Sexta-Feira, 8 de Novembro, em Amesterdão, em plena União Europeia, dezenas de judeus foram atacados por serem judeus. Uma multidão de muçulmanos enraivecidos organizou-se e juntou-se para atacar os adeptos israelitas do clube de futebol Maccabi Haifa, que jogava contra o Ajax de Amesterdão.
As imagens escabrosas estão disponíveis, a caça ao judeu aconteceu às claras, as agressões estavam carregadas de ódio, houve dezenas de feridos, alguns em estado grave e Israel enviou aviões para evacuar os seus cidadãos.
Um pogrom em toda a ordem, numa Holanda que já viu um cineasta (Teo Van Gogh) morto à facada por islamistas fanáticos e uma deputada, ex-muçulmana (Ayan Hirsi Ali) teve mesmo de fugir para os EUA, por repetidas ameaças à sua vida, sem que o estado holandês tenha mostrado especial preocupação na sua protecção.
Ali ao lado, na França, num outro jogo de futebol, adeptos do Paris Saint Germain, clube de futebol propriedade do Qatar, país que apoia financeiramente o Hamas, usa a Al Jazzera para fazer a propaganda da agenda da Irmandade Muçulmana e paga generosamente as manifestações e a disseminação do antissemitismo no Ocidente, abriram uma enorme faixa com propaganda do Hamas, a ocupar toda a bancada, apelando explicitamente à destruição de Israel.
Tudo isto numa Europa onde a França, de Macron e o Reino Unido, de Keith Starmer, promovem boicotes a Israel, numa mímica que se vai aproximando da Alemanha da primeira metade do séc. XX.
Mas não estão sós: a Espanha de Sanchez e de Borrell é um dos campeões do ódio ao judeu, só superada pela Irlanda, onde organizações insuspeitas denunciam que o currículo escolar e os conteúdos desde a escola primária, manipulam as jovens cabecinhas no ódio ao judeu.
A Noruega, lá em cima, sob a batuta de socialistas sentados em cima de petróleo, acompanha a partitura.
Os principais meios de comunicação, como se pode comprovar logo aqui no rectângulo, debitam incessantemente a propaganda do Hamas, repetem chavões antissemitas (antissionistas, como gostam de dizer para fazerem de conta que não são o que são) e enviesam as notícias e os comentários no mesmo sentido.
Na Sexta-Feira houve um pogrom clássico em Amesterdão e, no mesmo dia, a CNN Portugal mostrou mais uma vez a falta de balança moral e a má-fé que parece animar as suas escolhas.
Ao fim da tarde, o jornalista André Neto de Oliveira chamou o comentador Tiago André Lopes para opinar. Na altura já o Rei e o Primeiro-Ministro da Holanda, bem com a Presidente da Câmara de Amesterdão, tinham dito, publicamente e com todas as letras, que se tratava de um ataque antissemita, sem “mas” nem “vácuos” do tipo guterrista. E também já se sabia na altura, que o pogrom foi organizado dias antes pelo Telegram, como noticiou o periódico holandês De Telegraaf.
Mas isto são meros factos. A CNN precisa de algo mais e o comentador Tiago lá apareceu para fazer o que faz amiúde no Canal e que consiste, grosso modo, em debitar com um ar grave, de badocha do liceu, a habitual catilinária pró-putinista, antissemita e anti-ocidente.
Não sei se será o clássico Síndroma de Estocolmo, a criatura teve de fugir apressadamente do Paquistão, há uns anos, como resultado de inconfessáveis práticas alternativas, mas o facto é que a simpatia e a largueza de critérios com que comenta as acções do Irão, do Hezbollah, do Hamas, da Rússia e da Coreia do Norte, são notórias e constrangedoras.
Como é que o jornalista André e o comentador Tiago noticiaram o pogrom? A CNN deu a entender, com uma pequena peça, que a culpa foi dos adeptos do Maccabi porque cantaram coisas ofensivas pelas ruas e até retiraram uma bandeira palestiniana de uma janela.
Como se sabe, trata-se de coisas que nenhuma claque futebolística faz. Por exemplo, para não ir mais longe, os adeptos da Juve Leo, dos No Name Boys e dos Superdragões, não fazem nada disso, antes pelo contrário, limpam o lixo das praias, ajudam velhinhas a atravessar a rua, fazem excursões a Fátima, e entoam belos cânticos gregorianos.
Mas para o comentador Tiago, não há dúvida, os adeptos israelitas foram os culpados e a “população” reagiu naturalmente. Note-se a desfaçatez do “comentador”. Um pogrom planeado dias antes passou a ser uma “reacção” compreensível a uma provocação, e um magote de muçulmanos enraivecidos, muitos dos quais vieram de fora da cidade, transmutou-se, nas palavras do Sr. Lopes, em “população”.
O jornalista André abanava a cabeça, visivelmente confortável e, já para o fim, perguntou ao comentador Tiago se este tipo de “reacções”, não deveria fazer pensar os líderes políticos israelitas. Traduzindo, o “jornalista” acredita que sujeitar judeus a pogroms na Europa faz todo o sentido e vai obrigar Israel a aceitar com bíblica paciência ser atacado sem reagir por aí além.
O Tiago não perdeu a oportunidade para reforçar. Que sim senhor, esta “reacção” (o pogrom) provava que Israel se estava a transformar num estado pária e que os líderes israelitas tinham de pensar bem. Ou seja, esta alegre equipa de “jornalista” e “comentador”, não sei se por ignorância, se por malvadez, lança para o espaço mediático os típicos libelos antissemitas de todos os tempos e que se resumem numa única ideia: os judeus são péssimos e se alguma coisa lhes acontece é porque, no fundo, lá fizeram alguma.
Em conclusão, um pogrom planeado e executado por muçulmanos cheios de ódio numa capital europeia transforma-se, na CNN, numa justa reacção da população a uma “provocação”, e é até uma coisa boa porque assim os líderes israelitas têm o que merecem.
Não é pois de admirar que a “causa palestiniana” se tenha transformado, em vastos sectores das sociedades ocidentais, em apoio explícito ao terrorismo à intifada, e seja hoje o desavergonhado disfarce que permite a gente pouco recomendável verbalizar o velho ódio antissemita.
Quando vemos as Mortáguas, os Nunos Ramos de Almeida, os Tiagos Andrés Lopes, os Guterres, e outras criaturas da mesma estirpe a rasgarem as vestes nas televisões pela “causa palestiniana”, não nos devemos iludir. O que toda essa gente está mesmo a querer dizer é:
Juden Raus!