O que vai na cabeça de toda a gente por estes dias? A CMVM ter suspendido a negociação de acções da Inapa, empresa líder na distribuição de papel, em consequência do pedido de insolvência? Claro, também. Afinal, a indústria papeleira está sempre no topo das nossas preocupações. Mas não é isso. Será então o facto da tribo indígena Mashco-Piro, conhecida por ser a mais isolada do mundo, se ter deixado fotografar, num raro momento, no sudoeste do Peru perto da fronteira com o Brasil? É motivo de forte inquietação, sem dúvida, os fugidios índios também já se terem tornado fãs de selfies. No entanto, neste momento, o que realmente interessa é o início dos Jogos Olímpicos.
Se bem que, para mim, o momento alto do certame desportivo de Paris já teve lugar. Assim que a presidente da Câmara da Cidade Luz nadou nas águas do Sena acho que não se pode pedir mais em termos de espectáculo. Nem de micoses. Desde a banhoca de Marcelo Rebelo de Sousa no Tejo que não era tão expectável a entrada da hepatite A na agenda política. Desconheço se, durante o verão, Anne Hidalgo continuará a copiar os passos de Marcelo – além das braçadas -, mas se for o caso não chegamos ao fim da época balnear sem ver o traseiro à edil parisiense numa troca de roupa em público à saída de uma qualquer praia gaulesa.
A propósito do presidente adepto da natação – e de traseiros, também, por que não? – lembrei-me do presidente que acabou de ser atirado borda fora. Pois é, nos Estados Unidos da América, Joe Biden foi retirado da piscina dos grandes. Talvez por receio de um “acidente ecológico”, uma vez que o já diminuto controlo sobre as funções cognitivas é, por norma, acompanhado de um igualmente reduzido domínio sobre as funções, digamos, cocógnitivas.
Certo é que, de repente, tudo o que é político democrata, famoso de Hollywood e jornalista dos media tradicionais retirou o tapete a Joe Biden. Felizmente, Biden já tinha tropeçado antecipadamente e ainda estava pelo chão, caso contrário podia ter-se aleijado. Não que esta malta não soubesse perfeitamente, há anos, da galopante senilidade do presidente. Como é óbvio, se qualquer um de nós o percebia perfeitamente vendo apenas segundos de imagens, quem rodeia Joe Biden estava perfeitamente ciente das suas inultrapassáveis limitações. O que mudou foi, depois do inegavelmente catastrófico desempenho no debate com Trump, já nem Obamas, nem Clooneys nem CNNs conseguirem convencer ninguém que Biden estava estupendo.
Vai daí, livraram-se do velhinho com a campanha em andamento e não se sabe – à hora que escrevo – em que descampado, uma vez que a notícia do abandono de Joe Biden foi divulgada via carta, no X. Sem um vídeo com uma declaração, sem sequer uma fotografia do homem. Talvez Biden tenha optado pelo singelo tweet por estar ocupado a fazer vídeos do seu workout de calisthenics para o Tik Tok. Pode ter sido apenas falta de tempo. E também o assunto não era assim tããão importante. Ou isso, ou Joe Biden ainda não faz ideia que já não é candidato às eleições de novembro.
Em todo o caso não há problema, porque no lugar do presidente que, ao fim de quatro anos, deixa o mundo a arder, vem a vice-presidente Kamala que Biden mandou à Europa resolver o conflito na Ucrânia e à fronteira dos Estados Unidos com o México resolver a invasão de imigrantes ilegais. Missões cumpridas! Se o Trump não ganha em novembro, vai ser bonito, vai. É que se a alternativa for Kamala, ainda assim prefiro o Deejay Kamala à Kamala Harris. Para terem ideia da gravidade da coisa.
Enfim, é com pesar que constato que a única coisa que EUA me sugere neste momento é Esmiuçar Uma Anedota.
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