Quando Bill Gross, o fundador da Pacific Investment Management, a sociedade gestora de fundos mais conhecida por Pimco, abandonou o leme do fundo que geria, o Pimco Total Return Bond, a maioria dos investidores portugueses não o pode acompanhar.

Até 26 de setembro passado, os investidores conseguiam que Gross gerisse o seu património subscrevendo o fundo junto de vários bancos portugueses, como o ActivoBank, o Banco Best e o Millennium bcp. Porém, a partir de segunda-feira passada, Bill Gross, conhecido como o “rei das obrigações” por ter tornado o Pimco Total Return Bond no maior fundo de obrigações do mundo, é gestor da Janus Capital. A Janus não é uma das entidades estrangeiras autorizadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a ter fundos comercializados em Portugal.

WASHINGTON - AUGUST 17: William H. Gross of PIMCO participates in a conference on the future of housing finance at the Treasury Department on August 17, 2010 in Washington, DC. Treasury Secretary Geithner hosted the future of housing finance conference with industry experts, leading academic experts and other stakeholders.  (Photo by Mark Wilson/Getty Images)

Bill Gross, de 70 anos, procura agora obrigações de alto rendimento. Imagem: Mark Wilson/Getty Images

Conselhos de Bill Gross

Se é um dos muitos investidores que retiraram 18,5 mil milhões de euros do Pimco Total Return Bond em setembro, que, mesmo assim, é o maior fundo de obrigações com 159 mil milhões de euros, pode continuar a acompanhar as decisões de Bill Gross através dos muitos depoimentos que o gestor faz frequentemente. No sábado passado, a Barron’s publicou a primeira entrevista de Bill Gross concedida pós-Pimco. E deixou muitas pistas que podem ser seguidas pelos investidores mais atentos.

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“A maioria das oportunidades, que se desenvolveram nas últimas semanas, está lá fora [dos Estados Unidos da América]. Há oportunidades significativas no México, que tem metade do nível da dívida dos EUA e taxas de juro perto de 6%. O México está ligado aos EUA através do comércio, por isso, é um mercado emergente bastante seguro.”

O mercado obrigacionista do México não deve ser o principal destino das aplicações dos investidores. Bill Gross provavelmente apenas aplicará neste mercado uma pequena franja do Janus Global Unconstrained Bond, o fundo que começou a gerir. Uma boa opção é a de escolher um fundo de obrigações de mercados emergentes com uma boa fatia aplicada em dívida mexicana. O iShares Emerging Markets Local Government Bond, um fundo cotado em Frankfurt, é uma boa opção: o México é um dos três destinos que recebem mais de 10% do património investido. Malásia e a Turquia são os outros. Os dividendos distribuídos semestralmente são equivalentes a 5,9% por ano, próximo do alvo de 6% de Gross.

“Eu espero que o fundo [da Janus] tenha uma percentagem decente em papéis de alto rendimento de curto prazo – 10% a 25% – que renda 3% a 4%. Os câmbios são outra possibilidade. Com o euro e o iene a cair, há oportunidades a aproveitar em relação à força do dólar.”

Para eliminar o risco cambial, os investidores devem procurar fundos de obrigações de alto rendimento em euros. Simultaneamente, a maturidade das obrigações deve ser reduzida, seguindo o conselho de Bill Gross. O iShares Euro High Yield Corporate Bond, também cotado em Frankfurt, é uma hipótese: quase dois terços da carteira vencem-se no prazo de cinco anos. O fundo tem 2,5% da carteira em obrigações de empresas portuguesas, incluindo 1,4% em títulos emitidos pelo Banco Espírito Santo.

David Almas é analista financeiro independente registado na CMVM com o número oito. O autor trabalha subordinado ao Código Deontológico dos Jornalistas.