Puxando ao fundo cabotino que a raça também cultiva, maioria do governo e Presidente da República assobiam para o lado e – literalmente – brincam com o fogo.
Há dias foi a tragédia de Pedrogão e o colapso mortal do sistema nacional de prevenção, de comunicações e de combate ao incêndio.
Agora, atónito, o País soube aos bochechos do incrível roubo de demasiado material de guerra de um paiol militar de Tancos.
Ninguém grita, ninguém manda, ninguém vira nenhuma mesa.
E já não se aguenta a conversa do costume das entidades oficiais, mais uma vez apanhadas distraídas, de calças na mão, num excesso de perplexidade envergonhada que é obscena.
Que soma ao transversal “passa culpas” e aos inquéritos sempre lançados à água tarde e a más horas para (não) se apurarem responsabilidades.
E a revolta de todas as famílias enlutadas, meu Deus!
E a revolta dos muitos anónimos que realmente deram a cara no fogo e arriscaram as suas vidas para salvar outras vidas e as suas fazendas.
Com toda a razão, as pessoas estão preocupadas e sentem-se inseguras.
Porque as pessoas veem tudo, sentem tudo e percebem tudo.
Porque o Estado, as autarquias, as instituições, os seus representantes não têm preparação, nem quilate, nem estão alerta ou sequer realmente preocupadas com o outro e a sua vida.
Porque o Estado que se viu a actuar é uma falácia, cuja indigna mediocridade nenhum discurso, por mais comovido e comovente que seja já não consegue esconder nem disfarçar.
Os afectos dos governantes e dos representantes do Estado não trazem ninguém à vida, nem endireitam veredas.
Tem toda a razão, a um prazo qualquer, o articulista, parece que espanhol, que previu a queda inevitável política da geringonça governativa por causa destas trapalhadas, desorganizações e incúrias insanas e criminosas que tiraram mais de 60 vidas a pobres inocentes.
Uma geringonça que é politicamente uma fraude desde o primeiro dia.
E Marcelo também cai (senão caiu já) se não muda e não intervém mesmo.
As pessoas, muitas pessoas, quase todos os governados, estão com toda a razão indignadas.
E sentem-se muito inseguras.
Portugal está perigoso.
Já aconteceu antes e tem solução.
Miguel Saldanha Alvim é advogado e membro da Comissão Política Nacional do CDS