Li por aí muitas tiradas lindas e pomposas que nos garantem que perante Marine Le Pen e derivados há que debater, rebater, vencer pelos argumentos, conversar piedosa e pacientemente até trazer as ovelhas tresmalhadas que seguem estes produtos políticos tóxicos de volta ao bom caminho. É argumentação muito bonita, quase digna de uma parábola no Novo Testamento do bom pastor que nunca abandona quem se perde pelos extremismos – mas de uma ingenuidade assombrosa.

Sobre proibições e censura já perorei a semana passada. Sucede que, lá porque uma pessoa ou um ideário político não é ilegal e, donde, proibido, tal não significa que tenhamos de divulgar e, pior, conversar com tais ideólogos ou seguidores. Como aparentemente muitos parecem defender. O argumento vai na linha ‘se não se divulga e não se conversa, esta exclusão só dá força ao excluído’.

Suspiro. É um caso típico de nunca se aprender nem com as lições mais ostensivas. Os argumentos que leio para defender o convite para a Webb Summit a Marine Le Pen são tal qual os que lia para defender a liberdade de expressão dos extremistas islâmicos dentro da Europa. A quantidade de vezes que me disseram – quando eu clamava que deixar estas pessoas a falarem à solta era perigoso, que estavam a usar as liberdades que lhes disponibilizávamos contra nós – que não, o Ocidente venceria estes obscurantistas dando-lhes liberdade e provando com a tolerância que somos superiores. Deixá-los dizer que os crentes deviam guerrear e matar os infiéis. Tinham todo o direito de dizer isto. Só se torcia o nariz quando (e a quem) de facto guerreasse e matasse infiéis.

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