Há 58 anos, Martin Luther King Jr., fez o seu discurso “I have a dream”, onde clamou pelos direitos civis e económicos e pelo fim do racismo e das desigualdades nos Estados Unidos.

Este discurso significou o início de um novo entendimento social. Sustentado nos princípios da Declaração de Independência, nos valores da Proclamação de Emancipação, e no sistema político da Constituição dos Estados Unidos, Martin Luther King Jr., afirmou o ideal da liberdade e da democracia liberal exigindo que a justiça fosse igualmente tão grandiosa. Ghandi antes dele e Mandela depois exemplificam essa visão de acolhimento da diversidade humana, numa sociedade consciente de que todas as pessoas, apesar das distintas etnias, culturas e condições sociais e, sobretudo, das suas imperfeições individuais, são iguais em dignidade e devem ser iguais perante a lei.

É impossível implementar uma utopia. Todas as tentativas já o demonstraram. As sociedades perfeitas, quer as defendidas pela direita, quer as defendidas pela esquerda, são inalcançáveis. Só existirão sem pessoas. E como nenhuma sociedade existe sem indivíduos, nenhuma sociedade será alguma vez perfeita. Martin Luther King Jr., Gandhi e Mandela não advogaram sociedades perfeitas. Defenderam sociedades mais justas.

A resposta às questões humanas depende do coração de cada um. A Ética e a Moral dependem da distinção entre o bem e mal. E a opção por praticar o bem ou o mal depende da vontade individual. Há quem tenha um coração bom. Há quem o tenha mau. Há quem fale com amor e há quem apenas expresse ódio e ressentimento. Os primeiros mudam a sociedade pelo carácter. Os segundos apenas pelo ganho pessoal. Há quem defenda justiça para todos e há quem a defenda só para si, para a sua comunidade, para a sua raça, advogando a discriminação como reparação da discriminação vivenciada no passado. Martin Luther King Jr., Gandhi e Mandela, que sentiram na primeira pessoa as consequências do ódio e da discriminação, declararam o perdão como via para a mudança.

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Nestes 58 anos, o mundo mudou. E a mensagem de esperança defendida por Martin Luther King Jr. desapareceu, sendo substituída por palavras de ressentimento, de ódio e de violência. A Cancel Culture e o Movimento Woke, através das políticas identitárias e afins, originaram organizações intransigentes, intolerantes e discriminatórias como o Black Lives Matter. Não estou a dizer que não existe preconceito nem injustiça nos EUA (e não só). Estou a dizer que se Martin Luther King Jr., fosse vivo diria que todas as vidas importam e que todas são dignas de respeito. Aliás, quando releio os ensinamentos dele, tenho a certeza disso:

“Violence as a way of achieving racial justice is both impractical and immoral. It is impractical because it is a descending spiral ending in destruction for all. The old law of an eye for an eye leaves everybody blind. It is immoral because it seeks to humiliate the opponent rather than win his understanding; it seeks to annihilate rather than to convert. Violence is immoral because it thrives on hatred rather than love. It destroys community and makes brotherhood impossible. It leaves society in monologue rather than dialogue. Violence ends by destroying itself. It creates bitterness in the survivors and brutality in the destroyers.” – Martin Luther King Jr.

E reafirmo: a resposta às questões humanas depende do coração de cada um.

O pseudo-activismo da Cancel Culture e do movimento Woke também existe em Portugal. Mamadou Ba é um dos seus paladinos. Infelizmente, como exemplos do racismo aversivo, apenas promovem discurso do ódio, o desrespeito da propriedade privada e da autoridade, aludindo implicitamente à violência, pois detestam a democracia liberal.

Não é apenas à direita que o racismo e a xenofobia existem e se colocam à frente do sonho de Martin Luther King Jr. Pseudo-activistas como Mamadou Ba também o impedem. Não é de estranhar. O sonho de Martin Luther King Jr., é o pesadelo de Mamadou Ba, que o expressará, mais ou menos, assim:

Eu tenho um pesadelo que me consume permanentemente. O meu pesadelo é uma sociedade de harmonia entre todos os homens. E este pesadelo instiga-me a persistir na destruição da sociedade branca portuguesa porque só os brancos são racistas e opressores. Tenho esta convicção como uma verdade evidente em si mesma.

No meu pesadelo vejo, nos campos alentejanos, os filhos dos ex-colonizadores e os filhos dos ex-colonos convivendo em harmonia à mesa da fraternidade.

No meu pesadelo, o sonho de Martin Luther King Jr., preencheu a sociedade portuguesa e todas as pessoas são julgadas pelo seu carácter e nunca pela cor da sua pele.

No meu pesadelo, as pessoas respeitam-se e aceitam as suas diferenças, reconhecendo que qualquer indivíduo, independentemente da sua raça, pode ser preconceituoso. É por isso que se ajudam mutuamente, manifestando compaixão uns pelos outros.

Não gosto deste pesadelo e não quero uma sociedade em coexistência pacifica.

A escolha é simples. Continuarei a defender os princípios de Gandhi, King e Mandela enquanto combato o discurso de ódio dos Mamadou Bas desta vida.