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O que é o Remdesivir?

Desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Gilead Science para combater originalmente o surto de ébola em África entre 2013 e 2016, o Remdesivir parece ser, em vários países, uma das grandes apostas contra a Covid-19. Este medicamento antiviral intravenoso de largo espetro (ou seja, que tem potencial para combater mais do que um vírus) ainda está em fase experimental, mas já teve autorização para ser utilizado em doentes mais graves nos Estados Unidos, caso os médicos assim o entendam.

Em Portugal, com regras diferentes de autorização, o medicamento também pode ser utilizado. Aliás, já houve pelo menos três pedidos de utilização autorizados e a Direção-Geral de Saúde (DGS) também já admitiu o seu uso nos hospitais portugueses.

Em 2016, quando os investigadores decidiram estudar a ação deste medicamento contra o ébola na República Democrática do Congo, comparando-o com mais três outros medicamentos, a expectativa quanto à sua eficácia era alta. Chegou a passar por testes in vitro (em laboratórios), mas depois não avançou para as outras fases dos ensaios clínicos. Afinal não se comprovou que o Remdesivir fazia muita diferença no aumento da taxa de sobrevivência ao ébola como outros medicamentos já usados. Apesar de ter sido determinado como tendo um perfil clínico seguro, o fármaco acabou por ser deixado na gaveta, continuando a ser apenas experimental.

Em fevereiro deste ano, no entanto, o medicamento voltou à mesa dos investigadores, desta vez para ser testado no combate ao SARS-CoV-2, o vírus que provoca a Covid-19. Não só porque já fora desenvolvido — e o tempo é um fator crucial no combate a uma pandemia –, mas também porque foi comprovada a eficácia do Remdesivir nos testes feitos em animais para tratar duas doenças causadas por outros coronavírus: a MERS (síndrome respiratória do Médio Oriente, em 2012) e a SARS (síndrome respiratória aguda grave, em 2002). Estes indicadores fizeram crer que teria também sucesso contra a Covid-19, algo que contudo ainda não está totalmente comprovado.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que este medicamento é o “candidato mais promissor”, por ser um antiviral com um “espetro alargado” e pelos resultados alcançados até ao momento relativamente ao combate a outros coronavírus. Tendo em conta que o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 é bastante mais complexo, as esperanças de muitos investigadores estão centradas nos possíveis tratamentos para acelerar a recuperação. E o medicamento integra o “Solidarity”, um dos maiores ensaios clínicos em curso da OMS para combater o novo coronavírus.

Esta semana, os Estados Unidos, baseados no resultado dos últimos estudos, autorizaram o uso de emergência do Remdesivir para tratar doentes com Covid-19 que estão hospitalizados em estado grave, mesmo tendo em conta que o medicamento ainda está numa fase experimental.

Remdesivir começa a ser administrado nos EUA na próxima semana

Mas a sua sua utilização pode também colocar algumas questões: como funciona este medicamento? É mesmo eficaz no tratamento contra a Covid-19 ou ainda é cedo demais para o usar? E em que situações é que poderá ser administrado? E quais são os riscos?

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Como funciona este medicamento?

Atualmente, e nos casos em que é administrado, este antiviral é injetado nos pacientes, ainda que a Gilead esteja também a analisar a hipótese de desenvolver formas de administração subcutânea ou inalada do medicamento. A farmacêutica ainda desconhece qual a dose ideal a administrar, mas a autorização que foi emitida no início deste mês pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, sugere um tratamento diário até dez dias, dependendo da gravidade da doença e das considerações dos médicos, que devem analisar caso a caso.

E como atua este medicamento no nosso corpo? Por palavras mais simples, entrando dentro do genoma do próprio vírus e impedindo que ele se replique. “Os vírus não se multiplicam sozinhos, têm que entrar para dentro de uma célula e utilizam a célula para produzirem mais vírus”, explica a infecciologista Ana Horta, acrescentando que quando o vírus entra dentro da célula “desfaz-se e fica só o seu material genético, que vai ser lido pela célula como se fosse material dela”.

O ataque ao vírus através do medicamento começa aqui: tendo em conta que a SARS-CoV-2 é um vírus de genoma ARN (ácido ribonucleico), o vírus duplica-se rapidamente quando chega às células através de uma enzima chamada polimerase, que se vai juntando ao ARN. O Remdesivir vai atuar como uma “cópia” de uma das componentes do ARN e, quando é administrado, acaba por desativar a enzima necessária para que o vírus se continue a replicar. “Este medicamento inibe a enzima do vírus que permite multiplicar o genoma. Entra dentro da célula, só que não deixa que o vírus utilize a célula para se multiplicar”, acrescenta Ana Horta.

O Remdesivir foi autorizado pela FDA, nos Estados Unidos, para ser administrado aos pacientes mais graves com Covid-19

Num folheto informativo que será entregue aos responsáveis pelos pacientes em estado grave que vão receber o tratamento nos Estados Unidos, a FDA indica que, antes de receber este medicamento, devem ser analisadas todas as condições médicas do doente, incluindo aquelas em que o medicamento não pode ser usado, como a existência de alergias, problemas renais ou hepáticos, casos de gravidez, planos para amamentação, outras doenças graves e se os utentes estão a tomar outro tipo de medicação.

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O medicamento tem muitas contra-indicações e tem de ser administrado de acordo com a indicação de cada médica, analisando caso a caso

Até porque o medicamento não pode ser administrado em todos os casos graves de Covid-19: “Há doentes com insuficiência renal avançada, por exemplo, que não podem fazer este tratamento, uma vez que não conseguem eliminar o fármaco, ele acumula-se no organismo e pode ser mais perigoso”, exemplifica a infecciologista.

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O Remdesivir é eficaz no tratamento contra a Covid-19?

Não há certezas, mas também não é uma hipótese a descartar. O resultado contra outros coronavírus, os dados preliminares de alguns estudos e o uso com sucesso em alguns doentes fornecem bons indicadores e dão esperança na sua eficácia. No entanto, ainda é cedo para se retirar conclusões, uma vez que este medicamento ainda está a ser estudado, os ensaios clínicos ainda estão a decorrer e os que já têm algum tipo de resultados não são, para alguns investigadores, suficientemente robustos para concluir que este medicamento é eficaz no tratamento da Covid-19.

Remdesivir é considerada uma das moléculas promissoras no tratamento de COVID-19 tendo em conta o seu largo espetro antiviral (considerando as sequências genéticas do vírus, é expectável que mantenha atividade contra o SARS-CoV-2), a informação in vitro e in vivo disponível para os coronavírus, assim como a extensiva base de dados de segurança clínica (proveniente de ensaio clínico do vírus Ébola e no contexto do Monitored Emergency Use of Unregistered and Investigational Interventions -MEURI)”, refere o Infarmed.

A própria Gilead informa que apesar de o Remdesivir “ter tido sucesso nos testes in vitro and in vivo em animais contra a MERS e a SARS”, o medicamento “é experimental e não tem segurança ou eficácia confirmada para o tratamento de nenhuma doença”. “Há pouca informação sobre a segurança e eficácia da utilização do Remdesivir para tratar pessoas internadas com Covid-19″, alerta também a Food and Drug Administration (FDA), acrescentando que o facto de um ensaio clínico norte-americano ter dado bons indicativos incentivou à sua aprovação para situações excecionais.

À data, existem várias iniciativas que estão a decorrer, relativas a potenciais tratamentos da Covid-19. Contudo, à presente data e mediante os dados preliminares, nenhum medicamento se demonstrou ainda eficaz no tratamento da Covid-19″, referiu também o Infarmed num comunicado enviado a 31 de março.

Também a infecciologista Ana Horta refere ao Observador que “este fármaco ainda não tem o tempo de existência que permita dizer que seja eficaz“, ainda que os estudos feitos sobre ele já indiquem que produz algumas diferenças em determinados casos.

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EUA vs China: o que dizem os testes clínicos?

A 28 de março, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) dava conta de que estavam “em recrutamento ativo” ensaios clínicos com Remdesivir para tratar a Covid-19 na China, nos Estados Unidos e na Europa. Também a Organização Mundial de Saúde tem planeado um ensaio clínico global a este medicamento.

Nessa altura, havia já uma informação positiva: “Há dados preliminares já publicados na Nature Communications que são favoráveis a uso de Remdesivir neste contexto”, referiu o Infarmed. No entanto, alertou também, “o impacto clínico do Remdesivir permanece desconhecido”.

  • Os testes nos Estados Unidos

No dia 29 de abril, os Estados Unidos, pela voz de Donald Trump e Anthony S. Fauci, imunologista e diretor do Instituto Nacional para as Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID, na sigla em inglês), trouxeram a tal notícia de esperança: os resultados iniciais de um dos estudos clínicos com Remdesivir mostraram um impacto “significativo e positivo” na diminuição do tempo de recuperação dos doentes com Covid-19 e que “o ensaio cumpriu os seus objetivos principais”, de acordo com um primeiro comunicado da Gilead Sciences em reação aos resultados.

President Trump Meets With Louisiana Governor John Bel Edwards At White House

Donald Trump e Anthony S. Fauci, imunologista e diretor do Instituto Nacional para as Alergias e Doenças Infecciosas, anunciaram os resultados iniciais de um dos estudos clínicos com Remdesivir

Trata-se de um estudo que envolveu 1.063 doentes com Covid-19 vindos de várias partes do mundo e que foram tratados com Remdesivir e placebo. O estudo indicou que, em média, o grupo de pacientes que foi tratado apenas com Remdesivir teve alta hospitalar em 11 dias. Já o grupo que tomou placebo teve alta em 15 dias. Ou seja, os pacientes hospitalizados com Covid-19 com dificuldade respiratória melhoraram mais rapidamente em cerca de 30% do que aqueles que receberam um placebo.

Remdesivir com “resultados positivos” em doentes da Covid-19

Anthony Fauci considerou os resultados “modestos” em termos de estatística e referiu ainda: “O que ficou provado é que um medicamento pode bloquear este vírus. Será este o padrão de cuidados”. Significa isto, segundo Fauci, que qualquer outro potencial tratamento deverá ser testado em comparação ou em combinação com o Remdesivir.

Outro comunicado publicado no mesmo dia anunciou ainda que, numa terceira fase de um ensaio da Gilead Sciences, que tratou doentes em estado grave com Remdesivir, o laboratório obteve “resultados de topo”. De acordo com a famacêutica, “os pacientes que receberam o tratamento de 10 dias chegaram a resultados positivos semelhantes em termos de estado clínico que os que foram tratados durante cinco dias“.

O estudo, que envolveu mais de mil pessoas infetadas, indicou também um impacto maior quanto mais cedo o tratamento for feito: “Os doentes do estudo que receberam Remdesivir nos 10 dias seguintes ao início dos sintomas tiveram melhores resultados em comparação com os tratados após mais de 10 dias de sintomas”, referiu a Gilead.

Remdesivir. Será este o medicamento que vai tratar os infetados com o novo coronavírus?

 

A própria farmacêutica, no entanto, voltou a alertar que o Remdesivir “ainda não demonstrou ser seguro ou eficaz para nenhum uso, incluindo no tratamento da Covid-19”, daí ser necessário ter cuidado com o seu uso e este ter de ser determinado por um corpo médico.

Além destes dois estudos, há também mais um ensaio de menor dimensão publicado a 10 de abril na The New England Journal of Medicine que indica que 36 (68%) dos 53 doentes que foram tratados com este medicamento — doentes internados em estado grave e que tiveram de ser ventilados nos EUA, Europa e Canadá — mostraram melhorias clínicas.

Ao longo de 18 dias, 68% dos doentes melhoraram, com 17 dos 30 pacientes que estavam a ter ventilação mecânica invasiva a deixarem de precisar dessa assistência à respiração. Cerca de metade dos doentes acabaram por receber alta, mas 13% morreram mesmo tendo tomado este medicamento em base experimental.

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“Não podemos tirar conclusões definitivas a partir destes dados, mas dão alguma esperança as observações que foram feitas neste grupo de pacientes hospitalizados que tomaram o Remdesivir”, comentou o principal autor do estudo, Jonathan Grein, em Los Angeles, num comunicado emitido pela farmacêutica que produz o medicamento.

  • O teste na China

Se do lado dos Estados Unidos os resultados foram positivos, do lado da China as informações foram menos conclusivas relativamente ao uso deste medicamento para tratar a Covid-19.

A 23 de abril, a Organização Mundial de Saúde publicou por engano os resultados preliminares de um ensaio clínico conduzido em dez hospitais da província de Hubei, na China, epicentro deste novo coronavírus. Os resultados mostravam conclusões bem mais negativas: nos 237 adultos internados em estado grave — 158 foram tratados com Remdesivir e 79 receberam o placebo –, os investigadores não encontraram diferenças significativas entre quem usou o medicamento e o placebo relativamente ao tempo de recuperação.

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Só que, uns dias mais tarde, a OMS removeu os resultados do estudo do seu site, alegando que estes dados não eram os finais e que tinham sido publicados antes do tempo. Em resposta, a Gilead Science referiu que “os investigadores do estudo não concederam autorização para a publicação dos resultados” e que “a publicação incluiu especificações inadequadas do estudo em causa”.

Este estudo foi terminado prematuramente devido ao facto de os níveis de recrutamento terem sido baixos tendo, por isso, sido obtidos resultados sem robustez suficiente para permitir retirar conclusões com significado estatístico. Por essa razão, os resultados do estudo são inconclusivos, embora as tendências dos dados sugiram a existência de um benefício potencial de Remdesivir particularmente entre os doentes tratados precocemente”, referiu a Gilead Science em comunicado.

Mais tarde, e no mesmo dia em que foram conhecidos os resultados dos estudos norte-americanos, o estudo feito na China foi publicado na revista científica Lancet com algumas atualizações, mas voltando a questionar a eficácia do medicamento no tratamento de pacientes com Covid-19 em estado grave. O ensaio, no entanto, não deixa de parte a possibilidade de o Remdesivir poder ser eficaz, ainda que seja necessário um estudo com uma amostra maior de doentes.

Neste estudo com pacientes adultos internados em estado grave no hospital por Covid-19, o Remdesivir não foi associado a benefícios clínicos estatisticamente significativos. No entanto, a redução numérica no tempo de melhoria clínica nos que foram tratados anteriormente requer confirmação em estudos maiores”, referem os investigadores.

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O Remdesivir está a ser usado em Portugal?

O uso de Remdesivir é possível em Portugal, mas só em casos graves, em que se considere que pode existir uma mais valia. A Autoridade Nacional do Medicamento alerta que “não existem atualmente medicamentos autorizados para o tratamento de Covid-19, nem estão também autorizadas quaisquer vacinas”. No entanto, refere o Infarmed, há “várias moléculas apontadas como possíveis candidatos terapêuticos”, incluindo o Remdesivir, que podem ser utilizados mediante autorização.

Também a norma que impôs a fase de mitigação na resposta ao surto de Covid-19 em Portugal, elaborada pela Direção-Geral de Saúde (DGS), admite a utilização de medicamentos como a cloroquina, hidroxicloroquina, a associação lopinavir/ritonavir e também o Remdesivir no tratamento de doentes infetados com o novo coronavírus. A Direção-Geral de Saúde explica que estas soluções “podem ser equacionadas”, mas criteriosamente e “de acordo com o juízo clínico”.

Por cá, estas terapêuticas podem ser aplicadas em pacientes em acompanhamento na enfermaria com queixas de insuficiência respiratória ou evidências de pneumonia e em doentes internados nos cuidados intensivos, quaisquer que sejam os seus sintomas.

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Em Portugal, o Infarmed autorizou, desde março, três pedidos de uso excecional deste medicamento por parte de entidades hospitalares. Cada pedido de Autorização de Uso Excecional apresentado ao Infarmed, tendo em conta que se trata de um medicamento ainda não autorizado no Espaço Económico Europeu, é submetido por uma entidade hospitalar e “analisado e avaliado individual e casuisticamente, tendo em conta as características dos doentes, quadros clínicos particulares e a utilização do medicamento nesse contexto”.

Em Portugal, o Infarmed autorizou até agora três pedidos de uso excecional deste medicamento por parte de entidades hospitalares

O Infarmed repete, mais uma vez: o medicamento é autorizado apenas em situações excecionais, uma vez que se trata de um “medicamento experimental” e de “disponibilidade muito limitada“.

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E nos Estados Unidos?

Sim, mas só em casos graves internados nos hospitais e sempre com orientação clínica. Na passada sexta-feira, dia 1 de maio, e depois de serem revelados os resultados do estudo norte-americano, a FDA autorizou o uso do Remdesivir nos Estados Unidos para o tratamento da Covid-19 em pacientes hospitalizados e em estado grave. Trata-se de uma autorização de emergência e não uma aprovação formal. No fundo, é uma introdução especial no mercado que não percorre o circuito normal da aprovação de medicamentos.

“Baseado na totalidade das evidências científicas disponíveis, é razoável crer que o Remdesivir possa ser eficaz no tratamento da Covid-19 e que, quando usado sob as condições descritas nesta autorização, os conhecidos e potenciais benefícios superam os conhecidos e potenciais riscos do fármaco”, refere a FDA em comunicado.

De acordo com a FDA, o medicamento poderá ser prescrito tanto a crianças como a adultos que tenham Covid-19 e que estão internados em estado grave — com baixo nível de oxigénio ou que precisem de assistência respiratória com ventilador. Antes da decisão, explicou a NBC News, os médicos apenas podiam utilizar o Remdesivir em ensaios clínicos ou no chamado “uso compassivo” para doentes graves em cuidados intensivos, mas com uma autorização sempre que o queriam utilizar. A diferença agora é que o medicamento fica disponível nas farmácias hospitalares dos EUA, sem necessitar de uma autorização especial para cada vez que for administrado, como acontece em Portugal.

Embora seja conhecida informação limitada sobre a segurança e eficácia do uso do Remdesivir para tratar pessoas internadas com Covid-19, o fármaco experimental demonstrou num ensaio clínico que reduz o tempo de recuperação em alguns pacientes”, acrescentou a FDA.

De acordo com o conselheiro delegado da farmacêutica, Daniel O’Day, citado pela agência Lusa, o medicamento vai estar disponível na próxima semana, cabendo agora à administração norte-americana aferir quais as cidades mais vulneráveis e quem precisa mais do fármaco. O laboratório disponibilizou ao governo norte-americano 1,5 milhões de frascos de Remdesivir que tinha em reserva, o que equivale a cerca de 140 mil tratamentos, tendo em conta uma duração de 10 dias.

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Quais os efeitos secundários da utilização do Remdesivir?

O facto de ainda não existirem estudos suficientes e abrangentes sobre este medicamento, uma vez que ainda é experimental, leva a que os efeitos secundários do seu uso não sejam conhecidos ao pormenor e na totalidade. É também por isso que a utilização Remdesivir tem de ser ponderada caso a caso por equipas médicas.

A FDA escreve, no entanto, que já são conhecidos alguns efeitos adversos que podem resultar do uso deste medicamento, nomeadamente “o aumento dos níveis de enzimas hepáticas, que podem ser um sinal de inflamação ou dano das células do fígado”, mas também “reações relacionadas com a infusão, que podem incluir pressão arterial baixa, náuseas, vómitos, suores e tremores”. “Em termos de efeitos indesejáveis, até agora não parece haver indicação de algo muito grave, mas, de qualquer maneira, tudo tem de ser sempre feito com uma monitorização adequada”, sublinha Ana Horta.

Maker Of Coronavirus Trial Drug Remdesivir, Gilead Sciences. Inc., Reports Positive Data Coming From Trials

A Gilead, a própria farmacêutica que fabrica o medicamento, não garante a sua total eficácia

A infecciologista alerta ainda para a importância de se continuar a estudar este medicamento (e também outras alternativas que possam aparecer), mas sempre com uma ideia em mente: “Não podemos achar que este medicamento vai salvar tudo. Será mais uma ajuda, claro. Ainda continuam a morrer doentes, mesmo usando este fármaco, mas poderá ajudar, acompanhado de todo o suporte de uma unidade de cuidados intensivos”.