Quem viu e vive o presente da reação humana mais primária, mas também mais global, que se verifica em todos os cantos do mundo, em todos os povos e raças, civilizações, culturas e credos, quem reflete/pensa os tempos atuais e futuros, sobre os objetivos e anseios de toda a humanidade, individual e coletivamente, pensará seguramente em tempos de Paz, Igualdade, Fraternidade e Liberdade – foi assim no advento do Séc. XIX com a Revolução Francesa, no Séc. XX, primeiro, com o pós-1ª Guerra Mundial e com a revolução de Outubro e, depois, na segunda metade do mesmo Séc. XX, com o pós-2ª Guerra Mundial e a instalação vitoriosa das sociais-democracias ocidentais do chamado mundo livre, baseadas na liberdade de pensamento e de ação dos cidadãos e no bem-estar social – saúde, educação e habitação – e no respeito de credos, culturas e tradições.

Poderemos estar agora confrontados com transições resultantes da presente crise, que esperamos se demonstrem positivas, mas que poderão – como em outras ocasiões – derivar em aventuras e regimes políticos, no mínimo, questionáveis, para não dizer perigosos.

Todos sabemos que no futuro, a curto-médio prazo, novas formas de abordar os diversos problemas da sociedade humana e do equilíbrio ambiental do nosso planeta nos conduzirão ou deveriam conduzir a:

  • sociedades que de novo repovoem o interior, voltando a formas tradicionais de agricultura e agropecuária, sem abdicar das novas tecnologias e culturas e meios de produção, que têm permitido fazer crescer a produção alimentar, de modo a viabilizar o aumento do tempo da vida humana e a explosão demográfica mundial associada (ainda que assimétrica);
  • sociedades que, através das tecnologias de comunicação e informação, possam trabalhar menos horas e mais em casa ou em comunidades próximas;
  • sociedades onde as deslocações (perda de tempo e descanso pessoal e geradoras de forte poluição ambiental) se reduzirão significativamente, mantendo-se em valores indispensáveis para transportes de mercadorias e bens e valores razoáveis para a fruição individual da pessoa humana, na cultura, espetáculos, viagens de lazer e conhecimento de outras regiões e outros países e continentes, povos e civilizações – todos diferentes, todos iguais, todos livres e fraternos;
  • sociedades onde a robótica venha a ligar-se às indústrias mecânicas, química, civil, aeroespacial, extratora e transformadora e onde a inteligência artificial possa ser orientada para implementar o bem-estar social, a saúde individual e coletiva (mais barata e de maior proximidade humana ou à distância de um click), mas seguramente mais eficaz e abrangente;
  • sociedades onde as transações comerciais poderão ser simplificadas, levando à venda eletrónica com entrega domiciliária (por exemplo, uma vez por semana) dos bens de consumo alimentar das famílias, de higiene e outros, que determinarão o aparecimento de superfícies comerciais menores, mas com competentes cadeias de gestão estatística e de entregas, com consequentes menores gastos de tempo e energia de transportes;
  • uma sociedade mais verde, sem plásticos, pouco geradora de detritos e desperdícios, menos poluente do planeta, porque progressivamente menos dependente de combustíveis fósseis ou perecíveis;
  • uma sociedade vigilante, que não controladora e castradora, com órgãos e dispositivos de segurança, que permitam combater com novas armas pessoais e tecnológicas, o crime organizado ou individual, seja ele de sangue, de tráfico de droga, da disseminação de fogos, de índole económico-financeira, e arredar e combater também regimes políticos violentos e criminosos;
  • uma sociedade que saiba gerir melhor os ciclos da vida na Terra – da água, do carbono, do clima – sabendo interpretar a origem dos vários fenómenos anómalos que afetam a Humanidade e o planeta, à luz do que se sabe da história da Terrr e do Homem;
  • uma sociedade que, através da educação e cultura massivas, consiga o equilíbrio entre Paz e desenvolvimento e um planeta verde.

Temos, pois, uma oportunidade única de reformular toda a sociedade num sentido de desenvolvimento sustentado, com mercados abertos, mas com uma face de transparência e democraticidade, que permita que acreditemos na Paz e bem-estar dos Povos, num mundo de um amanhã que valha a pena viver.

Que a vivência desta pandemia viral nos faça refletir sobre os desejos e desígnios humanos e sobre o que realmente importa, esperando a fraternidade e a igualdade e a liberdade e bem-estar futuro de todos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR