O cancro colorretal é um dos tumores mais frequentes em Portugal, com mais de 10.000 novos casos diagnosticados anualmente. Estudos epidemiológicos demonstram que o risco aumenta com a idade, sendo a maioria dos casos diagnosticados em pessoas com mais de 50 anos. No entanto, também há uma preocupação crescente com o aumento entre adultos mais jovens, destacando-se a importância do rastreio adequado e do reconhecimento dos sintomas de alarme.

Apesar desses números alarmantes, os avanços significativos no diagnóstico e no tratamento têm melhorado as perspectivas para os doentes. Um dos aspectos mais relevantes a salientar é a possibilidade de prevenção através da colonoscopia, que deve ser realizada a partir dos 50 anos, permitindo a remoção de pólipos antes que estes se transformem num tumor maligno.

No que diz respeito ao tratamento, este varia de acordo com a localização do tumor e em função da fase em que se encontra, ou seja, se é um tumor localizado no intestino, ou se já tem algum tipo de metastização, mais frequentemente para os gânglios linfáticos, o fígado e o pulmão.

A cirurgia é, frequentemente, o primeiro passo no tratamento dos tumores do cólon. Já nos do recto, a opção inicial passa frequentemente por radioterapia, para permitir a sua redução e a realização de uma cirurgia que seja o menos agressiva possível para o doente, nomeadamente para o poder poupar a uma colostomia definitiva. A evolução tem sido vertiginosa, sendo que cerca de 20% dos doentes com tumores do recto têm, hoje, respostas completas à radioterapia, evitando a necessidade de cirurgia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Atualmente, os tratamentos são muito dirigidos ao doente e ao seu tumor específico, quer ao nível da cirurgia, que é cada vez mais precisa e com menos complicações, com recurso a técnicas minimamente invasivas como a laparoscopia ou a robótica, quer ao nível dos tratamentos sistémicos, com a quimioterapia.

A quimioterapia e a radioterapia são frequentemente utilizadas antes ou depois da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor, eliminar células cancerosas remanescentes e prevenir a recorrência. Os avanços na medicina têm levado a terapias mais direcionadas, que visam especificamente as células cancerosas, reduzindo os efeitos colaterais e melhorando os resultados.

A seleção da melhor opção para o tratamento de cada doente é complexa e deve ser uma decisão tomada em reuniões multidisciplinares. Estão envolvidos cirurgiões, oncologistas, gastrenterologistas e radioncologistas, entre outros. Esta decisão multidisciplinar é um dos pilares do sucesso do planeamento e do tratamento dos doentes e deve ser realizada em centros de referência.

Estes avanços têm levado a uma melhoria significativa das taxas de sobrevivência e da qualidade de vida dos doentes. Quando diagnosticado precocemente, o cancro colorretal tem uma alta taxa de cura, perto de 90%.

No entanto, o sucesso do tratamento depende da fase do cancro, no momento do diagnóstico. Por isso, é fundamental que as pessoas sem sintomas façam os exames de deteção precoce recomendados e, ao notarem quaisquer sinais de alerta, como mudanças nos hábitos intestinais, sangramento retal, dor abdominal persistente ou perda de peso inexplicada, procurem atendimento médico imediato.

Em suma, o cancro colorretal é uma doença tratável e, em muitos casos, curável quando diagnosticada precocemente. Adotar um estilo de vida saudável, estar ciente dos sinais de alerta e realizar exames de deteção precoce regulares são passos fundamentais na prevenção e no diagnóstico atempado.