porque consideram que é o contexto ou comportamento dos outros que é desadequado ou exagerado.
Como é que os pais devem reagir a estes comportamentos?
Embora cada caso deva ser abordado com estratégias específicas, adequadas a cada família e criança, Anabela Vitorino Costa, refere que um dos aspetos mais importantes do aconselhamento parental é frisar a máxima “Ser-se firme com amor”.
“Tal como todas as crianças, estas beneficiam também de estratégias educativas com princípios e linhas definidas, consistentes e coerentes, envolvidas em afeto e amor.” Ou seja, os pais devem impor limites com empatia e de forma construtiva e evitar “atitudes demasiado permissivas, incoerentes ou negligentes.”
Como se trata esta perturbação?
A psicoterapia é sempre recomendada, como forma de diminuir os comportamentos opositores, gerir a raiva que a criança sente e treinar uma interação mais saudável com os outros. Esta intervenção deve ser feita com a criança, mas também com a família e envolvendo a escola, se necessário.
Há situações em que se justifica um acompanhamento psiquiátrico e medicação para controlar alguns sintomas.
Por outro lado, como são comuns os casos em que um dos pais está com um quadro depressivo ou há conflitos conjugais, muitas vezes é necessário fazer um encaminhamento dos pais para terapia individual ou de casal.
Pode haver outras doenças associadas?
Sim. É comum que este seja um diagnóstico que coexiste com outras perturbações, nomeadamente com a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).
Por outro lado, “verifica-se que crianças e adolescentes com POD têm também mais probabilidades de apresentar Perturbação de Ansiedade (PA) e Perturbação Depressiva Major, considerando-se que isso se pode dever ao humor irritável que lhes é característico”, diz Anabela Vitorino Costa.
Esta perturbação pode dar origem a outros problemas na vida adulta?
Sim: embora isso não aconteça na maioria dos casos, a psicóloga refere que nas situações mais graves, poderá desenvolver-se mais tarde uma Perturbação de Conduta (PC), uma condição em que implica comportamentos problemáticos e antissociais, de grande agressividade -como mentir, roubar e destruir bens e estar envolvido em episódios de violência física.
“Por outro lado, sabe-se que as crianças e adolescentes com Perturbação de Oposição e Desafio (POD) tendem a apresentar maior risco de estados depressivos e de ansiedade sobretudo na adolescência e fase adulta, comportamento antissocial, dificuldades de gestão dos impulsos e abuso de substâncias”, refere a psicóloga