Obrigado Papa Francisco. Obrigado por mostrar de forma tão clara, aquela que sempre foi a mensagem de Deus, uma mensagem de amor e de respeito por cada pessoa, independentemente do sexo, raça, religião ou orientação sexual. Que orgulho ver o líder da Igreja Católica dar um passo em frente e defender publicamente a dignidade de pessoas a quem tantas vezes a tentam tirar.

Aos olhos de Deus não há cidadãos de primeira e de segunda, nem elites ou proscritos. Como o Papa Francisco disse, e bem, os homossexuais são “filhos de Deus e têm direito a uma família”. A isto acrescento o direito à vida, à dignidade e ao respeito da sua individualidade, algo que eu, como católico, defendo e acredito.

João Miguel Tavares pôs bem o dedo na ferida quando disse que há um problema quando “o olhar da sociedade em relação aos homossexuais é mais cristão do que o olhar da Igreja que se diz de Cristo.” Não raras vezes, vejo católicos marginalizar e julgar homossexuais, como se fossem “culpados” por algo que com eles nasceu e que é uma manifestação instrínseca da sua pessoa. Não é fruto de um capricho ou de uma vontade momentânea, é uma condição tão verdadeira como a de alguém que nasce heterossexual, porque estamos a falar da capacidade de amar alguém.

E para que não haja interpretações erradas do que o Papa Francisco disse, o Sumo Pontífice não falou em alterar a doutrina da Igreja. O que defendeu foi a criação de legislação que proteja a vivência civil de homossexuais, da mesma forma que a lei protege indivíduos heterossexuais, nomeadamente no contexto familiar, impedindo, por exemplo, que estes sejam expulsos da própria família.

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Esta é a Igreja em que eu acredito. Uma Igreja que não exclui ninguém, que olha para qualquer pessoa com o olhar de Deus e que defende, principalmente, aqueles que tantas vezes são ostracizados pela sociedade. Não falo, neste caso específico, dos homossexuais como se fossem “coitadinhos” ou pessoas que necessitem da pena alheia. O que falo é de pessoas que vejo demasiadas vezes julgadas em praça pública e olhadas como um mal dos nossos tempos.

Numa altura tão turbulenta na Igreja Católica, com demasiada divisão interna e inúmeros ataques externos, que privilégio que é ter um Papa tão humano, tão pragmático e, acima de tudo, tão cristão. Alguém que mostra nos gestos do dia-a-dia a simplicidade da mensagem cristã e aquilo que de bom esta traz ao mundo. Para quem está “de fora”, que possa olhar para isto como uma esperança de que a ação católica continue a fazer bem ao mundo. Para quem está “dentro”, que consigam seguir o exemplo do Papa Francisco e transformar a mensagem em atos concretos de amor. Assim, o mundo será um lugar melhor para todos.

Texto atualizado às 22h20 de 25 de outubro de 2020.