Enquanto os políticos utilizarem a história, ou melhor, a sua falsificação, como arma de arremesso político, não se pode esperar a criação de condições para uma coexistência normal entre países, principalmente entre países vizinhos.

As celebrações do 80.º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ficaram marcadas por mais um escândalo nas relações entre a Rússia e a Polónia. O governo de Varsóvia recusou-se a convidar o Presidente russo, Vladimir Putin, para participar no evento.

A principal razão é que a União Soviética foi, além da Alemanha, o país que invadiu a Polónia e pôs fim à sua existência como Estado independente (recomendo aos leitores que vejam ou revejam o filme “Katyn”, do grande realizador polaco Andrzej Waida). Além disso, os dirigentes russos reveem a história a seu bel-prazer e, por exemplo, em finais de Agosto, vieram uma vez mais justificar o Pacto Ribbentrop-Molotov, ou seja, o documento que permitiu a Hitler dar início à invasão da Polónia e que dividiu a Europa do Leste em zonas de influência entre o líder nazi e Estaline. Eles voltam a apresentar a entrada de tropas soviéticas no território polaco não como a invasão de um Estado vizinho, mas como um acto de “libertação” dos irmãos bielorrussos e ucranianos. E quando o Exército Vermelho voltou a entrar na Polónia e noutros países do Leste Europeu para derrotar o nazismo alemão, não trouxe a libertação dos povos, mas a substituição de um regime repressivo por outro. A coberto do “internacionalismo proletário”, Estaline empregou as tácticas mais refinadas do imperialismo condenado diariamente pela propaganda soviética.

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