A 31 de dezembro de 2019, foram reportados à OMS os primeiros casos de infeção por coronavírus na cidade de Wuhan. Desde então, a Covid-19 propagou-se pelos cinco continentes, tendo sido declarada oficialmente, pela própria OMS, uma situação pandémica mundial. Seguiram-se recomendações sobre medidas sanitárias com a finalidade de reduzir ao mínimo o impacto que uma pandemia provoca, quer do ponto de vista de saúde pública, quer pelas consequências sociais e económicas em cada país ou região.

Portugal teve o seu primeiro caso a 3 de março. A partir de certo momento, a DGS e o Governo têm convocado quase diariamente os jornalistas para conferências de imprensa, onde é atualizado o número de casos, nomeadamente, doentes internados, curados, em cuidados intensivos e óbitos. Também foram dadas orientações à população em geral no sentido de cumprirem as medidas sanitárias propostas.

Em relação à transmissão, o contacto directo significa disseminação de gotículas respiratórias produzidas, por exemplo, quando uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala. E estas podem ser inaladas ou ficarem retidas na boca, nariz ou olhos de pessoas que estão próximas (a menos de dois metros). Por outro lado, o contacto indireto surge através do contacto das mãos com uma superfície ou objeto contaminado com o vírus e que, em seguida, contactam com a boca, nariz ou olhos.

A DGS refere a importância em rastrear os contactos e conclui, dizendo: “É o fator mais importante para se detectarem precocemente os casos suspeitos e limitar a propagação da Covid-19.”

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Também define o conceito de contacto: uma pessoa que esteve exposta a um caso de Covid-19, ou a material biológico infetado com o vírus, dentro do período de transmissibilidade. O risco de contrair a infeção depende do nível de exposição, ou seja, os contactos com um caso de Covid-19 são classificados de acordo com o seu nível de exposição: de alto risco ou de baixo risco.

O que é um contacto próximo?

Um contacto próximo pode ser considerado nas seguintes situações:

  • pessoa com exposição associada a cuidados de saúde, nomeadamente a prestação de cuidados diretos a doente com Covid-19;
  • contacto em ambiente laboratorial com amostras de Covid-19;
  • contacto em proximidade ou em ambiente fechado com um doente com Covid-19.

Estas recomendações são do conhecimento geral de todas as escolas públicas e privadas.

O que vemos na prática ?

Que há uma quase total desorientação nas escolas deste país.

Há escolas que seguem uns critérios. Outras decidem seguir um rumo diferente quando um aluno está infetado.

Como pediatra, não há dia em que pais não me telefonem a perguntar o que fazer, porque um colega de turma do seu filho está infetado.

Vamos aos factos. Há casos em que a turma tem um aluno infetado com Covid-19 e apenas este aluno fica em isolamento na sua própria casa, enquanto os colegas continuam a frequentar a escola como se nada se passasse.

As orientações são precisas: contacto próximo em local fechado significa risco elevado.

Não é por se deixar uma janela ou porta aberta que deixa de haver contágio. Isso é pura demagogia! Estes alunos devem fazer o teste rápido e, na dúvida, PCR.

Há outras escolas que enviam todos os alunos para casa, ou parte deles, quando um dos colegas está infetado. Esta medida é correta, mas nem sempre é efetuado o teste de rastreio. Quando o fazem, é por iniciativa dos pais ou por recomendação do médico de família. O que aconselha a DGS ? É importante rastrear os contactos para evitar a propagação!

Nenhuma das duas orientações, no entanto, está correta. Os alunos não são enviados para casa, em quarentena profilática, nem são rastreados todos os contactos.

Como vamos conseguir quebrar estas cadeias de transmissão? Não espanta o aumento do número de casos entre a comunidade. Não há rastreio nem isolamento profilático, verdadeiramente! Todas as escolas devem seguir as mesmas diretrizes e estas devem ser uniformes.

Será que as orientações são dadas às escolas após contacto com a DGS ? Se assim for, não se entende porque não seguem as recomendações: rastrear os contactos e quebrar a cadeia de transmissão.

É fundamental que se façam mais rastreios, de preferência a todos os alunos da turma que estiveram em contacto com o estudante infetado, alargando-o igualmente aos professores e auxiliares.

Em equipa, lutando e trabalhando para o mesmo objetivo, é a melhor forma de conseguirmos vencer este  inimigo invisível, de dimensão ínfima ( 60 a 140 nanômetros), mas terrivelmente virulento e mortífero!