Donald Trump e Joe Biden são, de acordo com as sondagens e resultados intercalares, os candidatos em melhores condições para voltar a disputar, a 5 de novembro de 2024, a eleição para a Casa Branca e, com ela, a liderança dos destinos políticos dos Estados Unidos.
A campanha tem acelerado, Joe Biden tem acumulado vitórias do lado democrata, sem ter necessidade de fazer campanha. Foi o único a eleger delegados até agora. Do outro lado, Donald Trump tem vencido estado após estado, com Nikki Haley como única opositora de referência.
Mas os nomes de Joe Biden e Donald Trump não são os únicos que estão a monopolizar o espaço político norte-americano. Surpreendentemente, Taylor Swift tem sido outro dos nomes em destaque.
Nesse contexto, surge uma publicação no Facebook que partilha um screenshot de uma outra suposta publicação, desta vez de Donald Trump, onde se pode ler que “esta história toda à volta de Taylor Swift ficou fora de controlo” e que questiona a razão para que qualquer pessoa ouça o que a cantora tenha a dizer sobre política.
Nestas declarações atribuídas a Trump somam-se os insultos à cantora norte-americana, “uma artista acabada, agarrada a qualquer coisa que a mantenha relevante, para que possa namorar com um jogador da NFL”. A conclusão é só uma: “Os artistas acabados devem manter-se na sua linha e ficar fora da política.”
Qual é então a relação de Taylor Swift com a política norte-americana e, mais precisamente, com esta corrida, que muito provavelmente irá voltar a colocar Joe Biden contra Donald Trump? Um em cada 5 norte-americanos acredita que a cantora está a trabalhar com o Pentágono para ajudar Joe Biden a vencer as eleições.
A teoria foi primeiro apresentada por um apresentador da Fox News, apesar de confessar “não ter provas” sobre este alegado envolvimento na corrida eleitoral. Depois, uma sondagem realizada pela Universidade de Monmouth veio dar mais tração à teoria ao comprovar que 18% dos norte-americanos acredita que Taylor Swift está a trabalhar com Joe Biden para vencer as eleições.
A sondagem mostra ainda que a esmagadora maioria (71%) de pessoas que acredita no envolvimento da cantora é apoiante do Partido Republicano e uma maioria ainda mais acentuada (81%) admite que o voto em Donald Trump nas presidenciais é “provável“.
Teorias não faltam, e Fact Checks também não, a envolver Taylor Swift na corrida eleitoral e até no Super Bowl, onde a cantora marcou presença para apoiar o namorado que acabaria por se sagrar bi-campeão da NFL.
O jornal britânico Telegraph, chegou a noticiar que a campanha de Joe Biden passaria por convencer a artista a apoiá-lo nas redes sociais. O apoio era considerado chave nos chamados swing-states (estados que oscilam entre o azul dos democratas e o vermelho dos republicanos).
Apesar de ainda não ter declarado o apoio em nenhum candidato para as eleições de 2024, Taylor Swift apoiou o atual Presidente dos Estados Unidos em 2020. Jornais como o New York Times destaca que com apenas uma publicação no Instagram, a encorajar os 272 milhões de seguidores a registarem-se para ir votar, foram registados mais de 35 mil novos registos.
Donald Trump comentaria a suposta ligação de Switf a Biden na sua rede social Truth Social para afastar por isso qualquer hipótese de Taylor Swift apoiar o atual presidente: “Joe Biden não fez nada pela Taylor e nunca irá fazer. Não há nenhuma hipótese que venha a apoiar o Presidente mais corrupto da história do nosso país”. Mais, Trump chegou a insistir em fevereiro deste ano que Taylor Swift seria “desleal” para com “o homem que lhe fez tanto dinheiro”, se apoiasse Biden.
Regressemos à publicação original. A conta que assina a publicação é de um @TheRealPrez, que se apresenta como Donald J Trump, President #45 and soon #47. É fácil reparar que não é o mesmo nome da conta oficial de Donald Trump, quer no Twitter, quer na Truth Social. Além de a publicação não ter origem numa conta oficial, aparece como se tivesse sido publicado a 30 de janeiro de 2026, uma outra manipulação óbvia.
O Observador encontrou outras publicações de autores que escrevem que “o @TheRealPrez muitas vezes aproxima-se de forma hilariante (ou assustadora?) do autor real“. E mostra uma outra declaração que Donald Trump nunca publicou. Neste momento, a conta do autor destas publicações está suspensa.
The "@TheRealPrez" often gets hilariously (or scarily?) close to the real thing. ???? https://t.co/HLEDR6jJOa
— Larkin Warren (@LarkinWarren) January 28, 2024
Conclusão
Não é verdade que Donald Trump tenha escrito nas redes sociais, a sua Truth Social, ou outra qualquer, que Taylor Swift é uma “artista acabada” que se está a manter relevante para que possa “namorar com um jogador da NFL” e que por isso devia manter-se “afastada da política“. A publicação é de uma conta que está suspensa, conhecida por fazer sátira política com declarações falsas do antigo Presidente dos Estados Unidos.
Ainda assim, Donald Trump comentou de facto a suposta proximidade entre Swift e Biden. Escreveu que “Joe Biden não fez nada por Taylor Swift e nunca irá fazer”, por isso, agastou qualquer hipótese de ver a cantora, tal como fez em 2020, apoiar o re-candidato democrata à Casa Branca. Trump chegou a insistir que Taylor Swift seria “desleal” para com “o homem que lhe fez tanto dinheiro” — o próprio Donald Trump, segundo o próprio — se apoiasse Biden.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.