Quando Bill Gross, o fundador da Pacific Investment Management, a sociedade gestora de fundos mais conhecida por Pimco, abandonou o leme do fundo que geria, o Pimco Total Return Bond, a maioria dos investidores portugueses não o pode acompanhar.
Até 26 de setembro passado, os investidores conseguiam que Gross gerisse o seu património subscrevendo o fundo junto de vários bancos portugueses, como o ActivoBank, o Banco Best e o Millennium bcp. Porém, a partir de segunda-feira passada, Bill Gross, conhecido como o “rei das obrigações” por ter tornado o Pimco Total Return Bond no maior fundo de obrigações do mundo, é gestor da Janus Capital. A Janus não é uma das entidades estrangeiras autorizadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a ter fundos comercializados em Portugal.

Bill Gross, de 70 anos, procura agora obrigações de alto rendimento. Imagem: Mark Wilson/Getty Images
Conselhos de Bill Gross
Se é um dos muitos investidores que retiraram 18,5 mil milhões de euros do Pimco Total Return Bond em setembro, que, mesmo assim, é o maior fundo de obrigações com 159 mil milhões de euros, pode continuar a acompanhar as decisões de Bill Gross através dos muitos depoimentos que o gestor faz frequentemente. No sábado passado, a Barron’s publicou a primeira entrevista de Bill Gross concedida pós-Pimco. E deixou muitas pistas que podem ser seguidas pelos investidores mais atentos.
“A maioria das oportunidades, que se desenvolveram nas últimas semanas, está lá fora [dos Estados Unidos da América]. Há oportunidades significativas no México, que tem metade do nível da dívida dos EUA e taxas de juro perto de 6%. O México está ligado aos EUA através do comércio, por isso, é um mercado emergente bastante seguro.”
O mercado obrigacionista do México não deve ser o principal destino das aplicações dos investidores. Bill Gross provavelmente apenas aplicará neste mercado uma pequena franja do Janus Global Unconstrained Bond, o fundo que começou a gerir. Uma boa opção é a de escolher um fundo de obrigações de mercados emergentes com uma boa fatia aplicada em dívida mexicana. O iShares Emerging Markets Local Government Bond, um fundo cotado em Frankfurt, é uma boa opção: o México é um dos três destinos que recebem mais de 10% do património investido. Malásia e a Turquia são os outros. Os dividendos distribuídos semestralmente são equivalentes a 5,9% por ano, próximo do alvo de 6% de Gross.
“Eu espero que o fundo [da Janus] tenha uma percentagem decente em papéis de alto rendimento de curto prazo – 10% a 25% – que renda 3% a 4%. Os câmbios são outra possibilidade. Com o euro e o iene a cair, há oportunidades a aproveitar em relação à força do dólar.”
Para eliminar o risco cambial, os investidores devem procurar fundos de obrigações de alto rendimento em euros. Simultaneamente, a maturidade das obrigações deve ser reduzida, seguindo o conselho de Bill Gross. O iShares Euro High Yield Corporate Bond, também cotado em Frankfurt, é uma hipótese: quase dois terços da carteira vencem-se no prazo de cinco anos. O fundo tem 2,5% da carteira em obrigações de empresas portuguesas, incluindo 1,4% em títulos emitidos pelo Banco Espírito Santo.
David Almas é analista financeiro independente registado na CMVM com o número oito. O autor trabalha subordinado ao Código Deontológico dos Jornalistas.