As vacinas contra a Covid-19 já deram origem a várias teorias que colocam sempre os pontos negativos à frente dos seus benefícios. Foi o que aconteceu numa publicação partilhada em abril deste ano, que sugere que as vacinas desenvolvidas a partir de 2020, depois de decretados os confinamentos a nível global, teriam na sua composição os ingredientes necessários para criar uma epidemia de Marburg. “Cientista diz que nova epidemia (Marburg) começará quando o 5G emitir um pulso que vai derreter e libertar conteúdos patogénicos que estão nas vacinas da Covid. Quem se vacinou é uma bomba relógio biológica. A humanidade será dizimada sem nenhum tiro disparado”, lê-se na legenda da publicação, que acompanha um vídeo.

Nesse vídeo, aparece então um alegado cientista, cujo nome não é revelado, que explica que o governo norte-americano já sabe o que se passa e que assim que for ativado “o sistema de 5G, que está pelos Estados Unidos”, haverá uma epidemia de Marburg, “que efetivamente transformará essas pobres pessoas em zombies”. “Por mais estranho que isso possa parecer, os nossos governos já estão preparados para isso.”

O vírus Marburg é semelhante ao Ébola e, de acordo com as informações avançadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é transmitido por morcegos africanos da fruta e espalha-se “através do contacto direto com fluidos corporais e materiais infetados”. E é no continente africano que é registada a maioria dos surtos desta doença. Aliás, o primeiro surto foi detetado em 1975, na África do Sul, e o mais recente foi detetado na Guiné-Equatorial, já este ano. Ainda não existe uma vacina aprovada para este vírus, nem tratamento antiviral.

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O Centro Europeu de Controlo de Prevenção e Doenças (ECDC) explica ainda que “a maioria dos surtos está ligada à entrada humana em minas e cavernas com morcegos, sugerindo que os morcegos desempenham um papel fundamental na transmissão”. Não existe nenhum relatório que aponte a vacina contra a Covid-19 como possível causa para os surtos. Aliás, este vírus propaga-se em países pobres, onde a taxa de vacinação é consideravelmente inferior quando comparada com os países europeus.

A mesma publicação também sugere que existe uma ligação entre a tecnologia 5G e o aumento de surtos relacionados com um determinado vírus. Esta teoria já não é nova, tem sido espalhada pelas redes sociais desde o início da pandemia e foi já desmontada diversas vezes. Até a OMS já explicou que o 5G é transmitido através de ondas de rádio, que não são ionizantes, o que significa que não alteram o DNA.

Por último, além de o 5G não ter qualquer influência nos surtos identificados em qualquer parte do mundo, também as vacinas aprovadas pelas autoridades de saúde não contêm na sua composição qualquer vestígio do vírus Marburg. Basta consultar as informações publicadas pelo Infarmed, em Portugal, ou pelo ECDC, a nível europeu, para perceber que nenhuma vacina administrada tem este vírus. As vacinas contra a Covid-19 são compostas pelo respetivo vírus inativo ou parte dele.

Conclusão

A informação partilhada no Facebook não é verdadeira. Não existe nenhuma evidência cientifica nem nenhum relatório da OMS ou de qualquer autoridade de saúde que relacione os surtos de Marburg com a vacina contra a Covid-19. Além disso, as vacinas contra a Covid-19 aprovadas e administradas a nível mundial não contêm qualquer vestígio deste vírus.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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