Durante as últimas semanas temos testemunhado as (duras) negociações entre o governo dos EUA e o governo Chinês. Ao que tudo indica e, desacredite-se aquele que julga que esta guerra comercial afeta exclusivamente estes dois intervenientes, não parece existir fim à vista. As primeiras projeções são claro, negativas. Analistas financeiros alertam para a possibilidade de existir um período de recessão se as taxas propostas pela administração Trump forem aplicadas. Não obstante esta possibilidade, Wall Street já sentiu os efeitos da guerra comercial e tem desde sexta-feira, dia 31 de Maio, vindo a baixar os seus valores substancialmente. O mesmo se repara no Dólar que esta segunda feira não aguentou a pressão do Euro e teve uma desvalorização expressiva.

Trump não se limita ao impasse com a China e impõe também um aumento das taxas alfandegárias a todos os produtos provenientes do fronteiriço México – o pretexto usado é sobretudo a imigração ilegal. Ainda assim, é fácil de se perceber que tudo isto é o começo da sua campanha de reeleição. O próprio que gosta de se autointitular como um negociador implacável, que não dá tréguas, a uma das suas principais bandeiras da campanha de 2016

Os Estados Unidos não estão apenas numa Guerra Comercial, estão em múltiplas.

Se por um lado luta afincadamente contra aqueles que o prejudicam, Donald Trump, no caso do Reino Unido, aplica um método diferente – aplica um jogo duplo. Faz lembrar a carismática personagem da trilogia do Batman, Harvey Dent, o senhor das Duas-Faces.

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Ainda não tinha aterrado em Londres e já tinha tweetado um provocador comentário sobre Sadiq Khan, o Mayor Londrino, afirmando que este era um falhado. Uns dias antes afirmou que Boris Johnson era a pessoa indicada para substituir Theresa May à frente do Partido Conservador, que Nigel Faraje deveria estar presente nas negociações do Brexit e ainda que a saída do Reino Unido da União Europeia deveria ser rápida e sem acordo – não devendo o Reino Unido pagar qualquer tipo de penalização ou divida.

O que está a ser posto em ação é simples: Trump tenta provocar uma onda de desequilíbrio (ainda maior) na política inglesa, o que posteriormente lhe poderá dar mais força para negociar a seu favor. Se Boris Johnson for eleito o novo líder dos conservadores e nesse caso se tornar primeiro-ministro britânico, verá em Trump um homem da sua linha e por isso, com a saída da União Europeia, o principal parceiro comercial norte-americano.

Trump faz da política um jogo. Enfraquece os outros, à procura de se fortalecer a si. A visita ao Reino Unido é também uma corrida de cavalos e Trump já fez a sua aposta – apostou num senhor cujo cabelo se assemelha ao seu.

Esperemos para ver.