Portugal está no estado em que está, não porque uma ou outra pessoa decisiva é incompetente, corrupta ou absolutamente impreparada para o emprego que “ganhou”, mas sim pelo facto de a competência não ser um critério de escolha, com a lealdade ao Partido-Sol a ultrapassar qualquer um daqueles parâmetros habitualmente incluídos nos curricula vitae.
O nosso país caminha a passos largos para ser o lanterna vermelha da Europa. Um quarto de século nas garras do Partido Socialista e as suas políticas de terra queimada, opacidade e falta de visão estratégica atiraram os Portugueses para crise atrás de crise. O actual Primeiro-Ministro parece ser o pior entre iguais, liderando o nosso infortunado país sem qualquer visão do que quer fazer com todo o poder que acumulou, controlando Governo, Assembleia da República, Partido Socialista e oposição; e tomando de assalto as nomeações dos tribunais, Banco de Portugal, reguladores, procuradorias, embaixadas, empresas públicas e privadas dependentes do Estado.
Quando Portugal chega ao topo dos países com maior mortalidade causada pela Covid, quando a mortalidade não-Covid dispara em relação aos anos anteriores e quando o impacto económico nas famílias, empresas e contas públicas se encontra entre os piores da Europa, talvez tenha chegado o momento de mostrarmos alguma humildade.
Sejamos claros: o nosso sistema público de saúde não é um dos melhores do mundo. Já não o era antes desta crise ou os Portugueses não andariam a desperdiçar o seu dinheiro em ADSE e seguros de saúde. Certamente não o foi desde que a pandemia se instalou, com milhões de consultas anuladas, milhares de cirurgias canceladas, profissionais mal pagos, desesperados e esgotados enquanto uma parte considerável da capacidade instalada é desaproveitada devido ao fundamentalismo ideológico de Marta Temido, um dos poucos membros deste Governo que parece ter algum tipo de ideia para o país (infelizmente para todos nós uma visão algo soviética, como está à vista).
Depois de quase um ano de pandemia ainda não temos acordos escritos com as entidades privadas e sociais para responder às previsíveis vagas subsequentes. Os estudantes carenciados do ensino público ainda não têm computadores ou tablets que permitam continuar os estudos online, nem as escolas e professores as condições para darem essas mesmas aulas. Foram precisos sete meses para o ministro Tiago Brandão Rodrigues dar a ordem de compra desses 350 mil computadores portáteis. Agora culpa os privados por a logística demorar umas semanas.
Descobrimos que o SEF mantém o seu próprio Guantánamo em pleno aeroporto internacional Humberto Delgado, onde se dedica a aterrorizar, torturar e até assassinar um cidadão inocente e nada acontece. O ministro responsável, Eduardo Cabrita, sente-se perfeitamente legitimado para continuar o seu imprescindível trabalho.
Mas será que o desastre a deflagrar na saúde, economia, educação e em praticamente todas as áreas da sociedade é assim tão surpreendente? Temos um país orgulhoso da sua capacidade de improviso, que despreza o planeamento, a organização, o investimento e a poupança, e um Governo mais dedicado em colocar amigalhaços em tudo o que mexa, aos resultados dos seus focus groups e ao brilhantismo da sua comunicação do que em resolver problemas actuais ou futuros dos Portugueses. A absoluta ausência não só de capacidade, mas também de vontade reformista deste Governo, é a sua mais marcante característica e por tal será recordado pela História.
Portugal não estava pronto para uma pandemia global. Nenhum país estava. Mas será que estaria para um grave roubo de armas militares? Para um grande processo judicial de corrupção envolvendo algumas das maiores figuras do Estado? Para a chegada de uma vaga de refugiados? Para um grande terramoto como em 1755? Para uma necessidade de resposta militar repentina? Para um ataque terrorista como Espanha, Reino Unido ou França tiveram? Para um grande incêndio florestal no Verão?
Não há qualquer esperança de que António Costa e este Partido Socialista sejam capazes de se regenerarem e de reformarem o país. Mas a democracia em Portugal está ainda longe de estar extinta e temos a oportunidade de mudar a sorte do nosso país. Deixemos de glorificar ideologias que já demonstraram inequivocamente a sua perversidade e ineptidão. Sigamos os países liberais que há muito provaram a sua capacidade reformista, o seu apego às liberdades individuais, o seu respeito pelo meio ambiente e a sua inigualável competência para gerar riqueza.