1 As recentes eleições, vieram demonstrar em termos de sociedade que os tempos de hoje são particularmente diferentes dos vividos na última década ( marcados pelos governos da Troika e da Geringonça ), e substancialmente afastados dos governos constitucionais  resultantes de Abril/74 e da posterior adesão à EU.

Temos hoje uma população percentualmente mais idosa, mais dependente das reformas, dos RSI e dos subsídios de desemprego; também temos uma maior percentagem de funcionários públicos e um maior número de assalariados com o Ordenado Mínimo. Somos portanto um País Pobre!

Os mais jovens, mais preparados e mais informados, ou emigram ou sobrevivem com salários médios pouco acima dos 1000 / 1500 euros limpos / mês, estrangulados pelas mensalidades das casas ( rendas ou prestações ), pelos custos da Energia ( elétrica, Gás, combustíveis ) e das Telecomunicações – tudo sujeito a múltiplas Taxas e Impostos – para não falar da água, que num País em seca, irá ser um dos futuros problemas das gerações vindouras.

Em qualquer destes grupos, já não encontramos Operários e Camponeses, e os poucos que existem já não acreditam em amanhãs que cantam ou no homem novo!

Também mais informados, os Portugueses de hoje sabem no que deram as Ditaduras de Direita ou de Esquerda ou Teocráticas, quando passaram à prática os princípios da raça superior ou do controle do poder pelos sovietes ou das Leis da Sharia, ao longo do Seculo XX, deixando para a história da humanidade  rastos de Guerra, Fome, e total falta de Liberdades – individuais e coletivas – na cultura, no pensamento, na opção religiosa, na opção de Género, na liberdade movimentos, nalguns países agravada pelo facto de se ser mulher, etc, etc.

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Sabemos todos o que se passa na Venezuela e em Cuba, na Coreia do Norte e na China, no Irão e Afeganistão, na Rússia e Bielorrússia.

2 Por tudo o que se elencou, podemos perceber os resultados eleitorais de Jan/22:

Assim o PC e o BE perderam definitivamente qualquer peso político que ainda se arrogavam de deter (não falarei no PAN porque é um epifenómeno transitório).

Na verdade só o tiveram na Geringonça porque conveio a todos:

  1. Costa para ser PM ( outra opção seria o fim da carreira e nova crise no PS! );
  2. BE para ganhos de causa de uma minoria urbana, jacobina, de uma esquerda pseudo-intelectual, que não contava com trabalhadores / operários nem com representação à escala Nacional e que nunca reinou ou fez escola em qualquer lugar; c)  o PC porque tinha de conservar o eleitorado de protesto, os assalariados da Carris, dos CTCP, da Transtejo e da CP, de alguns funcionários públicos, que Pedro Passos Coelho ameaçava limitar à expressão mais simples em 2015 e quando venceu as eleições sem maioria absoluta.
  3. Por razões diversas há uns vencedores morais como se diz em linguagem do futebol:
  4. O PSD – Rui Rio conseguiu afirmar-se temporariamente com Líder do partido, conseguiu passar uma mensagem de seriedade e competência, mostrou um projeto alternativo para o País, particularmente na Saúde e nas Finanças. Conseguiu também um dos seus objetivos iniciais – o terminar com a Geringonça e a minimalização oficial da Extrema Esquerda, desnecessária às realidades sociais presentes, antieuropeísta, anti Nato e anti social-democracia ocidental de matriz judaico-cristã.
  5. O CHEGA – Ventura conseguiu dar voz à extrema direita, cavalgando o Populismo, o protesto contra o sistema atual no que ele demonstra fraquezas inquestionáveis : o Nepotismo, o compadrio, os Boys, a ausência de credibilidade e competência na Justiça, na Saúde, a sobrecarga de impostos sobre quem trabalha, o facilitismo, a ausência da meritocracia e de prémios a quem trabalha, a má gestão da “coisa publica” afetada a um polvo político do PS, os altos preços dos combustíveis e energia espartilhados por impostos, a carga de impostos no limite do suportável ( e sempre por quem trabalha ). Conseguiu também expressão à escala Nacional, no continente, ilhas e emigrantes! Mas é ainda o Partido de um Homem Só, e só a história dirá se terá o futuro par e passo com a extrema direita europeia, ou se virá a ser um Rolão Preto II, triturado pelo Bloco Central, como aquele foi pelo Corporativismo de Salazar.
  6. A Iniciativa Liberal, que conseguiu demonstrar que há futuro para o Liberalismo, a livre iniciativa, e que os nossos mais novos não estão condenados ao triste fado do País que tem de ser pobre à escala europeia, porque é assim! O futuro da IL vai depender dos seus novos dirigentes que agora iremos conhecer e também da evolução política da europa e do êxito das fações liberais no desenvolvimento europeu.

Por força da maioria dos votos e por mérito de António Costa o PS ganhou!

Costa ganhou porque aguentou o País durante a  Pandemia, porque os resultados da Economia são razoáveis, porque detêm o aparelho de estado (e do partido ), porque há cada vez mais dependentes diretos e indiretos do OE – Reformados e Pensionistas, os beneficiários do RSI e do Subsídio de Desemprego, os funcionários de estado e de empresas públicas, porque controla a comunicação social ( e não só a RTP), enfim porque muita gente não percebeu o chumbo do OE 22, e também achou que já não precisavam do PC e do BE para manter o Status quo, mas também pelo medo da mudança ( o que num País pobre e de velhos não é despiciendo…). Teve mérito? Claro! Que não se ganham “ guerras” só por demérito dos adversários! Também se deve conceder a A. Costa, a argúcia e tenacidade com que lutou e geriu as diversas situações com que foi confrontado, muitas em palcos muito difíceis e instáveis.

3 Terminado o período eleitoral, e perante os resultados, deveremos agora refletir e estabelecer uma estratégia para os próximos anos com objetivos bem definidos.

Em Países como Alemanha ou Holanda, passam-se meses para que um governo inicie funções, seguros de que, definir uma cartilha para atingir o objetivo último do crescimento do País, obriga a largos debates e reuniões entre forças políticas e os mais altos dignitários das nações ( políticos, cientistas,  economistas, vultos ligados à  saúde, à educação, à finança, militares, juristas, sociólogos, etc) em que se faz primeiramente o levantar da situação, se elencam as armas à disposição e se elegem os princípios orientadores  para levar a “carta a Garcia”.

Sobre a situação atual, temos:

  • um País com défice demográfico marcado com tendência a agravar
  • um País com interior progressivamente despovoado e terrenos e casas abandonadas
  • um País a sair de uma Pandemia e a entrar numa Endemia
  • um País pobre com parcos recursos hídricos, energéticos e mineiros
  • um País com uma dívida pública enorme
  • um País com um nível de endividamento das empresas e dos indivíduos também grande
  • um País em seca, inserido numa crise climática à escala mundial, com anormal alta ocorrência de incêndios
  • um País com uma lei eleitoral ultrapassada, e com uma Constituição a necessitar de algumas emendas.
  • um País com fraca competitividade e com PIB baixo, no contexto europeu
  • um País com muitas estruturas produtivas vendidas aos estrangeiros
  • um País com um sistema de impostos no limite, que não deixa folgas para aumentos
  • um País dependente maioritariamente do estrangeiro na área energética
  • um País exposto ao aumento previsto das taxas de juros nos mercados financeiros
  • um País em que a inflação vai crescer, por razões externas e internas
  • um País com um Sistema de Saúde com dificuldades, também pelo crescente número de idosos
  • um País a necessitar de revisitar a Lei da Segurança Social, para a preparar o futuro e bem estar dos que agora trabalham para as próximas décadas
  • um País que tem urgentemente de reformar/reestruturar/modernizar a Administração Pública.
  • um País com uma Justiça que não funciona nem é credível porque lenta e capciosa
  • um País inserido numa Europa e num Mundo perigosos, com situações que podem detorar-se rapidamente, particularmente se os países com governos ditatoriais ou autocráticos não refrearem os seus impulsos
  • um País que tem um PRR para implementar, sob pena de não poder falhar porque não vai haver outra oportunidade!

O que mais falta para podermos considerarmo-nos em estado crítico?

Sobre o que temos de fazer a bem do País e dos seus cidadãos? Algumas ( entre muitas ) Tarefas para o próximo Governo:

  • revisão Constitucional
  • revisão do Sistema Eleitoral
  • reforma da Administração Pública
  • reforma da Segurança Social
  • reorganização das Forças Armadas e Forças Militarizadas ( GNR, PSP, SEF, PJ ), e também dos corpos de Bombeiros
  • Reforma da Justiça e do Sistema Prisional
  • redefinição do SNS e das suas estruturas físicas, humanas e organizacionais; complementaridades público-privadas;   ADSE. Seguros de Saúde.
  • A reversão da Lei de Bases aprovada por BE, PC e Marta Temido, é obrigatória,
  • porque já não tem suporte político e também porque não é aplicável!
  • Mas temos muito mais, como vem escrito pelo Prof António Costa Silva, no PRR:
  • melhorar a qualidade da educação e investigação sem dogmas publico-particulares,
  • reforçar a relação universidades/empresas e escolas técnico-profissionais
  • repovoar o Interior e o País, estimulando a natalidade com fortes subsídios ( se houve e há para TAP e Bancos…)
  • Fazer a descentralização / regionalização!
  • Estimular a Agricultura e a Construção, e se necessários favorecer a entrada de imigrantes dos PALOPs e também dos Países de Leste – por razões morais, de cultura e de religião e de Paz Social. Mas também todos os refugiados de qualquer parte do globo ou de qualquer etnia ou religião deverão ser bem aceites e apoiados nas horas de maior agrura, apenas se lhes pedindo que venham por bem e apoiem e engrandeçam Portugal.
  • pensar e implementar uma verdadeira política energética, cambiando com países do Magrebe, Brasil e Angola, petróleo e gás natural por tecnologia comercial, industrial e verde.
  • combater os fogos – prevenção, reorganização territorial, combate com cooperação internas e externas, justiça célere e dissuasora.
  • recuperar os projetos de gestão fluvial do Tejo e outros rios, fazer charcas de aprovisionamento de águas pluviais, construir estações de dessalinização, etc.
  • explorar e gerir para nosso bem o Mar
  • implementar a economia verde, cumprindo os sucessivos degraus da transformação da economia atual baseada nos combustíveis fosséis e bens perecíveis, numa economia com menor pegada ambiental e mais sustentável, seja pelo solar, elétrico, hidrogénio, ou outros.
  • repensar/ redimensionar as produções agrícolas e pecuárias.
  • estimular todos e cada um dos portugueses ao uso dos seus direitos de cidadania, no respeito mútuo pelos valores éticos, culturais, religiosos e de liberdade individual e de género.

4 Perante tudo o que se assinalou, as perguntas que urgem fazer são:

  • um Governo do PS com António Costa, mantendo alguns ( a maioria? ) dos ministros do anterior governo estará capaz de cumprir estas imensas e hercúleas tarefas?
  • o que acontecerá no final da Legislatura? Um PS que falhou e salta do governo, ou um PS que fez bom trabalho, mas deve continuar sem Costa, mas com viragem ao Centro ou à esquerda? E para continuar no mesmo rumo terá um sucessor?
  • se for até ao fim, dificilmente Costa poderá ser candidato presidencial, ou não?
  • se as coisas não correrem bem, o País em 2026, poderá ter ficado irremediavelmente na cauda da Europa e sem credibilidade.

Quem poderá vir ocupar os lugares de PR e PM em 2026?  PSD se continuar a ocupar o atual lugar na cena política? PS com nova viragem à esquerda? A Extrema direita, particularmente se vier a conquistar mais protagonismo noutros países?

Na ausência de outras figuras de prestígio  (até não político ), não se vislumbram outras hipóteses para a Presidência, que não A. Costa ou P. Passos Coelho. Em casos de catástrofe política e social tudo pode ser equacionado!

E isso pode não ser bom para o Portugal democrático.

De novo pergunto :  o que mais falta para podermos considerarmo-nos em estado crítico?

Num Mundo a caminhar para a dualidade/nova guerra fria, com globalização do comércio mas não das liberdades, entre um Bloco Democrático e de garantia de liberdades mas menos produtivo ( USA, EU,UK, India, Brasil, Japão, Coreia do Sul, Austrália ) e outro rígido, ditatorial, com poucas ou sem liberdades individuais, com pessoas transformadas em seres sem vontade própria ou robots ( China, Coreia do Norte, Irão, Afeganistão, Cuba, Venezuela, Rússia ), vai sobrar pouco para o erro e falta de competência ou competitividade dos Países.

Se quisermos manter-nos no Bloco Democrático, teremos de ser competentes sem dogmas políticos ou partidos inflexíveis e mais interessados neles e nas suas clientelas do que no interesse supremo da Nação.

A boa notícia é que o nosso País tem quase tudo para dar certo, porque já fomos grandes quando definimos rumos e estratégias a longo prazo, aproveitando as chefias lúcidas e coerentes que lideraram um Povo que é único, no trabalho, na convivência e integração/interligação étnica e cultural, na prática cultural e ética judaico cristã, que na ciência, na arte, no desporto é tão bom ou melhor que os melhores, que na hora certa sabe juntar-se como um todo perante o Adamastor – o exemplo da vacinação e da conquista do Europeu de Futsal assim o demonstram!.

Também temos uma geografia que nos ajuda com Mar – muito Mar, e Terra que chega, um País de bom clima e bonito por natureza, invejado e procurado pelos amantes da natureza, da liberdade, da gastronomia, da Segurança, da franca confraternização, e da Paz.

Por isso só pode dar certo!

5 Tudo isto vem a propósito das palavras do nosso PR, Prof Marcelo, no discurso de receção à nossa seleção de Futsal.

Ele mostrou-se preocupado com a aplicação do PRR e de como não podemos falhar e penso que a maioria do nosso povo o apoia neste desejo.

Para isso, e considerando o que acima evoquei, penso que Marcelo devia servir de catalisador à formação de um Governo que garantisse na A.R. uma maioria de 2/3, para ao mesmo tempo poder governar sem sobressaltos, governar bem, conduzir bem e sem dogmas a aplicação progressiva do PRR, e ainda fazer as necessárias reformas que necessitam da tal maioria de 2/3 na AR para passar.

Lembremos que do governo dos tempos da geringonça não resultaram quaisquer grande reformas, e daí a nossa estagnação!

Há quem diga que se a política de Costa fosse implementada na Época dos Descobrimentos, nunca teríamos chegado à India e ao Brasil, porque só navegaríamos à vista; não arriscando, não estudando ventos, marés e correntes, não passando do Bojador ( há que passar além da dor, como diz Pessoa ), Vasco da Gama não teria chegado à India, não teriam existido os feitos de Albuquerque, não teria havia meceginação de raças – Goeses, Mulatas, Caboclos, e por paradoxo não teriam existido os antepassados paternos de Costa…

Também é verdade que Costa está agora livre de correntes e de chantagens à esquerda ( palavras de Santos Silva ), e que a rejeição do orçamento ( que se explica 1º pela tentativa do BE+PC de tornar Costa refém das suas políticas, hipotecando/ aferroando  o PRR à esquerda, ás leis laborais, ao salário mínimo, à Lei de Bases da Saúde com total nacionalização/colonização socialista e  comunista, e em 2º lugar por uma  pressão de Bruxelas e um momento de inspiração de Costa, a que se seguiu uma expiração relaxante de alívio/libertação ), lhe permitiu chegar ao ponto atual.

O que se pede agora é que siga o caminho certo, definindo objetivos e rodeando-se das pessoas certas ( e não de certas pessoas ) que venham para acrescentar qualidade e vigor e determinação.

Por isso a nossa Índia e o nosso Brasil de hoje é termos um governo competente e abrangente que nos permita aplicar bem o PRR e desenvolver o País em quantidade e qualidade, para assegurar o futuro dos nossos filhos e netos.

Não vejo outra forma de Governo que não seja PS (com apoio parlamentar do PSD e IL?) ou até um Governo que integre elementos independentes, tecnocratas e cientistas de prestígio, com elementos de maioria socialista, mas também do PSD, IL e CDS (um partido da História da democracia de Abril ).

Caberá a Marcelo e a Costa serem diplomatas e verdadeiros estadistas, para conseguir enfrentar a crise – país em estado de perigo — e fazer cumprir Portugal, à semelhança do que fez Churchill na 2ª Guerra Mundial.

Vamos mostrar à Europa e ao Mundo quem somos, o que queremos e como vamos conseguir!