Não há um único caso na história em que governos socialistas tenham tido sucesso mais do que por um período curto de tempo. Um sucesso aparente, pois passado um período de ilusões, a realidade bateu sempre com força.

Nós temos a experiência portuguesa. O governo de Guterres, depois de um mandato onde as coisas pareciam correr bem, demite-se a meio do segundo, declarando ter atirado o País para um pântano. E a seguir o de Sócrates, com um percurso semelhante, acabou atirando-nos para a bancarrota e os anos duros da troika.

Alguém acha que desta vez vai ser diferente? Podemos ver o que aconteceu noutros sítios.

Temos o comunismo tipo soviético, que nos anos 60 e 70 do século passado parecia um sucesso, e que se revelou afinal uma tragédia para os povos subjugados, exposta com o colapso da União Soviética.

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Tragédia económica, sem dúvida, mas também banhada num monte de sangue das vítimas da repressão comunista.

Este é um caso típico de aparente sucesso do socialismo durante uns anos, em que a propaganda escondia o desastre. Há muitos outros casos em que nem essa aparência existiu, como é o caso do Vietname, do Laos, da Coreia do Norte e tantos outros, vítimas da utopia socialista.

Agora a China está na moda. Mais uma vez parece um sucesso, e os socialistas já sonham com a possibilidade da maior potência mundial ser comunista.

Esquecem as tremendas fragilidades e desequilíbrios internos da China: o envelhecimento da sua população, as diferenças entre as diversas regiões, o brutal endividamento, as 12h de trabalho por dia, 6 ou mesmo 7 dias por semana em condições sub-humanas. A China alicerça o seu crescimento em práticas anticoncorrenciais, subvencionando as suas exportações, roubando tecnologia e explorando os trabalhadores como só um país socialista poderia fazer. Mas essas tácticas não são sustentáveis a prazo, bem sabemos.

Bastou um presidente americano um pouco mais zeloso dos interesses comerciais do seu país, e o crescimento da China caiu a pique. Só não vemos cair mais pela tradicional cosmética com que os chineses escondem a realidade. Os analistas sérios já recorrem a meios indirectos para determinar a verdade sobre o andamento da economia chinesa, tal como o consumo de energia e medidas de actividade a partir de satélites. Já perceberam que a realidade chinesa não é tão cor-de-rosa como a pintam; é mais negra.

Há quem pense que esses desastres não se aplicam nas democracias ocidentais.

As democracias não são invulneráveis; basta ver a Venezuela, para nos lembrarmos do quão destrutivo pode ser o socialismo. Há uma geração, a Venezuela era uma democracia e o país mais próspero da América Latina; hoje, depois de anos de governo com uma agenda socialista, é o maior colapso económico e social jamais visto em tempo de paz.

Olhando mais para trás, vemos o Reino Unido dos anos 70, como a economia bateu no fundo com o partido trabalhista, e como teve de ser resgatado pela Margaret Thatcher.

Ou a França, quando Mitterrand chegou ao poder e aplicou o socialismo puro e duro; desequilibrou de tal modo a economia francesa que teve de reverter a toda a pressa as medidas que tinha tomado.

E a social-democracia sueca, essa forma mais suave do socialismo? A Suécia gozou de políticas liberais, de baixos impostos e pouca intervenção do Estado durante décadas até aos anos 70, e enriqueceu. Depois veio a social-democracia, e começou a gastar os recursos adquiridos nos anos liberais. A Suécia foi descendo rapidamente no ranking dos países ricos, à medida que ía gastando os seus recursos com políticas socialistas. Há 20 anos reverteram essas políticas que estavam a afundar o país, e agora voltaram a crescer em riqueza e bem estar.

Bem dizia a Margaret Thatcher que o socialismo funciona enquanto dura o dinheiro dos outros. Depois vem a dura realidade de que não há almoços grátis.

Seria interessante que um especialista escrevesse a história dos desastres económicos do socialismo.

É frequente ouvir dizer, para se justificarem, que essas foram implementações imperfeitas do socialismo, que se tivessem sido bem feitas, teriam corrido bem.

Nós temos de lhes responder claramente que então consigam essa implementação perfeita noutro sítio, e só depois venham tentá-la na nossa terra.

Professor de Física na Universidade do Minho