A passividade com que António Costa, o PS e o Governo encaram a sucessão de casos de potencial corrupção, mesmo daqueles que lhes dizem directamente respeito, como é o caso do secretário de Estado adjunto do Primeiro Ministro, ou mesmo do presidente da autarquia de Montalegre, é indecente e inaceitável. É a descida ao grau mínimo da responsabilidade política e ética, que conduz a que os próprios se permitam não dar qualquer explicação pública.

Todos sabemos que, aquando da prisão de José Sócrates, António Costa se refugiou no sistema judiciário para não falar sobre o assunto. Depois disso, em inúmeros casos, fez o mesmo e tem sido seguido por outros governantes e por membros qualificados do partido. Todavia, com a continuação de cada vez mais casos em catadupa e sem aparente fim à vista, a questão já passou de uma mera tática política para uma vergonhosa fuga às responsabilidades e mesmo a uma cooperação encapotada com os acusados, que utilizam, sem grande vergonha,  a capa dos cargos e a influência que estes permitem.

Ou seja, também sabemos por experiência que os portugueses não são muito exigentes em questões de ética, ou mesmo de corrupção, todavia esta forma de actuar do partido e do Governo PS representa, por ausência da necessária pedagogia democrática, um incentivo à própria criminalidade que não se sente minimamente condicionada pelo poder político.

Como é evidente, esta situação tem efeitos devastadores em toda a sociedade, na economia e na motivação dos portugueses em geral de lutarem por um País decente, moderno  e desenvolvido. Dá a ideia de que ao mesmo tempo que muitos empresários investem, que muitas  empresas progridem activamente na frente económica, o PS e o Governo, pela sua passividade, abandalham através da corrupção a imagem interna e externa de Portugal.

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Pergunto pois até quando é possível, perante tantos casos graves, ao PS e ao Governo fazerem de conta de que não se passa nada. Até quando será possível manter um discurso de justificação dos atrasos do nosso País, que se vão sucedendo no contexto da União Europeia, ao mesmo tempo que cresce a evidência de que há socialistas e amigos e familiares de socialistas que denodadamente procedem impunemente ao saque de recursos nacionais.

Chegámos ao ponto em que já não basta dizer que o assunto está entregue  à Justiça, seja porque a mesma justiça se queixa da falta de meios, seja porque  sobrevive com leis feitas para facilitar a vida dos criminosos, a quem frequentemente são dadas todas as garantias que o dinheiro desviado pode comprar. O resultado final é que na esmagadora maioria dos casos, a justiça não faz aquilo que o Primeiro Ministro afirma vai fazer.

Uma palavra final para recordar que o Presidente da República assiste a tudo isto há longos sete anos e  aparenta não sentir a necessidade de colocar alguma ordem nesta desordem pública que permite a corrupção generalizada e a perda dos valores éticos e patrióticos comuns a muitos portugueses.