No final de 2022, Graça Freitas pediu para não ser reconduzida na liderança da Direção-Geral da Saúde. Ao longo dos últimos anos, tornou-se numa presença assídua na agenda mediática por culpa da pandemia de Covid-19. Durante este período, Graça Freitas e Marta Temido, então Ministra da Saúde, anunciaram várias medidas que acabaram por limitar a vida dos portugueses com o objetivo de limitar a propagação do SARS-CoV-2.
Ainda assim, numa altura em que a crise pandémica está relativamente controlada em grande parte do mundo, as decisões de Graça Freitas continuam a ser contestadas, nomeadamente nas redes sociais.
No dia 15 de janeiro, uma utilizadora do Facebook partilhou um print de um excerto da capa da edição do jornal Expresso de 13 de janeiro, relativa a uma entrevista de Graça Freitas. Nesse excerto, pode ler-se a seguinte citação de Graça Freitas: “Fui muito atacada e senti a ausência de defesa.”
A utilizadora do Facebook que partilhou este excerto escreve também que a ainda Diretora-Geral de Saúde “foi a um tribunal reconhecer que não tinha provas científicas do que disse na televisão”, sugerindo que Graça Freitas tomou decisões sem uma base científica a sustentá-las.
Através de uma pesquisa sobre notícias relacionadas com a presença de Graça Freitas em tribunal, não encontramos quaisquer resultados. Depois, importa recordar os discursos e as conferências de imprensa da responsável pela Direção Geral de Saúde durante o período mais intenso da pandemia. Uma das expressões mais frequentemente utilizadas por Graça Freitas durante as tomadas de decisão era “evidências científicas”.
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Por exemplo: em janeiro de 2020, numa altura em que se discutia a redução do isolamento dos doentes infetados com Covid-19, Graça Freitas afirmou: “Estamos sempre a ver a evidência científica e se houver informação que diga que a partir do quinto dia as pessoas já estão pouco infecciosas, pois ponderaremos.”
Na própria entrevista ao semanário Expresso que é referida na publicação partilhada no Facebook, Graça Freitas deixa também claro que se baseou na ciência durante as intervenções que protagonizou no período da pandemia. Importa também recordar que as decisões tomadas pelos responsáveis da área da saúde em Portugal tinham em conta também as recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Conclusão
Através de uma pesquisa, não foi encontrada qualquer notícia de uma ida de Graça Freitas a tribunal para assumir falta de provas científicas na base das decisões que tomou.
Ao recordar as palavras de Graça Freitas nos momentos em que anunciou essas decisões, durante a fase mais crítica da pandemia, a expressão “evidências científicas” era recorrentemente associada a essa decisão.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.