O presidente do Banco Comercial Português (BCP) considerou nesta segunda-feira que o efeito dos casos BES e PT foi “muito mais negativo” para a perceção internacional acerca da economia portuguesa do que a detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates. “O efeito BES [Banco Espírito Santo] e o efeito PT [Portugal Telecom] foram muito mais negativos do que o efeito político”, afirmou aos jornalistas Nuno Amado, à margem do XI Fórum Banca do Diário Económico, que hoje decorreu em Lisboa.
Nuno Amado assegurou que, apesar do mediatismo que envolveu a detenção de José Sócrates, que marcou a atualidade noticiosa da semana passada, “não tem havido reflexos na atividade bancária”. E reforçou: “Não houve até agora nenhum efeito”. Questionado sobre como recebeu a notícia da detenção do ex-primeiro ministro socialista, Nuno Amado reconheceu ter ficado “surpreendido”.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates está detido, em prisão preventiva, no Estabelecimento Prisional de Évora, indiciado de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.
A 3 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Já a PT foi afetada pelas aplicações na ordem dos 900 milhões de euros feitas em dívida do universo do Grupo Espírito Santo (GES), realizadas quando já eram conhecidos publicamente problemas na entidade que detinha o controlo do BES, e que não foram reembolsadas.