O BCP garante que não será necessário fazer um aumento de capital ou vender participações estratégicas em outras empresas pelo facto de ter chumbado no teste de stress do BCE, cujos resultados foram divulgados neste domingo. O banco ficaria, em 2016, com um rácio de capital de 3% no cenário adverso testado pelo BCE, abaixo dos 5,5% mínimos exigidos. Mas o banco diz que a insuficiência “já se encontra suprida”.

O conselho de administração “está confiante de que as medidas já decididas pelo banco em 2014, que não foram consideradas no exercício por razões metodológicas (dado a data de referência ser 31 de dezembro de 2013), permitem superar, na sua totalidade, as necessidades de capital decorrentes do cenário adverso, não equacionando, por não ser necessário, qualquer aumento de capital ou a venda forçada de participações estratégicas”, escreve o BCP em comunicado.

“O Conselho de Administração considera que, em resultado da execução estimada de 2014 e as medidas já decididas, a necessidade de capital identificada já se encontra suprida, e reafirma a sua plena confiança no plano estratégico definido, na sua rigorosa execução e no profissionalismo dos colaboradores do banco”, acrescenta a instituição no mesmo comunicado.

Os testes de stress do BCE partem dos dados recolhidos sobre os balanços dos bancos a 31 de dezembro de 2013. “Conforme previsto na metodologia do exercício, o BCP apresentará ao SSM [o Mecanismo Único de Supervisão europeu] nos próximos 15 dias, um conjunto de medidas para colmatar a referida necessidade de capital para responder ao cenário adverso, a maioria das quais já se encontra implementada à data de hoje”.

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Entre essas medidas, sujeitas à aprovação por parte do SSM, estão os resultados antes de provisões acumulados em 2014, que aumentariam o rácio de capital em 128 pontos base, venda em maio de 2014 de participação de 49% nas seguradoras não-vida (impacto de 39 pontos base), os dividendos da Ageas acordados no contexto da venda da companhia de seguros Ocidental e Médis (16 pontos base) e, ainda, a venda em outubro de obrigações emitidas no âmbito das operações de securitização relativa ao défice tarifário, explica o banco.

O banco assinala também que “nas demonstrações financeiras de 30 de setembro o banco evidencia uma tendência de melhoria da rentabilidade e da solidez, com um crescimento de 37% do produto bancário, de 134% do resultado operacional”, numa referência aos resultados dos primeiros nove meses do ano cuja divulgação o banco antecipou para este domingo.

“A economia e os portugueses podem contar connosco”

Em declarações aos jornalistas neste domingo, o presidente executivo do BCP, Nuno Amado, reconheceu que o BCP “não cumpriu o valor de referência” no cenário adverso previsto nos testes de stress mas salientou que o exercício parte de dados relativos a final de 2013.

“O banco irá apresentar [ao BCE] nos próximos 15 dias o plano de capital que vai incorporar as diferenças de resultados nos primeiros nove meses e as medidas que já foram tomadas”, adiantou Nuno Amado, garantindo que “a economia e os portugueses podem contar connosco”. “Os depositantes devem ter total confiança no BCP”, garantiu Nuno Amado, defendendo que “o banco está bem”.

O presidente do banco sublinhou que “há dois anos o BCP tinha um apoio direto e indireto do Estado português na ordem dos nove mil milhões de euros” (três mil milhões de euros em aumento de capital e seis mil milhões em garantia estatal para aceder a financiamento junto do BCE”. “Em dois anos reduzimos a nossa exposição ao Estado português em mais de oito mil milhões de euros”, considerando que foi uma evolução “absolutamente extraordinária”.

Nuno Amado adiantou também “o plano de reestruturação do banco não acabou”. “Estamos neste momento a implementar um plano para adesões voluntárias para as reformas”, disse o responsável deixando elogios ao grande sentido de “compromisso” que os sindicatos têm demonstrado neste processo de reestruturação, numa alusão ao plano de reduzir o número de colaboradores dos quadros em Portugal de 8.000 para 7.500.