Considerada pela generalidade das pessoas como trabalhosa e pouco rentável, a verdade é que integramos um território onde a atividade agrícola acaba por constituir a principal fonte de rendimento no meio rural.

Sendo certo que esta atividade, transversalmente bem gerida, promove o funcionamento harmonioso do ecossistema e que as grandes e médias explorações sustentam a maior parte da lavoura e ordenamento dos terrenos, não será menos verdade que as pequenas casas agrícolas e a designada agricultura de fim-de-semana dão um interessante contributo para evitar o crescimento desordenado de matas, o abandono das terras, a degradante desertificação humana do território rural. Prova disso mesmo, é a deslocação para as nossas aldeias, que se verifica aos fins-de-semana e feriados, de um considerável número de pessoas que residem habitualmente nos meios urbanos. Não fosse este fenómeno, sustentado no amor à terra e na preservação das origens, com identidade, e o isolamento do nosso meio rural seria, ainda, muito mais acentuado e desmotivante. Será, pois, fácil concluir que este fenómeno, na devida proporção, tem um interessante impacto no dinamismo rural e agrícola da nossa região, tão desprotegido.

Mesmo entendendo que há inúmeras pessoas mais aficionadas, dedicadas e entusiasmadas do que eu nesta atividade, devo dizer que também presto a minha humilde contribuição. Cuidar das oliveiras, por exemplo, é uma das tarefas que procuro realizar com entrega e dedicação. Lavrá-las, constitui para mim uma singular motivação, tornando-se um exercício laboral que me entusiasma e, no final, ao olhar para o trabalho realizado, me transmite especial satisfação.

Nesta perspetiva, é importante salientar que uma considerável área agrícola cultivada se deve à agricultura de fim-de-semana. Se esta não se verificasse, a preservação das culturas existentes e a plantação de novos soutos, olivais, pomares ou outra espécies de árvores, seria em número bem inferior. Esta atividade, que decorre da ligação à terra de pessoas que trabalham no meio urbano durante a semana e ainda se disponibilizam para tarefas rurais que exigem entrega e sacrifício, revela-se muito importante. E se não quero crer que existam dúvidas sobre a positividade desta ação interventiva nos territórios rurais, custa-me a aceitar que nunca nenhum responsável institucional ou governamental tenha reconhecido, pública e formalmente, este singular contributo para a preservação da natureza. Se, mesmo assim, incêndios e outras desventuras maléficas para a paisagem e para o ambiente acontecem com maior regularidade do que a desejável, imagine-se o que poderia acontecer e como seria o estado dos nossos campos, sem a agricultura de fim-de-semana.

Assim sendo, sou de opinião que os nossos governantes, sem deixarem de valorizar devidamente quem trabalha e vive em exclusivo da agricultura, tornando esta atividade mais atractiva, além de reconhecerem o mérito da agricultura de fim-de-semana, deveriam criar condições motivadoras para que se tornasse mais aliciante. Promovendo, ainda, a humanização e dinamização das pequenas povoações, por vezes situadas em lugares isolados, a preservação genuína da natureza, em toda a sua beleza, bem como a valorização dos inerentes benefícios para a saúde que daí podem advir, considerando até o âmbito de uma terapia ocupacional. Todos ficaríamos a ganhar!

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