Os ataques aéreos serão insuficientes para salvar a cidade de Kobane, situada na fronteira sírio-turca e cercada pelos combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI), admitiu nesta quarta-feira o porta-voz do Pentágono, almirante James Kirby. Segundo o responsável, bombardeamentos liderados pelos Estados Unidos estão a ser realizados sobre os ‘jihadistas’ do EI em todas as oportunidades, mas sem uma força competente no terreno com quem trabalhar, há limites para o que se pode fazer a partir do ar.

“Os ataques aéreos, por si só, não vão chegar, não vão trazer uma solução e salvar a cidade de Kobane”, declarou o almirante em conferência de imprensa. “Serão necessárias tropas competentes — rebeldes sírios ou forças governamentais iraquianas — para conseguir vencer o EI, mas isso levará tempo”, acrescentou. “E nós não temos um parceiro empenhado, capaz e eficaz no terreno, dentro da Síria, neste momento. É apenas um facto”, referiu Kirby.

De acordo com o militar norte-americano, outras cidades poderão igualmente cair às mãos do grupo extremista sunita até que forças terrestres locais encontrem a sua base.

Esta avaliação do Pentágono surge depois de as forças lideradas pelos Estados Unidos terem realizado seis raides aéreos sobre Kobane na terça-feira e hoje, numa tentativa de ajudar as milícias curdas que têm travado uma desesperada batalha para impedir as forças do EI de entrarem na cidade.

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Os ‘jihadistas’ do EI estão a cerrar fileiras sobre Kobane há dias, mas as forças curdas — apoiadas pelo fogo aéreo da coligação internacional chefiada pelos norte-americanos — conseguiram, alegadamente, expulsar os membros do grupo extremista sunita de vários bairros, por meio de violentos combates durante a noite.

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas norte-americanas, o general Martin Dempsey, indicou que os caças da coligação estão a bombardear o grupo Estado Islâmico sempre que possível, mas que localizar os militantes está a ser um desafio.

“Temos estado a atacar sempre que podemos”, disse Dempsey, numa entrevista à estação televisiva ABC News. Os combatentes do EI são “um inimigo que está a aprender e sabem como manobrar e como usar as populações e os esconderijos”, afirmou o general. O alto responsável militar indicou que os extremistas do EI são mais difíceis de localizar, porque não estão a utilizar telemóveis e outros aparelhos que possam ser monitorizados.

“Estão a ficar mais espertos quanto ao uso de aparelhos eletrónicos”, observou. “Não usam bandeiras e não se deslocam em grandes colunas automóveis como costumavam fazer… Não se instalam em locais que sejam visíveis ou identificáveis”, acrescentou.