Quando vi a comunicação social coberta de declarações alarmistas do primeiro-ministro acerca de um «sentimento de revolta» que por aí correria contra a greve dos camionistas de matérias perigosas, percebeu-se que o PS está em pânico. Não tanto com essa greve, que acontecerá ou não daqui a duas semanas, mas sim com a rede de tropelias em que o partido foi apanhado desde que recomeçaram os incêndios florestais e se revelou a completa incompetência do governo para lidar não só com o flagelo mas também com as vítimas dos fogos e com os seus representantes locais.

Por sua vez, o episódio das «golas» — que seriam caricatas se não fossem inflamáveis! – destapou em catadupa a série de negócios de toda a ordem realizados com o Estado central e as autarquias por familiares próximos dos membros do presente governo e das câmaras do PS: logo quatro de uma só vez a acrescentar aos casos anteriores! Perante isso, a reacção de um primeiro-ministro cada vez mais prepotente foi refugiar-se imediatamente junto da procuradora-geral nomeada há pouco tempo por ele próprio e pelo Presidente da República, o qual parece entretanto ter desaparecido em férias… O significado destas fugas a dois meses das eleições não é difícil de adivinhar!

Bem queria o primeiro-ministro alterar a legislação que ele próprio aprovara no século passado e que ainda regula as relações de ética económica entre membros do governo e familiares próximos mas não teve tempo. A cobertura da PGR destina-se a salvar, se possível, a pele dos governantes do PS apanhados em falta mas, sobretudo, a adiar para depois das legislativas do início de Outubro uma solução qualquer para todos os desastres que já estão a caminho.

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