A evolução tecnológica a que temos vindo a assistir nos últimos anos está a mudar a forma como nos relacionamos e como interagimos com o mundo. Com a internet no centro dessa mudança, que possibilitou a comunicação em tempo real, e maior acesso à informação, assistimos a uma alteração nas relações humanas e à aceleração da globalização, quebrando espaço, tempo e lugar.

Mas se consideramos que a Internet foi importante, então esperemos o que a IA tem para oferecer. A sua capacidade de organizar e interpretar informação e procurar tendências, coloca esta tecnologia no centro da 4ª revolução industrial e promete uma disrupção sem precedentes.

Aplicabilidade da IA

Hoje mesmo, começamos já a testemunhar grandes mudanças nas organizações, fruto da democratização do acesso a estas ferramentas, nomeadamente através dos assistentes virtuais, como o ChatGPT ou das ferramentas de produtividade como processadores de texto, folhas de cálculo, editores de apresentações ou email, que potenciam as capacidades dos trabalhadores em tarefas de maior valor acrescentado.

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Nos diversos setores de atividade, a IA é já uma realidade: Na agricultura pode ajudar a determinar a produção, diminuir desperdício ou reduzir pragas, com impactes positivos na sustentabilidade do planeta; no setor automóvel com a mobilidade elétrica em expansão, começam a surgir os carros autónomos que avaliam obstáculos, calculam distâncias e garantem, sem intervenção do condutor, a segurança do veiculo e dos seus passageiros; no desporto, a aplicação da IA  ajuda, por exemplo, na monitorização dos atletas, registando velocidade, dados biológicos e identificando padrões que podem revelar-se essenciais na sua estratégia de sucesso. E ainda estamos no início.

Se aliarmos a IA a outras tecnologias como, por exemplo, ao 5G, que exponencia o conceito de interconectividade, aumentamos o leque de oportunidades desta ferramenta em diversas áreas, como por exemplo, na medicina, onde se espera que passe a ser possível fazer cirurgias à distância feitas por máquinas, e com a maior precisão; ou na gestão urbana, onde assistiremos à conexão de carros com edifícios, semáforos ou iluminação, dando origem às Smart Cities que permitirão uma gestão mais eficiente da segurança, da energia ou do ambiente.

A IA na Banca

No caso dos bancos, que estão em constante competitividade para entregar a melhor experiência ao cliente, a AI torna-se essencial em várias vertentes do negócio, como por exemplo:

Detetar e prevenir a fraude, uma vez que permite a análise de grandes quantidades de dados em tempo real, identificar tendências e despoletar alertas;

Identificar diversos tipos de risco, como compliance ou investimento, pois permite rapidamente identificar anomalias;

Reduzir custos operacionais, através da automatização de tarefas repetitivas e minimizando o erro;

Gerir a relação com o cliente, permitindo adequar a oferta de forma individualizada.

Na Caixa, temos vindo a aliar a nossa experiência de banca ao conhecimento tecnológico de diversas fintech no mercado para desenvolver soluções que nos colocam em vantagem competitiva. Refiro-me, por exemplo, à Assistente Digital da app Caixadirecta que, desde 2019, permite aos nossos clientes realizarem transações e obter informações, em tempo real, através de uma conversação bidirecional, ou ainda ao Assistente do Contact Center que permitiu otimizar a gestão de chamadas e garantir a redução do tempo de atendimento.

Adicionalmente, na Caixa, a analítica e IA são utilizadas para melhorar a experiência dos clientes através da personalização dos conteúdos e para aumentar a eficiência das operações do Banco através da sinergia entre Automação de Processos e Capacidades Cognitivas como, por exemplo, processamento de linguagem natural e computer vision.

Para inovar é necessário tempo, e com a IA ao serviço do negócio, ganhamos mais tempo para nos dedicarmos a reflectir, estudar, discutir e iterar em novas ideias e formas de negócio. Mas não é só. Não podemos falar de competitividade e inovação sem falar em ética e talento.

Ética: A Caixa é o banco de Confiança dos Portugueses, um legado de anos de trabalho responsável e respeito pelos valores éticos, que queremos fazer prosperar. Nesse sentido, garantimos que todas as integrações que fazemos com a IA, não ultrapassam os limites da transparência na comunicação, privacidade de dados, responsabilidade para com os nossos stakeholders e, acima de tudo, segurança da informação.

Conhecemos os riscos associados a esta tecnologia e garantimos que a mesma está compliant com as exigências do regulador.

Adicionalmente, numa perspetiva de evolução futura, estamos atentos aos esforços de governação da IA, como a regulação europeia, que se aplicará não só à banca, como a todos os setores de atividade, e que irá classificar a IA de acordo com os níveis de risco que apresentam ao utilizador.

Talento: Hoje mais que nunca, as novas gerações procuram empresas com propósito, que estejam alinhadas com o mundo moderno, que integrem as mais recentes tendências de mercado no negócio e que tenham associada uma imagem de inovação. Neste campo, a IA, integrada com outras tecnologias, ajuda-nos a estarmos alinhados com as exigências da nova força de trabalho, nativa digital, e a desafiar o status quo, contribuindo para estarmos one step ahead em qualquer dimensão da empresa ou área de negócio, contribuindo, assim, para a retenção de talento.

Enquanto tecnologia multidisciplinar, que abarca áreas como a neurociência, matemática, computer science e até linguística, a IA traz consigo um enorme potencial de utilizações e oportunidades para as empresas em todo o mundo.

Em Portugal, para potenciar a utilização desta tecnologia, começam a surgir projetos como o Center for Responsible AI, desenvolvido no âmbito do PRR para criar a próxima geração de produtos de IA, ou o Deloitte AI Institute Portugal, que visa ajudar as organizações na sua transformação, com inovação de ponta.

A democratização destas soluções tem permitido às organizações, independentemente da sua dimensão, diferenciar-se no mercado nacional ou internacional, fruto do acesso a tecnologia de ponta a custos relativamente reduzidos.

Neste contexto, e se há pouco tempo atrás tínhamos dúvidas que a IA um dia seria realidade, hoje, a dúvida passa por perceber como criar parceiras estratégicas para integrar estas ferramentas inteligentes no negócio das empresas, que se querem cada vez mais inovadoras e competitivas, sem esquecer os valores morais e éticos de uma tecnologia que ainda tem um longo caminho por explorar.