O congresso do PS confirmou, mais uma vez, que as mentiras fazem parte da genética socialista. Os dois líderes, o de amanhã, Pedro Nuno Santos, e o de ontem, António Costa, repetiram essas mentiras, assim como os seus soldados mais fiéis. Das várias mentiras, há cinco que se destacam.
A primeira mentira foi a mais antiga, e a mais repetida desde 2015: o governo de Passos Coelho foi o responsável pelas políticas de austeridade. É uma mentira enorme. As políticas de austeridade foram o resultado da falência imposta ao país pelo governo socialista de José Sócrates. Os termos das políticas de austeridade foram negociados e assinados pelo governo socialista de Sócrates. O governo de Passos Coelho não tinha alternativa a não ser cumprir a austeridade assinada pelo governo socialista. Tomara Passos Coelho não ter governado com uma troika em Portugal. Sócrates foi o pai da austeridade.
Mas enquanto o governo socialista trouxe a troika para Portugal, o governo de Passos Coelho enviou-a de regresso para Bruxelas e para Washington. O governo do PSD e do CDS herdou um país falido, e entregou-o com a economia a crescer. António Costa recebeu um país muito melhor de Passos do que este recebeu de Sócrates. Eis a verdade que os socialistas se recusam a aceitar.
Os socialistas também resolveram responsabilizar Marcelo Rebelo de Sousa pelas eleições antecipadas. Mais outra grande mentira. As eleições antecipadas devem-se apenas à demissão de António Costa. Pode haver duas interpretações sobre a demissão de Costa. Para uns, o primeiro-ministro precipitou-se e não tinha que se demitir, pelo menos até ser arguido, o que não é certo que venha a ser. A segunda diz que o primeiro-ministro não tinha alternativa após as buscas judiciais terem descoberto cerca de 75 mil euros entre os livros do seu chefe de gabinete. Mas quem não tem qualquer culpa é Marcelo Rebelo de Sousa. Um dia destes, os socialistas dizem que foi Marcelo que escolheu Escária para chefe de gabinete de Costa.
Costa ainda propôs a Marcelo que nomeasse Centeno como primeiro-ministro. Era isto que o PS queria? Em 2004, os socialistas atacaram o então Presidente Jorge Sampaio por ter dado posse a Santana Lopes sem este ter concorrido às eleições. Mas, em 2023, o seu líder queria um primeiro-ministro sem legitimidade eleitoral. Em 2004, a maioria parlamentar era secundária; no fim do ano passado, era fundamental. Marcelo limitou-se a fazer o que o PS pediu a Sampaio em 2004.
A proposta de Costa foi tão absurda, que só pode haver uma explicação plausível. Costa queria Centeno a primeiro-ministro para evitar que Pedro Nuno Santos chegasse a líder do PS.
A terceira mentira, repetidas várias vezes por Pedro Nuno Santos, é de que o PS é o único partido que pode dar estabilidade a Portugal. O novo líder dos socialistas tem uma memória fraca. Já se esqueceu que os últimos dois governos socialistas duraram dois anos, metade da legislatura. E o último desses governos saiu de uma maioria absoluta. Se o PS desse estabilidade a Portugal, o país não teria eleições antecipadas a 10 de Março.
Mas Pedro Nuno Santos também já se esqueceu do anuncio público do novo aeroporto sem avisar o primeiro-ministro, ou do modo como saiu do governo, com mentiras, mensagens esquecidas e escondidas, e ilegalidades. Também se terá esquecido do que aconteceu no gabinete do seu sucessor, Galamba, com cenas de pancadaria e acusações de violência e roubo entre membros do governo socialista. É este o conceito de estabilidade de Pedro Nuno Santos? Se como ministro fez tantos disparates, imaginem o que seria como primeiro-ministro a governar com os extremistas do Bloco?
Por fim, Costa e Pedro Nuno Santos voltaram a defender as alianças com os comunistas e os neo-comunistas do Bloco. O ainda primeiro-ministro diz que derrubou os muros à esquerda. Mais uma mentira: os muros estão onde sempre estiveram, como se vê com a posição do PCP e do Bloco em relação às guerras na Ucrânia e em Israel. No passado, o PCP defendeu a ditadura soviética, e hoje defende a ditadura de Putin. O Bloco de Esquerda defende um movimento totalitário, fascista, financiado por uma ditadura tenebrosa como o Irão, o Hamas. Países e movimentos totalitários que negam direitos fundamentais às suas populações, como eleições livres, estado de direito, igualdade entre homens e mulheres, e onde os homossexuais são condenados à morte. São estes os aliados externos do PCP e do Bloco, partidos que se transformaram nos aliados naturais do PS. Em Portugal, o radicalismo político anti-democrático está nas esquerdas, não está na direita.
A última mentira é sobre a nova amizade entre Costa e Pedro Nuno Santos. Vale a pena recordar. Quando estavam ambos no governo, Costa desautorizou e humilhou publicamente Pedro Nuno Santos. Depois, despediu-o. Por fim, ainda se lembrou de um governo liderado por Centeno para ver se Pedro Nuno Santos não concorria já a primeiro-ministro. Os socialistas estão a pedir aos portugueses para votar num candidato a primeiro-ministro que foi despedido por Costa por ter sido um ministro incompetente, que aprovou uma indemnização milionária ilegal, e com falhas de memória. Discute-se a a presença do ainda primeiro-ministro na campanha eleitoral do PS. Mas como pode Costa pedir aos portugueses para votarem em Pedro Nuno Santos, se o demitiu por incompetência? Quem não serviu para ministro de Costa, serve para primeiro-ministro de Portugal?