1

O que tem o furacão Lorenzo de especial?

Lorenzo é anormal porque nunca antes uma tempestade de categoria 5 tinha sido registada nem tão a norte nem tão a leste no oceano Atlântico, nem chegado tão perto da Europa com esta intensidade (a máxima).

Ou seja, pode dizer-se que este é o maior furacão de sempre a ameaçar a Europa (só uma ameaça, porque entretanto diminuiu de intensidade e pode chegar aos Açores apenas em categoria 1 — ainda que o facto de ter diminuído de velocidade entretanto possa ser mau sinal porque pode significar que se está a alimentar com mais energia).

Mas enquanto o Lorenzo foi, ou é, apenas uma ameaça, o Ofélia continua a ser o mais forte furacão a atingir terra no Velho Continente: atingiu a categoria 3 em outubro de 2017.

Agora, na madrugada de 28 para 29 de setembro (último sábado para domingo), o Centro Nacional de Furacões — o organismo norte-americano responsável por monitorizar todos os furacões do Atlântico — “registou um furacão de categoria 5 com ventos com velocidade média de 260 quilómetros por hora na latitude 24º para norte e longitude 45º para oeste“, explicou ao Observador o meteorologista Nuno Moreira. “Nesta posição, tão a norte e tão a leste, é o furacão de categoria mais elevada em longas décadas”.

Só o facto de ter chegado até esta posição — no meio do Oceano Atântico norte  — é anormal. “Normalmente, os furacões viajam de leste para oeste e, a certa altura, fazem como que uma curva e voltam a dirigir-se para leste”. No entanto, os furacões tendem a escolher os caminhos por onde têm melhores condições para continuarem a crescer. E, contra o que é costume, as condições estavam mais a norte e mais a leste do que é costume.

Todos os furacões do Atlântico nascem na zona do Senegal, vindos do deserto do Saara e dirigem-se regra geral para as Caraíbas. Alguns, mudam de rumo e sobem a costa atlântica dos EUA. São raros os que mudam de trajetória a seguir a Cabo Verde e se dirigem para a Europa.

 

Para se formarem, os furacões precisam, entre outras coisas, de encontrar água do mar com temperaturas a rondar os 26ºC. Lorenzo não foi exceção, embora tenha sido dos poucos — outro exemplo foi o furacão Leslie, no ano passado — dos que se moveu para norte. Fê-lo porque seguiu as correntes de água mais quente que, contra as expetativas, estavam mais a acima do que o normal. Porquê? Há quem desconfie que a culpa é das alterações climáticas, embora não haja certezas. Mas já lá vamos.

Furacão Leslie. A maior tempestade desde 1842

2

É normal um furacão destes atingir os Açores?

Sim, o arquipélago dos Açores é atingido por tempestades tropicais, e até por furacões de categorias 1 e 2, todas as décadas. Mais do que isso é que não. Mas atenção: também não deverá ser isso que vai acontecer esta madrugada. Embora Lorenzo tenha chegado a um furacão de categoria 5 no fim de semana passado, provavelmente chegará aos Açores com categoria 1 ou 2. E desses tem havido muitos nos registos açorianos.

O que não é normal é um furacão que chegou a categoria 5 ter-se chegado tão para norte no Atlântico. Lorenzo conseguiu-o porque encontrou três ingredientes essenciais naquelas coordenadas: “A água do mar estava a uma temperatura elevada, os ventos estavam estáveis em altitude e as camadas intermédias da atmosfera tinham bastante humidade”, descreve Nuno Moreira.

Ora, encontrar os três ingredientes em simultâneo tão a norte e tão a leste “não é habitual”, concretiza o cientista, mas também não é inédito. Foram essas as condições que levaram Ofélia, o maior furacão do Atlântico oriental de que há registo, a atingir a Irlanda e o Reino Unido em 2017 ainda na categoria 3.

3

Como é que os Açores vão ser afetados?

O mais recente comunicado do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, emitido esta terça-feira, dizia que o furacão Lorenzo estava na categoria 2 na escala de Saffir-Simpson, mas que, “mantendo-se as previsões da trajetória, o centro do furacão deverá passar com categoria 1” junto ao arquipélago dos Açores.

Segundo o documento enviado às redações e publicado na página do IPMA, a tempestade vai passar “ligeiramente a oeste das Flores afetando especialmente o grupo Ocidental”. Mas “todo o arquipélago sentirá efeitos do furacão Lorenzo”, avisam os meteorologistas.

No Grupo Ocidental (Flores e Corvo), a previsão meteorológica indica a existência de vento sueste rodando para noroeste com rajadas na ordem dos 190 km/h, mas com 40% probabilidade de serem registadas rajadas com velocidade superior a 200 km/h. Além disso, espera-se chuva forte e ondas com entre 10 e 25 metros.

No Grupo Central (Terceira, Graciosa, São Jorge, Faial e Pico), os meteorologistas esperam  vento sudoeste com rajadas até 160 km/h, períodos de chuva e ondas com entre nove e 22 metros de altura. No Grupo Oriental (Santa Maria e São Miguel), o vento soprará de sul para oeste com rajadas até 100 km/h e ondas com altura de entre sete a nove metros.

4

E Portugal Continental, vai sentir os efeitos do furacão?

Sim, mas apenas em termos de agitação marítima e não no que toca à previsão meteorológica.

O meteorologista Nuno Moreira explica que, na noite de quinta-feira e madrugada de sexta, a costa oeste de Portugal Continental vai ser atingida pelas ondas levantadas pelo furacão Lorenzo. São ondas com apenas dois a três metros, mas que, por transportarem muita energia, podem tornar-se mais perigosas e galgar as margens.

Em Espanha, a Galiza está a preparar-se para a possibilidade de ser atingida pelos ventos fortes do furacão, que se fazem sentir num raio de 150 quilómetros a partir do olho da tempestade. Por enquanto, a meteorologia prevê apenas um aumento da nebulosidade e alguns períodos de chuva fraca. Mas como Lorenzo tem provado ser imprevisível, a região prepara-se para efeitos mais fortes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

5

Porque é que o furacão está a perder intensidade?

À Agência Lusa, a meteorologista Vanda Costa esclareceu que os furações têm a tendência a perder energia e transformarem-se em tempestades tropicais quando se aproximam dos Açores porque há uma “diminuição significativa” da temperatura da água do mar, ou seja, deixam de ter o calor de que se alimentam (como por exemplo acontece nas Caraíbas).

“Por norma, o que acontece é que quando os furacões se dirigem a esta zona do Atlântico Norte, tendo em conta que a temperatura da água do mar diminui significativamente e os ventos em altitude atuam em sentido contrário ao furacão, a tendência é para irem diminuindo de intensidade, o que está a acontecer com o Lorenzo”, explicou a cientista.

De resto, é este o fenómeno que normalmente impede os furacões de viajarem tão para norte do planeta. Nas latitudes tropicais os ciclones tropicais geralmente movem-se para o oeste por causa de um eixo de alta pressão atmosférica (crista subtropical) junto ao paralelo 30º que se chama Alta dos Açores, uma espécie de muro. É por isso que os furacões raramente sobem em direção ao polo e chegam à Europa. Em vez disso, costumam chegar até ao outro lado do Atlântico.

6

Os furacões são normais esta época?

Sim. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, a época dos furacões no oceano Atlântico começa oficialmente a 1 de junho e termina a 30 de novembro. Este período foi estabelecido porque, embora os furacões se possam desenvolver fora destas datas, estima-se que 97% deles nasce, evolui e morre nesse intervalo de tempo.

No entanto, o período só está em vigor desde 1965. Antes disso, e desde 1935 quando o Serviço Nacional de Meteorologia renovou os sistemas de alerta de furacões, a época dos furacões estava estabelecida entre 15 de junho e 15 de novembro.

Durante todo este tempo, os cientistas já conseguiram olhar mais pormenorizadamente para o fenómeno dos furacões. Descobriram que 78% das tempestades tropicais, 87% dos furacões mais fracos (categorias 1 e 2) e 96% dos furacões mais fortes (categorias 3, 4 e 5) ocorrem durante os meses de agosto, setembro e outubro. O pico de atividade mais alto foi encontrado em meados de setembro — a mesma altura em que Lorenzo se começou a formar.

Estas alturas são as mais propícias ao desenvolvimento de furacões porque ocorre a maior a diferença entre a temperatura do ar junto à superfície dos oceanos e a temperatura do ar nas camadas mais superiores da troposfera.

A época dos furacões no Atlântico não coincide, no entanto, com o pico de maior atividade de ciclones tropicais nos outros oceanos. A este do Pacífico, por exemplo, a altura mais propícia para a formação de furacões começa em finais de maio e início de junho e arrasta-se até ao final de outubro e início de novembro. Oficialmente, as autoridades estabeleceram que a época dos furacões no Pacífico Este começa a 15 de maio e termina a 30 de novembro. Mas a maior parte dos ciclones tropicais nascem e desenvolvem-se no final de agosto e início de setembro.

No Pacífico Oeste, a época dos furacões não existe oficialmente porque os ciclones tropicais podem ocorrer em qualquer altura do ano. Sabe-se, ainda assim, que a quantidade de ciclones tropicais diminui em fevereiro e nas duas primeiras semanas de março e que são mais prováveis de julho a novembro, com especial incidência em finais de agosto e início de setembro.

7

Mas o que são os furacões?

Os furacões são as tempestades mais perigosas e devastadoras que podem ocorrer no planeta Terra. De acordo com o Centro Nacional de Furacões, a entidade da Administração Oceânica e Atmosférica norte-americana especialista neste tipo de fenómenos, os furacões são “ciclones tropicais com ventos que viajam a uma velocidade mínima de 119 km/h“, isto é, movimentos rotativos da atmosfera em torno de um centro que ocorrem em águas tropicais e subtropicais.

Ciclones desta natureza extraem energia térmica da água do mar quando esta se encontra a uma temperatura igual ou superior a 27 ºC; e depois transportam-na para as regiões mais altas da troposfera — a mais interna de todas as camadas da atmosfera –, onde a temperatura é muito mais baixa.

Essa extração e transporte de energia térmica ocorre nas regiões com baixa pressão atmosférica, como explica a Corporação Universitária para a Investigação Climatérica. Quando a pressão atmosférica num determinado local é mais baixa do que nos arredores, o ar começa a mover-se para as regiões de menor pressão e depois sobe formando uma coluna ascendente de ventos. À medida que sobe, o ar em movimento arrasta consigo vapor de água que condensa e dá origem a nuvens, que giram em torno do centro de baixa pressão atmosférica.

Para que saibam se um ciclone tropical é ou não um furacão, os cientistas medem as velocidades dos ventos que se verificam nesses locais, explica o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Quando ar em movimento não sopra a mais de 63 km/h estamos perante uma depressão tropical. E se a pressão atmosférica no centro do ciclone tropical continuar a diminuir, o ar vai movimentar-se cada vez mais rápido: se o vento começar a soprar a uma velocidade de entre 64 km/h e 118 km/h forma-se uma tempestade tropical.

Mas se a tempestade tropical evoluir, com a pressão atmosférica a tornar-se cada vez mais baixa no centro, os ventos podem ultrapassar os 119 km/h. Nessas condições, estamos perante um furacão.

8

E como é que eles nascem?

Para que os furacões se formem é necessário que estejam a acontecer, em simultâneo, cinco fenómenos, descreve o Instituto Português do Mar e da Atmosfera:

  1. Um ciclone tropical — uma região de pressão atmosférica mais baixa e temperatura à superfície mais alta do que nas vizinhanças — a perturbar a atmosfera.
  2. Que esse ciclone tropical ocorra num oceano quente em que as águas estejam a uma temperatura igual ou superior a 27 ºC.
  3. Que isso aconteça numa extensão de pelo menos 50 metros de profundidade.
  4. Que o ciclone tropical se mantenha durante um longo período de tempo.
  5. Que os níveis de humidade sejam muito altos nas regiões mais inferiores da troposfera e que o vento sopre a baixa velocidade e sem muitas variações de intensidade e direção nas camadas mais altas da troposfera.

Tudo começa quando há uma grande diferença de temperaturas entre duas massas de ar na atmosfera, explica a ferramenta NASA SpacePlace, da agência espacial norte-americana: aquela que está mais próxima às águas quentes oceânicas e aquela que está em níveis mais superiores da troposfera, significativamente mais fria.

Quando isso acontece, forma-se uma corrente de convecção: o ar mais quente junto à superfície oceânica sobe por ser mais denso, enquanto o ar mais frio das camadas superiores da troposfera desce por ser menos denso.

Sempre que uma massa de ar quente sobe dá origem a uma região de baixa pressão atmosférica, em que o peso exercido pelas moléculas de ar na superfície diminui porque elas são arrastadas para outro lado. Como a pressão atmosférica nessa região é muito mais baixa do que nas regiões em seu redor, o ar começa a movimentar-se em direção ao centro de baixa pressão para compensar a falta de moléculas atmosféricas naquele local. No entanto, ao chegar a essa região, o vento vindo das vizinhanças aquece e também ele sobe ao longo de uma coluna de ar, intensificando o fenómeno.

Enquanto tudo isto acontece, a água do mar começa a evaporar e a subir pela coluna de ar por estar muito quente. Ao encontrar-se com a massa de ar mais frio que compõe as camadas mais altas da troposfera, o vapor de água começa a condensar e a originar nuvens densas que, arrastadas pelas correntes de ar em convecção, começam a girar em torno do centro de baixa pressão atmosférica. Entretanto, o fenómeno de condensação — a passagem do estado gasoso para o estado líquido — leva à libertação de muita energia térmica que “alimenta” o ciclone tropical e diminui ainda mais a pressão atmosférica nesse local.

Quanto mais diminuir a pressão atmosférica no centro do ciclone tropical, mais velozes se tornam os ventos que o compõem porque vai sugar o ar que está nas vizinhanças com pressão atmosférica mais alta. Se esses ventos ultrapassarem os 118 km/h, o ciclone tropical passa a chamar-se furacão.

9

Onde fica o berço deles?

Conforme explica a Corporação Universitária para Pesquisa Atmosférica, os furacões formam-se em latitudes mais baixas, isto é, nas regiões imediatamente mais a norte ou mais a sul do Equador.

Há dois motivos para que isso aconteça: em primeiro lugar porque é nos trópicos que as águas oceânicas são mais quentes, uma das condições obrigatórias para a formação de ciclones tropicais; e em segundo lugar porque esta é uma das regiões mais ventosas do mundo, algo que está relacionado com o facto de, no Equador, a Terra girar em torno do próprio eixo mais depressa do que nos polos.

A maior parte dos furacões mais intensos que nascem no Atlântico têm origem perto das ilhas de Cabo Verde, a 600 quilómetros do oeste do Senegal. Isso acontece quando uma onda tropical — uma região de baixa pressão atmosférica — se forma na savana africana durante a estação das chuvas e se dirige para o Oceano Atlântico, onde se encontra com as águas quentes ao largo do continente africano e se transforma em ciclone tropical.

De acordo com o Gabinete de Resposta e Restauração da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, o deserto do Saara tem um importante papel neste processo, que é necessário para distribuir a energia térmica das zonas mais quentes para as mais frias, em latitudes maiores.

Esse papel está relacionado com os ventos do leste criados pela diferença de temperaturas entre o ar quente e seco do norte de África e o ar mais frio e húmido vindo do Golfo de Guiné no oeste da África. Quando o ar quente sobe e o ar frio desce por causa dessa diferença de temperatura cria-se uma corrente de ar em movimento que se chama “African Easterly Jet”: quanto mais constante ele for, menos furacões vão ser criados no oceano.

No entanto, essa corrente de ar raramente é constante e estável. Se o ar em movimento também for húmido, as partículas de água suspensas nas massas de ar mais quentes vão condensar quando chocam com as massas de ar mais fria, formando nuvens tempestuosas e que podem originar um ciclone tropical caso se encontrem com as águas quentes do Atlântico.

10

O que significam as categorias dos furacões?

As categorias dos furacões são as escalas que medem a intensidade de uma tempestade tropical quando ela passa a ter ventos com velocidade igual ou superior a 119 km/h.

Essa escala foi desenvolvida pelo engenheiro civil Herbert Saffir e pelo meteorologista Robert Simpson, conta o Instituto Português do Mar e da Atmosfera: estudando a velocidade dos ventos, os valores da pressão atmosférica e a elevação da nível médio da água do mar, a Escala Saffir-Simpson permite avaliar também o potencial de devastação de furacões colocando-os numa escala de cinco categorias.

Mas a Escala Saffir-Simpson vai mais longe: ela também prevê os estragos que se podem esperar dos furacões incluídos em cada uma das categorias. Essa descrição foi resumida pelo The COMET Program, uma ferramenta desenvolvida pela Corporação Universtiária para a Investigação Climatérica.

Em furacões de categoria 1, “ventos muito perigosos vão produzir alguns danos”: “Casas bem construídas e mais sólidas podem sofrer estragos nos tectos, telhados, revestimentos de vinil e calhas. Grandes galhos de árvores podem ser arrancadas e as árvores com raízes mais superficiais podem ser derrubadas. Danos extensos nas linhas elétricas podem resultar em cortes de energia que podem durar dias”.

Em furacões de categoria 2, “ventos extremamente perigosos vão provocar danos profundos”: “Casas bem construídas e mais sólidas podem sofrer estragos significativos no telhado e revestimento. Muitas árvores com raízes mais superficiais vão ser arrancadas e atiradas para as estragadas, bloqueando várias estradas. O fornecimento de energia vai ser impossibilitado quase totalmente, provavelmente durante semanas”.

Em furacões de categoria 3, “vão ocorrer danos devastadores”: “Casas bem construídas e mais sólidas vão sofrer danos devastadores ou remoção total dos telhados e estragos nas arestas das paredes. Muitas árvores, mesmo com raízes mais profundas, vão ser arrancadas e atiradas para a estrada, bloqueando o trânsito. O fornecimento de energia e água pode ser impossibilitada durante várias dias ou semanas”.

Em furacões de categoria 4, “vão ocorrer danos catastróficos”: “Casas bem construídas e mais sólidas podem sofrer danos severos, com perda da maior parte da estrutura do telhado e de paredes exteriores. A maioria das árvores de raízes profundas será arrancada e os postes de eletricidade serão derrubados. Algumas áreas residenciais podem ficar inacessíveis e inabitáveis. A falta de energia e de fornecimento de água pode durante várias semanas ou meses”.

Como se forma um furacão de categoria 5?

Em furacões de categoria 5, também se esperam “danos catastróficos”: “Uma grande percentagem de casas vai ser severamente destruída, com perda total do telhado e das paredes exteriores. A esmagadora maioria das árvores será arrancada e os postes de eletricidade vão ser varridos. As áreas residenciais vão ficar completamente isoladas pelos escombros. Quase todas elas podem tornar-se inabitáveis.

11

Quais são as regiões mais fustigadas por furacões e porquê?

Segundo contas da Administração Oceânica e Atmosférica norte-americana, feitas por uma ferramenta chamada International Best Track Archive for Climate Stewardship, os países mais fustigados por ciclones tropicais são os Estados Unidos, a China, as Filipinas, o México, o Japão, Cuba, Austrália, Bahamas, Vietname e Madagáscar.

São estes os países que costumam estar no percurso dos furacões que se formam num dos sete berços de ciclones tropicais do planeta — a bacia do Atlântico, a bacia do Nordeste do Pacífico, a bacia do Noroeste do Pacífico, a bacia do Norte do Índico, a bacia do Sudoeste do Índico, a bacia do Sudeste do Índico, a bacia Australiana e a bacia do Sudoeste do Pacífico, enumera a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional.

O percurso dos furacões é determinado pelos padrões globais do vento e principalmente pelas seis correntes que sopram pela atmosfera fora (três em cada hemisfério): durante o verão do hemisfério norte eles sopram para norte e durante o verão do hemisfério durante eles sopram para sul. É como se os furacões fossem a folha de uma árvore à mercê do vento.

12

As alterações climáticas têm alguma influência na severidade dos furacões?

De acordo com o Laboratório de Dinâmicas de Fluidos Geofísicos, “é prematuro concluir que as atividades humanas – e particularmente as emissões de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global – já têm um impacto detetável nos furacões do Atlântico ou na atividade de ciclones tropicais a nível global”.

Isto não significa que as alterações climáticas não tenham influência na intensidade ou quantidade de tempestades tropicais no mundo, mas que, se existirem, essa influência “ainda não é observável devido à pequena magnitude dessas mudanças ou a limitações de observação”.

Florence. 14 respostas para perceber porque estão os furacões a tornar-se umas ‘bestas’

O futuro, no entanto, adivinha-se mais complicado: o mesmo estudo estima que as tempestades tropicais vão tornar-se entre 2 e 11% mais intensos até ao final do século XXI por causa do aquecimento global.

Sem contar com o tamanho dessas tempestades — que o laboratório não conseguiu prever — isso significa uma percentagem ainda maior de furacões destruidores. O aquecimento global, que tem tornado a água do mar mais quentes do que devia, pode ainda traduzir-se no aumento do número médio de tempestades tropicais por cada época de furacões.