Desfrutaram bem do vosso Natal? Espero que sim, que o tenham feito com muitas ganas, mesmo como se não houvesse Natal em 2024. É que a ver pela amostra do que se passou este ano em Nova Iorque com a manifestação pró-Hamas intitulada, “No Christmas as usual”, é bem provável que mais ano, menos ano, sejamos enfim aliviados do stress desta época natalícia. Agora que penso nisso, vai-se a ver e estes simpatizantes de movimentos terroristas mais não são do que simpáticos transeuntes, tão preocupados com o nosso bem-estar que estão mortinhos por nos tratar da saúde.

Do que não há dúvida é que acaba por fazer sentido esta manifestação contra o Natal acontecer nos Estados Unidos da América. Porque ela vem, no fundo, dar resposta ao lema que os norte-americanos copiaram do Sport Lisboa e Benfica, “E pluribus unum”. Que, como é sabido, significa “de entre muitos, no fim sobrará um, o mais fanático dos fundamentalistas islâmicos.”

A minha única esperança para a sobrevivência do Natal é Mariana Mortágua. Isto apesar de pôr bom dinheiro em como a deputada do Bloco de Esquerda exigia sempre ser o Grinch nas peças de Natal da escola. A verdade é que, nesta quadra natalícia, Mariana Mortágua apareceu de acólita, profundamente consternada com o impacto do conflito entre Israel e o Hamas no Natal da cidade de Belém. Que não interessa agora se é na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, ou no Pará, que isso são detalhes irrelevantes.

O que interessa é que este recém descoberto fascínio pelo Natal por parte da nossa futura, quiçá, Deus nos livre, vade-retro, ministra das Finanças, pode ajudar a salvar a milenar tradição. É um recém descoberto fascínio que radica no mais asqueroso anti-semitismo? É, sem dúvida. Eh pá, mas continuamos a receber presentinhos. O bom é inimigo do óptimo. Quase tão inimigo quanto Mariana Mortágua é inimiga de regimes democráticos.

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Quem já está com as perninhas a tremer são os Reis Magos. A confirmar-se Mariana Mortágua como próxima, porventura, o Senhor nos guarde, abrenúncio, ministra das Finanças, uma das primeiras medidas será, é certinho, perder a vergonha de ir buscar ouro, incenso e mirra a quem está a acumular. A 10 de Março temos três Reis Magos, a 11 de Março temos mais três na fila de espera da Segurança Social para o Rendimento Social de Inserção.

Bom, Natais não sei se haverá mais, agora de mensagens de Natal do primeiro-ministro António Costa estamos despachados. Não sem antes assinalar que, com mensagens como esta, António Costa não foi um dos heterónimos de Fernando Pessoa, mas merecia ter sido, tão grande poeta provou ser o nosso já saudoso primeiro-ministro. Tal como Alberto Caeiro era um adepto do paganismo e Álvaro de Campos um escritor modernista, António Costa podia ser o habilidoso que evitou ser metido numa camisa de forças apesar de afiançar que deixa o país “preparado” para “vencer” os “desafios” que vierem. Além de ser o heterónimo cujas falas acabavam por gastar a tecla das aspas.

Para quem o Natal podia já ter acabado este ano, era para Marcelo Rebelo de Sousa. Ui, imagino o ambiente no lar dos Rebelo de Sousa na altura de abrir os presentes.

Nuno Rebelo de Sousa: Então, papá, e a mim, não me oferece nada?

Marcelo Rebelo de Sousa: Ó Nuninho, mas então tu não recebeste já um presente do teu amigo secreto, Lacerda Sales?

Nuno Rebelo de Sousa: Ó papá, mas isso foi no trabalho. Aqui estamos a trocar os presentes de família.

Marcelo Rebelo de Sousa: Então e eu não te ofereci aquele comboio elétrico em 1983?

Nuno Rebelo de Sousa: Sim, ofereceu.

Marcelo Rebelo de Sousa: Então, este Natal levas um empurrãozinho para baixo do comboio, boa?