1. A União Europeia (UE) tem um problema com a soberania popular. Bruxelas não costuma gostar de consultas aos cidadãos que sirvam para legitimar os acordos preparados por tecnocratas e negociados ao mais alto nível pela Alemanha e pela França. Tudo porque o trade off em que assenta toda a construção europeia não admite debate: soberania por dinheiro. Todos cedem soberania (na prática, uns cedem mais que outros), uns pagam para ter acesso ao mercado comum (os países mais ricos e competitivos), outros (países mais pobres) recebem fundos europeus para abrirem as suas fronteiras aos produtos made in UE. No fundo, a Europa é como aquela metáfora do futebol: são 11 contra 11 e no final ganha (sempre) a Alemanha. Como é óbvio, ouvir os cidadãos neste tipo de jogo só atrapalha. É uma chatice perfeitamente dispensável.
Uma chatice que já levou a oito derrotas da UE em referendos a tratados europeus desde 1992. E ao famoso Brexit em 2016.
A história repetiu-se agora com a crise italiana. Numa primeira tentativa para formar governo, houve interferências da Comissão Europeia, do governador do Banco Central Europeu (o italiano Mario Draghi) e dos principais países para impedir a tomada de posse de um professor universitário euro-cético como ministro das Finanças. Na prática, Bruxelas não queria um segundo Ianis Varoufakis. Pressão esta que foi bem sucedida.
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