Uma declaração que pretendia ser um sinal de abertura e espírito democrático. “É a primeira vez que um Presidente da República que se recandidata participa num debate com todos os candidatos a Presidente”, disse Marcelo, que participava no debate com os seis adversários para as presidenciais de 24 de janeiro. “Nunca aconteceu na história da democracia portuguesa”, acrescentou ainda o Presidente recandidato. Mas não era verdade.

Aconteceu nas presidenciais de 1991, com Mário Soares. E voltou a acontecer nas eleições de 2001, com Jorge Sampaio. Estavam ambos na condição de incumbentes e sentaram-se à mesa com os respetivos adversários na disputa pela Presidência da República.

“Desilusão”, “Rei de Espanha”, amigo de Costa. Candidatos centram ataques em Marcelo, que assiste do ecrã

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Mário Soares esteve nos estúdios da RTP2 a 21 de dezembro de 1990 para um confronto com Basílio Horta, candidato pelo CDS, Carlos Carvalhas, com o apoio do PCP, e Carlos Marques, em nome da UDP. A moderação esteve a cargo do jornalista Joaquim Furtado.

As eleições de 1991 foram, de resto, aqueles em que se estabeleceu o melhor resultado de um candidato a Belém: Soares conquistou 70,35% dos votos dos eleitores num sufrágio que contou com a participação de 62,16% dos inscritos.

Dez anos volvidos, outro socialista procurava a reeleição. E, no único debate dessa campanha, Jorge Sampaio enfrentou Joaquim Ferreira do Amaral (que tinha o apoio do PSD e do PP), António Abreu (PCP), Fernando Rosas (com o apoio de um Bloco de Esquerda recém-chegado à Assembleia da República) e Garcia Pereira (pelo PCTP/MRPP). O debate aconteceu 4 de janeiro de 2001, na RTP1, e foi moderado por Judite Sousa.

Sampaio conseguiu a reeleição à primeira volta, com 55,76% dos votos. A eleição, menos participada que a de uma década antes, contou com a disponibilidade de 50,91% dos eleitores para irem às urnas de voto.

Chamado à atenção para outros debates entre os vários candidatos à Presidência da República e o Presidente recandidato, na entrevista que deu à Antena 1, Marcelo acabaria por assumir o “erro”.

Conclusão

Um debate entre todos os candidatos à Presidência da República e o Presidente em funções não foi um momento inaugurado por Marcelo Rebelo de Sousa — ao contrário daquilo que o próprio defendeu. Aconteceu com os dois inquilinos socialistas de Belém, Mário Soares e Jorge Sampaio.

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