Tumba! Quartos de final do Euro 2024! Agora sim, que começámos a ganhar jogos sem marcar qualquer golo, estilo 2016, estamos no rumo certo para voltarmos a ser campeões da Europa. É este o tipo de exibição que há de guiar-nos à vitória. Foi desconcertante, o jogo frente à Eslovénia. Como é que 120 minutos soporíferos redundam em final impróprio para cardíacos? É uma análise do foro da cardiofutebologia que deixarei para o Doutor Gabriel Alves, naturalmente.

O grande destaque da noite futebolística de segunda-feira foi, como é óbvio, Luís Montenegro. O Diogo Costa também esteve óptimo, dentro das quatro linhas. Aliás, a imprensa refere, e bem, que nasceu um novo herói. O novo herói da mitologia portuguesa, Diogo Costa, fruto de uma relação íntima, mantida na nossa selecção, entre a Nabice e o Galo. A primeira a presidir a duas horas sem se conseguir marcar um único golo à poderosa Eslovénia, o segundo a dizer “Presente!” (e “cocorocó”, naturalmente, mas isso não é tão relevante para o caso) no penalty falhado pelo Cristiano.

Mas voltemos ao destaque da jornada, Luís Montenegro, porque se Diogo Costa esteve bem entre os postes, já a exibição do primeiro-ministro no Portugal-Eslovénia valeu por dois. A forma como Montenegro substituiu, na flash interview pós-jogo, o comentador residente, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de mostrar total disponibilidade para render António Costa nas bancadas do Deutsche Bank Park, em Frankfurt, foi impressionante. E a vontade com que o primeiro-ministro encarou este desafio. Lembramo-nos todos (com saudade e orgulho) de António Costa perguntar “Now, can I go to the bank”, certo? Pois bem, Luís Montenegro não perguntou, afirmou, “Now, I can go to the Deutsche Bank!”.

Na altura, Costa colocou a coisa em forma de pergunta, mas agora, presidente do Conselho Europeu e recebedor de 35 mil euros mensais, já terá até adquirido um carrinho de mão para carregar as verbas até à agência bancária mais próxima. Ou isso, ou terá de comprar uma estante nova a cada trimestre. Enfim, atendendo à nova situação profissional do ex-primeiro-ministro deixo só um conselho: ignore conselhos do Conselho Europeu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De volta ao actual primeiro-ministro, dizia eu que Luís Montenegro denota grande frescura física. No espectro da frescura física, Montenegro está no extremo oposto de Joe Biden. Quer dizer, vendo bem, é de suspeitar que a temperatura corporal do presidente dos Estados Unidos da América esteja já muito próxima da temperatura standard de congelação, os clássicos menos 18. Tanto é que o desempenho de Biden no debate de há dias com Donald Trump deixou muitas dúvidas aos eleitores democratas, sendo que a questão mais vezes escutada foi: “Espera, mas o nosso candidato pode ainda considerar-se, tecnicamente, vivo?”

A relevância do termómetro no avaliar da condição de Joe Biden faz parelha com a relevância do barómetro, realizado após o debate, em que 72% dos eleitores norte-americanos consideraram que Biden não tem saúde mental para ser presidente. Ainda assim, a sua família defende a continuidade da campanha. “Tem de levantar-se e lutar”, foi o que a família disse ao presidente dos EUA, segundo o The New York Times. Ao que Biden terá respondido: “Levantar-me? Vamos a isso. Chamem-me Lázaro e marquem com o Cristo para cá vir, que eu vou arrasar aqueles Trumps gigantes que deram cabo dos moinhos de vento.”

Agora, forçar o Biden a lutar parece-me mal. Não é ilegal, inclusive? Tal como é ilegal os donos porem os cães a lutar, não é contra a lei uma família pôr os seus idosos à bulha? Está bonito, isto, está. Nesta fase da vida, quando o homem devia era estar em casa a desfrutar de fraldas mudadas por outrem, é que o metem a trabalhar no duro. Bem estamos nós, aqui em Portugal, com os projectos da semana de quatro dias. Eu acho um bocado estranho que a solução para produzir mais, e deixar de ser ultrapassado por tudo o que são Roménias, seja trabalhar menos. Não sei, soa-me esquisito. Como criar mais riqueza? Trabalhando mais? Não, trabalhando menos. Menos. Não é mais. É menos. Ah… Se calha avançar a semana de quatro dias e ganhamos à França é que deixa de haver dúvidas: só sabemos mesmo trabalhar com os pés.