Uma publicação, que já conta com dezenas de “gostos”, comentários e partilhas na rede social Facebook, alega que a Comissão Europeia decidiu retirar de circulação a vacina da farmacêutica AstraZeneca contra a Covid-19. O autor da publicação relaciona a decisão das autoridades europeias com a admissão, por parte da empresa, de que a vacina (designada Vaxzevria) pode causar efeitos secundários raros.
“Os burocratas da União Europeia acabam de revogar a autorização da vacina AstraZeneca contra a Covid-19. A revogação acontece após a gigante farmacêutica admitir recentemente que o seu ‘imunizante’ pode causar reações adversas graves”, referem as publicações analisadas pelo Observador. Mas será que há uma relação causal entre a decisão de retirar a vacina do mercado e a decisão da Comissão Europeia?
Vamos por partes. É verdade que as autoridades europeias retiraram a Vaxzevria do mercado. A suspensão da comercialização da vacina entrou em vigor no dia 8 de maio. Mas fizeram-no a pedido da própria farmacêutica, que, esta quarta-feira, emitiu um comunicado a esclarecer isso mesmo.
A AstraZeneca justifica a decisão com razões comerciais e com a diminuição da procura. “Dado que foram desenvolvidas múltiplas vacinas contra a Covid-19, há um excedente de vacinas atualizadas” face às diferentes variantes do vírus, “o que resultou numa diminuição da procura”, explica a farmacêutica britânica. Segundo um documento a que o jornal alemão Berliner Zeitung teve acesso, o pedido de revogação da comercialização da vacina foi enviado para as autoridades da União Europeia a 27 de março.
Ou seja, a Comissão Europeia retirou a vacina do mercado a pedido do fabricante e a suspensão não está relacionada com os efeitos secundários raros que podem ser provocados pela vacina. Recorde-se que, no final de abril, o jornal britânico The Independent revelou uma série de documentos em que a AstraZeneca admite que a vacina Vaxzevria — desenvolvida em parceira com a Universidade de Oxford — pode causar um efeito adverso raro: a síndrome de trombose com trombocitopenia, uma complicação rara que pode originar a formação de coágulos sanguíneos e fazer baixar a concentração de plaquetas no sangue.
De acordo com aquele jornal, a AstraZeneca está a ser alvo de um processo judicial coletivo, no qual 51 famílias pedem uma indemnização de até 100 milhões de libras (cerca de 116 milhões de euros) por alegadas mortes e ferimentos graves causados pela vacina Vaxzevria.
Em 2021, a Agência Europeia do Medicamento já tinha admito que a vacina da AstraZeneca poderia aumentar o risco de desenvolvimento de coágulos sanguíneos.
Conclusão
É verdade que a vacina da AstraZeneca foi sido retirada do mercado europeu, mas não por causa dos efeitos adversos graves, como alega a publicação. A Comissão Europeia retirou a vacina de circulação a pedido da própria farmacêutica — que, por sua vez, justifica a decisão com a diminuição da procura.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.