Se não me falha a memória, esta será a minha segunda crónica de uma visita a Inglaterra que programei para terminar antes do Brexit (neste caso marquei o regresso para 30 de Outubro). Mais uma vez, a data (que teria sido agora 31 de Outubro) foi adiada.
Isto começa sem dúvida a ser cómico. E faz lembrar uma sátira que circula pela internet dizendo que daqui a cem anos o primeiro-ministro britânico continuará a ir a Bruxelas pedir um adiamento do Brexit — o que constitui uma tradição de que ninguém sabe a origem, mas que atrai muitos turistas.
É uma excelente sátira, a mais do que um título. Em primeiro lugar, porque assume que durante cem anos o actual impasse vai permanecer — mas sem qualquer violência, guerra civil ou, na linguagem arcaica revolucionária (ou contra-revolucionária), ‘mudança de regime’. Esta expressão ‘regime’ é em rigor quase totalmente desconhecida na linguagem política de língua inglesa: aplica-se apenas a culturas políticas exóticas — onde facções rivais têm tido o hábito peculiar de se enfrentarem sucessivamente em revoluções e contra-revoluções, alternando em ditaduras de sinal contrário.
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