Já todos ouvimos falar que vem aí uma nova diretiva europeia para os pagamentos, a PSD2, que vai mudar e dinamizar o mercado da Banca a partir de 13 janeiro de 2018. Mas, essencialmente, quais vão ser as vantagens para a banca, para os comerciantes e para nós, os utilizadores?

Esta nova diretiva tem dois serviços base: o PIS – Payment Iniciation Service – que permite os pagamentos instantâneos; e o AIS – Account Information Service – que permite que a informação bancária seja agregada num só lugar.

A informação financeira do utilizador vai finalmente pertencer-lhe e poderá guardá-la num só local, seja numa app ou no computador. Tendo estes dados agregados, o utilizador pode partilhá-los com a instituição que quiser e pelo tempo que quiser. Compreendendo isto, podemos ver as vantagens que aí vêm para os bancos, para os comerciantes e para os utilizadores.

Em primeiro lugar, para os comerciantes, que passam a poder conceder créditos para os seus produtos de forma instantânea, acedendo rapidamente a toda a informação necessária do cliente (assim este autorize essa partilha). Podem também começar a utilizar outros mecanismos de pagamentos, mais rápidos e mais baratos, que não o tradicional cartão de débito.

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Em Portugal, a maior parte das compras são feitas a débito. A partir de agora, o utilizador não precisa de utilizar um cartão. Basta fazer um pagamento instantâneo através de uma app, que será mais cómodo para o cliente e mais rápido e mais barato para o comerciante. Com a PSD2, os comerciantes poderão vir a reduzir os seus gastos de processamento de pagamentos em entre 40% a 60%!

Para o utilizador, esta nova diretiva vem abrir um leque de novidades, como estar na posse da sua informação, ter o poder de decidir com quem a partilha, ter acesso a créditos e pagamentos instantâneos e poder escolher ter contas em bancos de outros países da zona SEPA.

Para exemplificar, quantos de nós já fomos comprar um produto a prestações e tivemos de voltar a casa para ir buscar recibos de vencimento, comprovativos de rendas da casa e outros diversos documentos? Com esta nova diretiva, e com a nossa informação financeira agregada digitalmente, basta partilhar com a loja a informação necessária, para que nos possam conceder o crédito de forma instantânea para a compra do produto. Para o utilizador é um processo mais rápido e cómodo e, para a loja que nos vai conceder o crédito também.

Os bancos serão largamente impactados com a PSD2, com a abertura do mercado a outros players, como instituições de pagamentos. Mas até os bancos vão ter vantagens. Se um cliente pretende pedir um crédito à habitação, o banco poderá ter acesso a toda a informação financeira do cliente de forma mais realista, acertada e segura.

É importante reforçar que o utilizador não sai fragilizado, pois terá em sua posse a própria informação que só partilha com quem quer; os bancos poderão conceder créditos de forma mais segura e acertada; e os comerciantes terão métodos de pagamentos mais vantajosos.

No entanto, vamos ter de esperar por abril para podermos viver esta realidade. Portugal, que era um dos países mais avançados em pagamentos, atrasou-se. Atrasou-se porque o governo e o Banco de Portugal vão esperar até ao último dia, 12 de Janeiro de 2018, para transpor a diretiva, e porque a SIBS, cujos acionistas são os bancos, não se preparou a tempo, deixando a ideia de que o melhor é adiar até ao limite, pois estas mudanças vão ter impacto nas contas dos seus acionistas.

Entretanto existem 585 bancos na Europa que lançaram no passado dia 21 de novembro os serviços de pagamentos instantâneos.

Seja como for, a banca instantânea vai chegar em 2018 e vem para tornar a nossa vida muito mais simples e rápida.

A banca como a conhecemos acaba no início do ano

Sebastião Lancastre é presidente da easypay. Filho do fundador da Unicre e ex-quadro da Unicre, iniciou a sua carreira profissional na área comercial na Xerox Portugal. Em 1992 ingressou na Unicre como Assessor da Direção Geral. Na Unicre até 1999 assumiu, também, a função de Responsável de Marketing do Cartão Unibanco. Em 2000 criou a easypay, que iniciou atividade em 2007. É formado em Engenharia de Sistemas Decisionais, pelo Instituto de Matemáticas Aplicadas. Frequentou um MBA na área de Sistemas de Informação e foi professor convidado no IADE na Pós Graduação em Internet e Marketing.