O mercado já reagiu às declarações proferidas nesta quinta-feira por Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, sobre o crescimento “modesto” previsto para a economia da zona euro. A cotação do euro face ao dólar norte-americano está em queda e atingiu nesta quinta-feira valor mínimo desde novembro de 2012: 1,2697 dólares.

Os efeitos nos juros da dívida pública portuguesa também já começaram a sentir-se. A imprensa económica dá conta de que os juros da dívida pública dos países periféricos, onde se inclui Portugal, Itália ou Grécia, estão a recuar. A yield, rentabilidade implícita até à maturidade, das Obrigações do Tesouro a 10 anos recua sete pontos para 3,09%, um valor próximo de outro mínimo, 3%, atingido a 27 de setembro. Os juros da dívida pública a cinco anos caem oito pontos base para 1,66% e a dois anos, recuam 10 pontos base, para 0,4%.

A queda da cotação do euro também reflete a força do dólar norte-americano nos mercados cambiais. O dólar valia às 13 horas de Lisboa 109,25 ienes, moeda do Japão, por exemplo.

Mas a queda do euro pode não ficar por aqui. Segundo os analistas contactados pelo Wall Street Journal, a cotação da divisa europeia pode cair para 1,17 dólares nos próximos seis meses, tendo em conta as expectativas de que o BCE vai ter de recorrer a um programa de grande escala de compra de ativos, como a aquisição de dívida pública.

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Mario Drahi disse, numa entrevista publicada na quinta-feira no jornal da Lituânia Verslo Zinios, que estima que a economia da zona euro cresça de forma modesta na segunda metade do ano, ajudada pelos recentes estímulos à economia. A 4 de setembro, o BCE decidiu baixar a taxa de juro de referência para 0,05%, novo valor mínimo em toda a história da moeda única europeia.

Na mesma entrevista, o presidente do banco central alertou que as tensões geopolíticas, vividas em países como a Rússia ou Ucrânia, poderiam ter impacto nos negócios e na confiança dos consumidores e que existia o risco de as “insuficientes reformas estruturais” afetarem o ambiente empresarial da Zona Euro.

“Agora, está nas mãos dos Governos agir de forma decisiva em novas reformas estruturais”, avançou Draghi, acrescentando que não devem desvendar os progressos que fizeram na consolidação orçamental, mas utilizar qualquer margem de manobra para avançar com políticas fiscais mais “amigas do crescimento”.