O primeiro-ministro português, em visita a uma fábrica de cortiça em Santa Maria da Feira, voltou a avisar nesta quarta-feira que um eventual perdão da dívida grega é “um conto de crianças”. “Não existe no mundo nenhum sistema em que se permita que uma família, uma empresa ou um país emita a dívida que entenda e possa acrescentar mais dívida sem que os seus credores possam ter a garantia de que a dívida é paga. Isso não existe em lado nenhum”.

Apesar de insistir que não pretende “enviar recados” ao governo de Aléxis Tsípras e de sublinhar que não conhece nenhuma proposta concreta apresentada pelos gregos ao Banco Central Europeu ou ao Fundo Monetário Internacional, Pedro Passos Coelho fez questão de lembrar que “a Grécia tem tido, quer por parte da Europa, quer por parte de Portugal, um apoio incondicional”, que permitiu aos gregos terem condições mais vantajosas para o pagamento da dívida, numa mensagem que teve também um destinatário interno.

“É bom que os portugueses tenham presente que (…) [quando comparada com Portugal e a Irlanda, por exemplo] a Grécia tem tido muito mais tempo para pagar a dívida, tem tido juros muito mais baixos” e vai, inclusivamente, “gozar de um período de 10 anos sem pagar juros”, sublinhou o primeiro-ministro.

Morte de paciente com Hepatite C no Hospital de Egas Moniz 

Pedro Passos Coelho falou, ainda, da morte da paciente de 51 anos que não terá resistido à espera pelo medicamento inovador para hepatite C. O medicamento, o sofosbuvir, tem alimentado o braço-de-ferro entre vários países europeus, Portugal incluído, e a farmacêutica que desenvolveu o fármaco. O medicamento custa uma “soma fabulosa” de 48 mil euros, um preço que o Governo não acha “admissível”.

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Mesmo admitindo que se trata “de uma situação realmente grave”, o primeiro-ministro garantiu que não está disposto a aceitar os valores propostos pela farmacêutica. “Os Estados devem fazer tudo ao seu alcance para salvar vidas (…) e para garantir os melhores cuidados de saúde”, mas “é mentira” que isso tenha de significar o uso de “recursos ilimitados” para “suportar custos de mercado” exagerados, afirmou Passos.

O primeiro-ministro garantiu, mesmo assim, que a luta vai continuar e que Portugal vai acompanhar os parceiros europeus nas negociações com a farmacêutica.

Encontros com Ricardo Salgado

Na semana passada, os partidos da maioria não viabilizaram a audição do Presidente da República na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, depois de serem revelados alguns detalhes sobre os encontros entre Cavaco Silva e Ricardo Salgado.

No entanto, os deputados da coligação não se opuseram à hipótese de Passos responder por escritos às questões dos deputados. O primeiro-ministro, no entanto, “não vê nenhum problema em responder às questões dos deputados” apesar de assumir que “não tem muito a acrescentar” àquilo que já é publicamente conhecido.