“Viva a Grécia”. É com este título e dizendo-se “feliz” que Mário Soares escreve sobre a que considera ser uma “vitória impressionante” da coligação de esquerda radical Syriza nas eleições gregas. Uma vitória contra a austeridade imposta pela direita e contra a Europa da “senhora Merkel”, alega Soares, acrescentando que a chanceler “maltratou” os Estados do Sul da Europa.
“A Grécia (…) foi muito maltratada pela Alemanha da senhora Merkel, quando se atreveu a mandar na União Europeia e em primeiro lugar na Irlanda, por pouco tempo, diga-se, e finalmente na Grécia, em Portugal, em Espanha e noutros Estados do Sul. Impôs a todos a chamada austeridade, que os foi destruindo pouco a pouco”.
Na crónica habitual que escreve no Diário de Notícias, o fundador do PS diz que teve uma “grande alegria” com a vitória do “amigo” Alexis Tsipras, que, considera, “não só muda a Grécia como vai ter um grande impacto na União Europeia”. Soares chegou a estar com Tsipras num comício no Norte da campanha do Bloco de Esquerda, durante a campanha das europeias, deixando mágoa no PS então liderado por Seguro.
A mudança, para Mário Soares, já começou na quinta-feira com o anúncio da “bazuca” de Mário Draghi: A “União Europeia está a mudar” e a direita tem, consequentemente, de mudar, de forma a travar “as políticas que tem vindo a seguir e, obviamente, a austeridade, que tantos malefícios têm provocado”.
Nesse sentido, o antigo Presidente da República deixou uma mensagem de esperança: “Tenhamos, pois, como sempre disse, esperança, porque melhores tempos virão. Inevitavelmente”, acredita Soares.
Governo não deixou Isabel dos Santos ficar com a PT
Mário Soares pronunciou-se também sobre a presidência de Cavaco Silva e sobre o desempenho do Governo PSD/CDS, que, acusa, é antipatriota. A ambos, não poupou as duras críticas: o Presidente da República tem “estado paralisado e sem norte”, a “coligação não se entende” e o país “está completamente arruinado”, escreveu.
“Em três anos o atual Governo destruiu Portugal sem mostrar ter a mínima visão que seja de patriotismo. Vendou Portugal aos chineses, e agora, no caso da PT, nada fez para evitar que fosse comprada por uma empresa francesa, quando Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, portanto uma lusófona, foi impedida, sabe-se lá porquê, de comprar a PT”.
A venda da TAP é o próximo passo de um Governo que destruiu “sem hesitação, este pobre Portugal”. “Nunca houve um governo no passado, mesmo na ditadura, que tivesse procedido assim”.