Uma publicação efetuada no Facebook sugere que a morte de dois atletas durante a Maratona dos Camaradas, uma ultramaratona anual que decorreu em África do Sul, foi precipitada por uma “pós-salvação injetada” — uma linguagem comum em mensagens críticas da vacinação contra a Covid-19.

É verdade que dois ultramaratonistas morreram durante o evento desportivo sul-africano. Tal como noticiado pela Revista Atletismo, uma das vítimas chamava-se Yzameleni Mthembu e desmaiou após ter corrido 78 quilómetros da prova, quando faltavam apenas outros 12 para chegar à meta.

Publicação faz suposições falsas sobre a causa da morte dos atletas, mas a notícia que partilha é verdadeira.

Embora o motivo da morte não tenha sido anunciado até ao momento, a organização da ultramaratona explicou que “Mthembu teve complicações ao longo do percurso e desmaiou em Pinetown”. A outra vítima era Phakamile Ntshiza, que “terá falecido antes de ser transportado para o hospital quando tinha corrido cerca de metade do percurso”.

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Em nenhum momento desta notícia — que apesar de ser verídica foi instrumentalizada na publicação em análise — se associa a morte dos dois atletas à vacinação contra a Covid-19. O único momento em que a doença é mencionado no artigo foi quando se informou que esta prova “decorreu pela primeira vez após o levantamento das restrições da Covid-19 na África do Sul“.

Mesmo antes da pandemia, já se tinham registado mortes durante a Maratona dos Camaradas. Um artigo publicado no The South African Medical Journal em 2007 dizia que, até àquele momento, 13 anos antes do surgimento do SARS-CoV-2, tinham morrido sete pessoas durante a prova, que já acontecia há 82 anos.

Além disso, este não é caso único da Maratona dos Camaradas, nem entre atletas estrangeiros. A 15 de julho de 1912, o português Francisco Lázaro perdeu os sentidos durante a maratona nos Jogos Olímpicos em Estocolmo, na Suécia, acabando por morrer. A morte, embora envolta em mistério por suspeitas de doping, foi atribuída a uma falência causada por insolação e desidratação. Há 100 anos, a Covid-19 ainda não existia e já havia mortes por causa da exigência física destas provas.

Conclusão

Não há quaisquer evidências de que a morte de dois atletas numa maratona na África do Sul tenha sido causada por alguma reação à vacinação contra a Covid-19. O estado vacinal dos dois maratonistas não é noticiado sequer no artigo que surgiu de base para a publicação falsa. E mortes em circunstâncias semelhantes já aconteceram no passado e noutras provas.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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