1. Os sinais em política valem ouro. Tudo porque antes da ação política propriamente dita temos o simbolismo e a influência da palavra. Uma pergunta, uma afirmação ou até mesmo uma censura de um governante permitem perceber qual o caminho que quer seguir antes do mesmo ser explicitado. Muito mais quando estamos a falar da relação do Governo com a Justiça que, em nome do principio da separação de poderes, tem regras claras e terrenos que estão vedados ao poder político pela Constituição.
Vem isto a propósito dos sinais que António Costa tem vindo a deixar nos últimos meses sobre a visão que quer para a Justiça, nomeadamente para o Ministério Público — e que remetem para uma das metas que foram concretizadas pela maioria absoluta de José Sócrates em 2005 (a tal de que Costa fez parte até 2007): o controlo do poder judiciário. Quando o PS parece estar à beira de conquistar a sua segunda maioria absoluta, é importante estarmos atentos.
É verdade que António Costa impediu desde 2014 que José Sócrates usasse o escudo do PS para se proteger das graves suspeitas de corrupção que existem nos autos da Operação Marquês, salvaguardando assim o partido de algo que Lula da Silva, por exemplo, infligiu ao Partido dos Trabalhadores no Brasil. Se o fez por convicção ou por mero interesse partidário (Sócrates era o único socialista com poder e influência interna para lhe fazer frente no PS), é algo que ainda não é totalmente claro.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.
Siga-me no Facebook (@factoserigor e @luis.rosa.7393), Twitter (@luisrosanews) e Instagram (@luis.rosa.7393)